Nobel de Literatura confirma força da onda coreana no Ocidente
Vitória da sul-coreana Han Kang no Nobel de Literatura reforça papel de destaque do país na cultura mundial. Em 2020, Parasita ganhou o Osca
atualizado
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Uma mulher comum, um dia, decide que não vai mais comer carne. O ato político, comportamental e, sobretudo, alimentar muda todos os aspectos da vida dessa mulher. Essa história é a trama de A Vegetariana, livro de Han Kang, que, nesta quinta-feira (10/10), ganhou o Nobel de Literatura.
Segundo a Academia Sueca, responsável pelo Nobel, a obra de Han Kang é marcada por “intensa prosa, que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”.
Mais do que uma conquista individual, o prêmio vencido pela escritora sul-coreana é a confirmação da Hallyu, ou, em português, onda coreana na cultura. Nos últimos quatro anos, premiações ocidentais têm visto filmes, músicas e artistas do país asiático faturarem troféus.
“É a consagração merecidissíma de uma autora tão singular que reinventa a forma de contar histórias a cada novo livro”, afirmou Leandro Sarmatz, editor da Todavia e responsável pela obra escritora no Brasil. A autora tem três livros publicados aqui: A Vegetariana, Atos Humanos e O Livro Branco.
Sucesso no Oscar e na TV
Em 2020, o filme Parasita, do diretor Bong Joon-ho, ganhou quatro estatuetas no Oscar, incluindo a de Melhor Filme. O longa foi o primeiro em lingua não inglesa a conquistar o prêmio.
A forte presença coreana na cultura mundial também já foi confirmada em outros prêmios, eventos e festivais mundo afora. O BTS, por exemplo, chegou a lista de indicados do Grammy por cinco vezes – embora ainda não tenha sido premiado. Também no mundo da música, a girl-band BLACKPINK! foi uma das atrações do Coachella em 2022.
A força das produções coreanas também pode ser vista na televisão. Segundo um estudo da Netflix, o consumo de doramas sextuplicou entre 2019 e 2022. Ao mesmo tempo, como mostrou matéria do Metrópoles, a audiência das telenovelas brasileiras caiu. Mania de Você, a atual aposta da Globo, teve a pior audiência de estreia da história da emissora.
“A estrutura do k-drama é muito agradável para os brasileiros porque somos ‘alfabetizados pela telenovela’. A gente chama de literacia midiática do brasileiro, que sabe ver novela, sabe o que esperar e entende como funciona o mecanismo. Tem a mocinha, o herói, o vilão e tem até o núcleo cômico da telenovela brasileira [nas produções sul-coreanas]”, avalia Ligia Prezia Lemos, pesquisadora do Grupo de Estudos Linguagens e Discursos nos Meios de Comunicação (GELiDis), da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).