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Expectativa e medo: músicos avaliam retorno de shows em bares do DF

Decreto permite realização de apresentações ao vivo no DF, mas retorno ainda divide opiniões e causa insegurança

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Artistas do DF
1 de 1 Artistas do DF - Foto: Reprodução

Após mais de seis meses em silêncio, bares e restaurantes do Distrito Federal tiveram seu primeiro fim de semana com shows ao vivo. Um decreto publicado na semana passada no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) autoriza o retorno das apresentações musicais nesses estabelecimentos, desde que observados os protocolos sanitários vigentes. A norma ainda não vale para pubs e casas de shows.

A retomada ocorre em um momento em que a capital ultrapassa 3 mil mortes por Covid-19, segundo balanço da Secretaria de Saúde. Ao todo, mais de 180 mil pessoas já foram infectadas no DF desde o início da pandemia.

Mesmo sendo uma demanda do setor artístico, que se mobilizou por meio de atos, associações e sindicatos, a autorização do governo tem dividido opiniões.

Enquanto parte dos músicos e empresários está otimista, muitos seguem apreensivos sobre o retorno. Ainda assim, o debate tem um ponto de vista unânime: o de que a classe artística, uma das mais atingidas pela crise, não tem opção para garantir o sustento de suas famílias senão retornar aos palcos.

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A dupla Caio e Henrique também está ansiosa para retornar a agenda de apresentações
Alessandra costuma se apresentar em espaços que ainda não foram autorizados a realizar eventos, como o Feitiço Mineiro e o Clube do Choro. Ela chama a atenção para a situação do mercado dos músicos após a pandemia. "Se já era ruim, a tendência é piorar agora"
Carol Nogueira está apreensiva, mas quer retornar às rodas de samba assim que possível. Ela, inclusive, já recebeu convites
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Pietro Silva voltou a se apresentar em formato intimista na quinta-feira (17/09) no Na Venda. "Indescritível fazer isso depois de tanto tempo"

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A dupla Caio e Henrique também está ansiosa para retornar a agenda de apresentações

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Alessandra costuma se apresentar em espaços que ainda não foram autorizados a realizar eventos, como o Feitiço Mineiro e o Clube do Choro. Ela chama a atenção para a situação do mercado dos músicos após a pandemia. "Se já era ruim, a tendência é piorar agora"

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Carol Nogueira está apreensiva, mas quer retornar às rodas de samba assim que possível. Ela, inclusive, já recebeu convites

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Expectativa Vs. Realidade

O bar Na Venda, localizado na 411 Sul, abriu sua programação de shows na quinta-feira (17/9), mas as mesas, já em número reduzido, não foram totalmente ocupadas. Apesar do período de baixa, Gustavo Gazeta, dono do estabelecimento, comemora a liberação.

“Um dos nossos objetivos é voltar a movimentar a cena musical e ajudar os artistas que, assim como nós, empresários, estão passando por sérias dificuldades. Ontem, em termos financeiros, não obtivemos melhorias na arrecadação, mas pelo menos o profissional da música saiu com seu cachê garantido”, afirma.

De fato, a renda dos shows estava fazendo falta para a família de Pietro Silva, músico escalado para a primeira apresentação do bar. “A questão financeira estava pesada. Mas, além dessa questão, é muito bom poder voltar a ter esse contato com o público, é indescritível viver isso depois de tanto tempo”, destaca o cantor.

Como o decreto suprimiu pubs e casas de show, o UK Music Hall reabriu na sexta-feira (18/9) no formato gastrobar. O local estava fechado desde 11 de março, quando eventos para mais de 100 pessoas foram suspensos.

“A gente ainda não sabe quando a versão pub, com as pessoas em pé, curtindo os shows, buscando a bebida no bar, vai ser possível novamente. Então colocamos mesas, respeitando o distanciamento, e os clientes serão atendidos pelos garçons”, explica Karina Fuão, uma das sócias. “É difícil dizer o que a gente espera. São mais de 180 dias com a casa fechada. Só reabrindo pra gente ter uma ideia”, emenda.

Otimismo

Os sertanejos Caio e Henrique também estão ansiosos para seguir com agenda de apresentações. Vivendo da música desde 2018, quando fizeram o primeiro show no Bar Lendários, os dois viram o orçamento minguar durante a pandemia e tiveram de encontrar outras fontes de renda. “Eu voltei a advogar e até abri um escritório com um colega de profissão. O Caio conseguiu um emprego na oficina mecânica de um amigo. Foi isso que nos socorreu diante da pandemia”, conta Altair Henrique.

Na avaliação do músico, as atividades culturais têm um papel importante no atual contexto. “Tanto pela questão profissional de músicos e artistas quanto pela questão social e de bem-estar. Precisamos nos distrair, conversar, beber, dançar”, opina.

“Pra quem vive de música, não é opção”

Embora não se sinta segura para voltar a cantar em bares e restaurantes da cidade, a cantora e compositora brasiliense Alessandra Terribili acredita que “essa não é uma opção para quem vive da música”. “Tudo foi meio precipitado e desordenado nessa reabertura. É nítido que os interesses do mercado falaram mais alto que a necessidade de garantir a saúde da população”, avalia.

“Não configura uma escolha para nós. Estamos sem trabalho e sem apoio nenhum dos governos há seis meses. Vendemos nossos instrumentos e equipamentos para pagar contas, tentamos nos apresentar em espetáculos virtuais, dar aulas de forma remota. Mesmo para quem conseguiu fazer essas coisas, a renda caiu substancialmente”, completa a artista.

Ela chama a atenção para outro aspecto. Com muitas casas fechadas definitivamente por causa da crise provocada pela pandemia, parte significativa dos artistas continuará sem ter onde se apresentar.

“O mercado já era bem ruim, e a tendência é piorar. Os cachês eram defasados, os mesmos valores há 15 anos. Tínhamos que lutar para ter espaço para expor nosso trabalho, já que uma Lei do Silêncio higienista e antiquada fechou centenas de postos de trabalho nos últimos anos. Agora, essa realidade ficou ainda mais complicada”, ressalta Alessandra.

A opinião é compartilhada por Carol Nogueira, sambista brasiliense. Apesar da saudade do público e dos colegas de profissão, ela também está receosa sobre o momento da reabertura.

“Queria voltar, mas não desse jeito. Acho que cabe uma avaliação cuidadosa do músico em relação a cada convite. Se realmente for necessário sair para trabalhar para garantir o sustento da família, tudo bem. Mas se ainda der pra permanecer no isolamento… é o ideal. Precisamos continuar nos cuidando e cuidando uns dos outros”, comenta Carol.

Ela diz estar no grupo dos que não têm escolha e que só não retornou aos trabalhos porque, assim como muitas  mulheres, precisa conciliar as problemáticas da carreira com outros desafios impostos pela pandemia. “Já recebi convites para voltar a cantar em alguns restaurantes e retomar algumas ‘gigs’. Só não topei porque não tenho com quem deixar meu filho”, explica.

“Ele só fica com os avós, que fazem parte do grupo de risco. Mas as propostas que recebi com certeza fariam uma grande diferença no meu bolso no fim do mês. Quero me reorganizar com o bebê e voltar, desde que eu considere o convite seguro”, finaliza a profissional.

 

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Hj eu tô saudosa pra caramba!!🙋🏽‍♀️ #tbt #7naRoda #ViniciusdeOliveira #CarolNogueira #amizade #saudade #rodadesamba #♥

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