Alunos e artistas protestam contra mudança na diretoria do Dulcina
Há receio de que a advogada Vanessa Pimenta, a nova administradora, possa esvaziar o movimento cultural e facilitar a venda do prédio
atualizado
Compartilhar notícia
A troca de diretoria no Complexo Cultural Dulcina de Moraes (CCDM) não agradou a artistas, produtores culturais e alunos da instituição. Assim, o Movimento Dulcina Vive, que reúne pessoas interessadas na proteção do complexo, organizou uma manifestação para esta quarta-feira (8/2) às 12h.
Cerca de 100 pessoas participaram do ato. “A manifestação não é contra a nova administradora, mas em defesa da possibilidade de escolhermos nosso conselho curador”, explicou Jenny Choe, líder do movimento. Ao final, os organizadores da manifestação anunciaram uma marchinha carnavalesca a favor do Dulcina e deram uma volta pelo Conic com os manifestantes.
Ameaça ao Dulcina Vive
No último dia 31/1, a advogada Vanessa Daniella Pimenta Ribeiro, uma das delatoras da Operação Acrônimo, da Polícia Federal, foi nomeada administradora da Fundação Brasileira de Teatro (FBT), responsável pela CCDM. O nome dela foi indicado pelo Ministério Público do DF (MPDFT)
Para os integrantes do Movimento Dulcina Vive, a advogada não tem ligação com a comunidade local e nunca participou de qualquer atividade na instituição. Por isso, há um receio generalizado de que, durante sua gestão, ela possa esvaziar o movimento cultural e facilitar a venda do prédio.
Conselho de curadores
Entre as regras que o Movimento quer estipular para a escolha de membros do conselho estão a comprovação de 10 anos de experiência nas áreas de arte, ter algum envolvimento com o Dulcina e não ter mandatos judiciais na Justiça contra eles.
Os manifestantes exigem, ainda, que os nomes escolhidos pelo conselho de curadores sejam votados pela comunidade local. O objetivo do ato também é expor os principais problemas do CCDM e exigir uma explicação acerca das decisões do MPDFT.
“Além dos números”
Vanessa foi indicada pelo MPDFT para substituir os administradores provisórios Marco Antônio Schmitt Hannes e Luiz Francisco de Sousa. Eles foram afastados pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) por não entregarem os relatórios de gestão nem o plano prévio de administração do espaço.
O ex-administrador Marco Antônio Schmidt Hannes marcou presença no ato e foi aplaudido pelos participantes. “Precisamos resolver os assuntos olhando além dos números. A história do Dulcina é mais do que isso. Precisamos de mais compreensão, compaixão e tempo”, disse.
Direito de explicação
Schmidt afirmou que não teve a oportunidade de se defender e que o TJDFT não olhou para a comunidade local. “Quero a chance de me explicar. É parte do meu direito”. Marco Antônio afirmou que a defesa está pronta e que está aguardando o tribunal permitir a entrega do documento.
Apesar da polêmica, a advogada afirmou que assumirá o cargo até a realização do chamamento público dos interessados em assumir a direção do espaço. “Ficarei, no máximo, 60 dias”, afirma.