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Especialistas questionam devolução de obras de arte do Planalto ao Rio

Presidência afirmou que 48 obras dos palácios do Planalto e da Alvorada voltarão ao Museu de Belas Artes, na capital carioca

atualizado

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Giovanna Bembom/Metrópoles
Palácio Planalto
1 de 1 Palácio Planalto - Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles

A Presidência da República vai devolver ao Rio de Janeiro, ainda em dezembro, as 48 obras de arte cedidas pelo Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) em regime de comodato para ornamentar os palácios da Alvorada e do Planalto. A decisão, mediada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e pela Diretoria de Documentação Histórica (DDH), desagradou especialistas em arte da capital.

Entre as peças, estão telas de Guignard, de Portinari e de Visconti, além de mobiliários de época. Cedidas desde o período do governo de Juscelino Kubitschek, boa parte das obras ocupava espaços importantes dentro dos palácios.

Por isso, o ex-curador do Planalto Rogério Carvalho acredita que a mudança descaracteriza as instituições – que estão entre as mais importantes da cidade. “As obras fazem parte da história da capital. Deslocá-las de Brasília como se fossem meros objetos emprestados é desconhecer a importância que a arte tem para a cidade”, explica.

Palácio do Planalto/Reprodução
A tela “Trecho do Jardim Botânico do Rio de Janeiro”, de Guignard, ornava a sala de espera do Palácio do Planalto

 

A opinião de Rogério é compartilhada por Maria Elisa Costa, presidente da instituição Lúcio Costa, urbanista que desenhou a capital. Em sua página oficial no Facebook, ela faz um apelo para que as peças sejam mantidas nos palácios de Brasília e diz que, “com o tempo, essas obras passaram a pertencer a Brasília”.

Dever cumprido
De acordo com Mônica Xexéo, diretora do MNBA, as obras de arte já cumpriram sua missão na cidade e devem voltar ao espaço de origem. “Além de comporem o acervo do Belas Artes, essas peças também passarão a integrar exposições temporárias em museus nacionais”, afirma a diretora.

As obras emprestadas aos prédios da Presidência começaram a ser catalogadas em 1991 e tiveram o contrato de comodato renovado até 2016. No entanto, o acordo entre as duas instituições não foi renovado, em decisão conjunta do Planalto e do MNBA.

Segundo o Planalto, a devolução atende à necessidade de renovação. “Também temos a intenção de redecorar os palácios com obras do próprio acervo presidencial e outras que ainda se encontram sob regime de comodato”, explica Antonio Lessa, diretor do Departamento de Documentação Histórica da Presidência da República.

Visitação
Há uma divergência sobre o acesso ao público geral. Tanto a Presidência quanto o MNBA dizem que boa parte das peças estava fora do olhar dos visitantes, porém o próprio relatório de transferência do acervo desmente a afirmação.

Divulgação
O quadro “Mulheres fazendo pote”, de Djanira da Motta, ficava no Salão Nobre do Palácio da Alvorada

 

Na lista, que detalha cada uma das peças, é possível verificar que mais da metade das obras se encontram no mezanino do Palácio do Planalto e no Salão Nobre do Palácio da Alvorada – ambientes que fazem parte do circuito de visitação aberto a turistas da capital.

Além disso, algumas das peças que de fato estão em áreas reservadas compunham cenários de relevância para a história do país. É o caso das quatro cadeiras de jacarandá feitas no século 18 localizadas no quarto do presidente, no Palácio da Alvorada. “Restarão apenas móveis que imitam estilos do passado, sem qualquer valor histórico ou artístico”, opina Rogério.

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