Brasília fracassa quando o assunto é bibliotecas públicas
O DF possui apenas 0,93 biblioteca para cada 100 mil habitantes, o que a coloca a unidade da Federação entre as piores do país
atualizado
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Não existe uma forma mais sutil de dizer: Brasília é um fracasso no que diz respeito às bibliotecas públicas. Apesar de ser uma das cidades brasileiras com maior arrecadação, a capital está entre as que menos oferecem espaços do tipo no país. Para piorar, os locais em funcionamento são alvos constantes de críticas por parte de usuários e especialistas.
O Metrópoles realizou uma pesquisa baseada nos dados de 2015 (os mais recentes) fornecidos pelo Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP) para compreender a posição da capital em relação ao resto do país. O resultado é desanimador.
O Distrito Federal ocupa o posto de terceira unidade federativa com menos bibliotecas públicas. São 28 espaços cadastrados no sistema. Há quem diga que a comparação não é valida, pois as estados brasileiros são geograficamente maiores que o DF. Porém, os dados mostram que a posição brasiliense em relação ao resto do país piora quando se leva em consideração a população local.
Brasília ocupa a segunda colocação em quantidade de bibliotecas per capita, com cerca de um espaço do tipo para cada 100 mil habitantes. A média nacional é de um para cada 33 mil. Comparado às capitais europeias, o fosso se alarga ainda mais: por lá, há uma biblioteca a cada 5 mil habitantes.
Além disso, das 28 bibliotecas locais cadastradas pelo SNBP, ao menos sete não estão funcionando atualmente. A Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles (BDB), fechada desde maio de 2014, tornou-se um dos principais símbolos do descaso com os espaços culturais da cidade. A BDB está prevista para ser reaberta em outubro deste ano.
Para Emir Suaiden, bibliotecário e professor de Ciências da Informação na Universidade de Brasília (UnB), falta interesse do poder público no tema. “A visão dos governantes locais sobre as bibliotecas é de uma pobreza imensa”, afirma. O descaso afeta, inclusive, o funcionamento das poucas bibliotecas abertas.
Há uma visão generalizada de que esses espaços servem apenas como depósitos de livros, quando, na verdade, funcionam para formar um público leitor
Emir Suaiden, bibliotecário e professor de Ciências da Informação na UnB
Reportagem do Metrópoles mostrou que as bibliotecas brasilienses funcionam na base da “boa vontade”, e que a gestão compartilhada dos espaços entre o Ministério da Cultura, a Secretaria de Cultura do DF e administrações regionais cria barreiras burocráticas à necessária recuperação.
Confira mapa com a bibliotecas públicas do DF (em vermelho, estão as que se encontram fechadas):