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O que diz a Liesa sobre a ausência de jurados negros no Carnaval do RJ

Vitória da Viradouro no Carnaval 2024 e a ausência de jurados negros na bancada da Liesa gerou debates nas redes sociais

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1 de 1 Imagem colorida do desfila da Unidos da Viradouro no Carnaval do Rio de Janeiro - Metrópoles - Foto: Marco Terranova | Riotur

A vitória da Unidos de Viradouro no Carnaval carioca deste ano vem causando revolta nos internautas. Além do recurso de outras agremiações pedindo uma punição para a escola de samba por irregularidades no desfile, internautas apontaram a falta de jurados negros na avaliação das escolas do Grupo Especial.

Ao todo, 36 jurados votaram nos quesitos alegorias e adereços; bateria; evolução; mestre-sala e porta-bandeira; comissão de frente; enredo; harmonia; samba-enredo; e fantasias. Apenas dois deles eram negros: Júlia Félix, do quesito harmonia, e Alessandro Ventura, responsável pelo samba-enredo.

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A Viradouro foi a grande campeã do Carnaval 2024

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Na web, internautas questionaram a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) sobre a ausência de representatividade nos jurados das escolas de samba cariocas, que desfilaram na Marquês de Sapucaí no domingo (11/2) e na segunda (12/2).

“Surreal que os desfiles acontecem em uma Cidade cuja população negra representa 55% da população total e não encontraram uma migalha de jurado negro”, apontou um internauta no X, antigo Twitter. “O requisito principal para ser jurado de escolas de samba é não ser negro?”, questionou outro.

“Nenhum jurado negro pra julgar uma festa que é de gente preta e feita por pretos, é um absurdo!!!”, reclamou um terceiro.

“Deem um zoom nessa foto. Um jurado negro. Dentre os não negros, quase nenhum com a vida dedicada à cultura afro-brasileira, às tradições ou às artes do nosso povo. Não é sobre o diploma que se tem, é sobre o repertório que se apresenta”, se revoltou mais um, mostrando uma foto da mesa de jurados.

O que diz a Liesa?

Em 2023, Júlio Guimarães, coordenador do corpo de júri da Liesa, hoje comandada por Jorge Perlingeiro, já havia comentado sobre as críticas do público em relação à ausência de negros na bancada de jurados. Ele, no entanto, alegou não ver o rosto dos escolhidos antes de entrevistá-los.

“Nenhum currículo vem com foto. Leio atentamente os currículos e faço entrevistas. É assim que funciona”, alegou à revista Veja.

“Tive a honra de, quando entrei na Liga, ter Joel Rufino, importante no movimento negro brasileiro. Tive o doutor Sebastião Oliveira, pesquisador e cientista da Fiocruz, grande defensor da democracia, que lutou contra o regime milital”, completou, alegando que a Liesa aceita qualquer opinião política ou orientação sexual:

“Aqui dentro tem todos os lados. Pode ser direita, esquerda, qualquer orientação sexual”.

Viradouro pode perder título?

Apesar do título definido pelos jurados, dirigentes da Grande Rio, Imperatriz Leopoldinense, Mocidade e Beija-Flor enviaram um documento de recurso à Liesa pedindo uma punição a Viradouro por conta de uma irregularidade no desfile.

Segundo os mandatários, a campeã teria ultrapassado o limite de 15 integrantes visíveis durante a apresentação da escola. O presidente da Liesa, Jorge Perlingeiro, afirmou que os recursos foram aceitos e o resultado definitivo será divulgado nesta quinta (15/2).

“Quatro agremiações ingressaram com um recurso para que houvesse punição para a Unidos da Viradouro. Todos os recursos foram aceitos e serão analisados até amanhã na sede da Liesa”, disse Perlingeiro.

Segundo o regulamento, a Unidos da Viradouro, que teve nota 10 no quesito Comissão de Frente, pode ser punida em 0,5 (meio) ponto por conta da irregularidade.

Quebra de regras

A Grande Rio citou no texto o artigo 26 do regulamento da competição, que diz que cada escola deve “desfilar com o limite mínimo de 10 (dez) e até o máximo de 15 (quinze) componentes na Comissão de Frente”.

“Conforme disposto no Livro Abre-Alas, disponível no sítio oficial da LIESA, a Comissão de Frente do G.R.E.S. Unidos do Viradouro contava com 24 componentes: 14 femininos e 10 masculinos. Embora sua totalidade está discriminada como 15 integrantes no mesmo livro, o que não se confirmou durante o desfile da agremiação”, argumentou a Grande Rio.

A punição, entretanto, não seria suficiente para tirar o título da campeã, visto que ela terminou com 270,0 pontos e 0,7 ponto a mais do que a segunda colocada, Imperatriz Leopoldinense, que teve 269,3 pontos. Sendo assim, a perda de 0,5 ponto não mudaria a classificação final.

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