Espaço Cultural Renato Russo é reaberto com cortejo, arte e protestos
Evento contou com a presença de representantes da classe artística da capital federal
atualizado
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O Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul) foi reaberto, neste sábado (30/6), após cinco anos de portas fechadas. Artistas e personalidades da capital federal prestigiaram a reinauguração, entre eles o diretor teatral Hugo Rodas, o cineasta Vladimir Carvalho e a atriz e diretora de teatro Maíra Oliveira – filha do palhaço Ary Pára-Raios.
O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) e o secretário de Cultura do DF, Guilherme Reis, fizeram a entrega oficial do cine teatro, da sala multiuso e do teatro galpão, além de duas galerias, saguão e mezanino.“Era uma tristeza ver esse espaço histórico da cidade fechado, mas agora estou muito feliz. Tenho certeza que, daqui para frente, ele continuará inspirando muitos artistas e jovens”, ressaltou dona Carmem Manfredini, mãe de Renato Russo.
De acordo com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), os trabalhos custaram R$ 6,2 milhões – os recursos são do Banco do Brasil. Ainda será finalizada a parte administrativa: a promessa é de que ela seja entregue com a biblioteca e a gibiteca do espaço, mas ainda não há data para a inauguração dessas áreas.
Fechado desde dezembro de 2013, quando foi interditado pelo Corpo de Bombeiros e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), o local passou por reformas estruturais e restauração dos ambientes internos, adequação de acessibilidade, instalação de elevador e novos equipamentos de som, projeção e iluminação, bem como por revisão hidráulica e elétrica.
Celebração
A celebração da volta do equipamento público para as mãos da comunidade foi movimentada. A partir das 14h, foram realizadas diversas atividades na parte externa do espaço, com apresentação de DJ e onde havia food trucks. Grafiteiros coloriram a fachada do prédio.
Já na parte interna, houve o lançamento da terceira edição da exposição Ondeandaonda, com quadros, instalações e esculturas de artistas locais, cedidas por 19 galerias da cidade. Um cortejo, intervenções circenses e apresentação musical da cantora Ellen Oléria e de convidados também marcaram o dia.
No domingo (1º/7), está prevista a projeção do filme Rock Brasília, a partir das 16h, seguida de debate com o diretor Vladimir Carvalho.
Protestos
Nem o ato simbólico de cortar uma fita com as cores do movimento LGBT, poupou a gestão de Rodrigo Rollemberg de protestos durante a reinauguração do espaço. Enquanto o secretário de Cultura Guilherme Reis discursava, um grupo de jovens transgênero começou a gritar “transfóbico” e atirou agulhas em direção ao palco onde estava o socialista.
Em determinado momento, seguranças tentaram retirar os manifestantes do local. Com o clima tenso e os jovens acusando o GDF de censura, Reis interveio e pediu que as deixassem participar do evento.
Esse é um governo preconceituoso, transfóbico, que exclui artistas trans do diálogo. Estamos aqui, mas rodeados de seguranças. Abrir o Renato Russo no fim do mandato, em pleno ano eleitoral, depois de tanto roubo, é só uma maneira de passar mel na boca do povo. O nosso protesto-performance é contra tudo isso
Zhura, artista trans que participou do protesto
Em entrevista ao Metrópoles, o secretário Guilherme Reis afirmou que as acusações foram motivadas por intenções políticas. “É absolutamente injusto. A Secretaria de Cultura, em janeiro de 2015, reconheceu o nome social [das pessoas trans]. O governo tem apoiado tudo que consegue por meio da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC). Não só apoiando, mas criando projetos e políticas públicas para todas as minorias. Foi um grito político, ingênuo. É uma pena”, concluiu Reis.