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Boi de Seu Teodoro celebra 60 anos de resistência cultural no DF

Patrimônio Imaterial do Distrito Federal, o Boi de Seu Teodoro foi criado em 1963 e é símbolo da cultura popular nordestina na capital

atualizado

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Boi de Seu Teodoro
1 de 1 Boi de Seu Teodoro - Foto: Reprodução

Em 1961, o maranhense Teodoro Freire e a piauiense Maria Sena desembarcaram em Brasília com o Bumba-Meu-Boi de Zabumba para comemorar o 1º aniversário da capital. Dois anos depois,  o casal criou o Centro de Tradições Populares de Sobradinho e o Boi de Seu Teodoro. Era o início de uma das mais expressivas histórias de resistência da cultura popular na capital, que celebra 60 anos neste sábado (25/3).

Após a morte de Seu Teodoro, em 2012, tanto o Centro de Tradições quanto o grupo passaram a ser conduzidos pela mestra Maria Sena e seus filhos, Guará Freire, Tamá Freire e a Comunidade do Boi. “Para a gente é uma felicidade muito grande  ter esse boi aqui vivo por seis décadas na capital federal”, comemora Guará Freire, barizado com nome alusivo à praia de pescadores na Ilha de São Luís do Maranhão.

As comemorações do sexagenário começaram ainda em janeiro, com a inauguração do Museu do Boi de Seu Teodoro, no Centro de Tradições Populares. A iniciativa é uma parceria da família com Instituto cultural Rosa dos Ventos e reúne figuras do boi, tanto o de sotaque de zabumba quanto o Maranhense, indumentárias usadas por seu Teodoro e pelo grupo, além de elementos usados mais recentemente pela tradição no DF.

“É um espaço para crianças, jovens, adultos e o pessoal da terceira idade. Seja para conhecer nossa história ou pra estar junto conosco, brincando”, diz Guará. “Ali a gente transfere ali pra nossa comunidade tudo aquilo que a gente vivenciou no passado”, explica Guará sobre o memorial.

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Grupo está há 60 anos na capital federal
Atualmente, Maria Sena e a família dão continuidade ao legado de Seu Teodoro
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Boi de Seu Teodoro é uma das maiores expressões de resistência da cultura popular no DF

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Grupo está há 60 anos na capital federal

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Atualmente, Maria Sena e a família dão continuidade ao legado de Seu Teodoro

Após a inauguração do memorial, a Associação da Cultura Candanga começou ações para apresentar as evoluções de música, dança e teatro do Boi em escolas publicas do DF. Essas ações continuam em março, estendem-se pelo mês de abril e culminam com festança em 23 de junho, no Centro de Tradições Populares, com forró, quadrilha, tambor de crioula e, claro, apresentação do Boi de Seu Teodoro.

A tradição também estará em duas feiras de artesanato na Torre de TV, em abril e em julho, e em apresentações de tambores em julho, no Parque Ana Lídia. Para conferir a programação, basta acompanhar a página do grupo no Instagram.

História

A primeira apresentação comandada por Teodoro Freire ocorreu na véspera do aniversário de Brasília, em 20 de abril de 1961, na Rodoviária do Plano Piloto, a convite do poeta Ferreira Gullar, então presidente da Fundação Cultural de Brasília (antiga Secec), no governo Jânio Quadros.

Gullar, também do Maranhão, trouxe o conterrâneo e seu grupo folclórico do Rio de Janeiro, onde haviam se conhecido, para participar do aniversário de Brasília. Dois anos depois, já assentado na nova capital, onde conseguira emprego, Teodoro busca a família e funda o grupo com seu nome.

Na história do Bumba Meu Boi, consolidada no Brasil em fins do século 18, o boi mais bonito de certo fazendeiro é morto pelas mãos de um escravizado negro (Pai Francisco), cuja esposa (Catirina), grávida, teve o desejo de se alimentar da língua do animal, que depois é ressuscitado e festejado.

Embora a trajetória do Boi de Seu Teodoro tenha lhe rendido o título de Patrimônio Imaterial do Distrito Federal, Guará admite que gostaria de ver as próximas gerações da família dando continuidade ao legado do pai.

“Eu sonho muito, penso muito em ter alguma pessoa da família, né? Que acompanhe, se capacite pra futuramente tomar de conta do boi. Porque hoje o boi já é patrimônio imaterial, né? Do governo do Distrito Federal. É bom. Mas é melhor ainda você ter um patrimônio cultural vivo, um patrimônio brincando, dançando, cantando. Um patrimônio  falando das suas raízes e divulgando a sua tradição”.

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