Na Praia promove inclusão com curso de bartender para pessoas trans
Ideia é que os novos profissionais já comecem a atuar nesta edição do Na Praia e também no Festival Surreal, também do Grupo R2
atualizado
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Para além de movimentar a agenda cultural da cidade, o Na Praia aposta este ano em uma iniciativa para contribuir com a formação de pessoas trans em situação de vulnerabilidade: um curso de bartender, totalmente gratuito, realizado em parceria com o Senac.
A capacitação começou nessa segunda (1º/8) e se estende até outubro na Cozinha Escola iFood, do Mané Mercado. A ideia é que os novos profissionais já comecem a atuar nesta edição do Na Praia e também no Festival Surreal, que será no final de setembro.
Morador do Paranoá, Arthur Miguel, de 20 anos, já flertava com a profissão antes, mas não tinha condições de arcar com os custos da profissionalização. “É uma iniciativa grandiosa. Estou muito contente de estar fazendo parte disso e espero poder trabalhar em uma edição futura do Na Praia, para aplicar o conhecimento adquirido nessa caminhada”, conta o jovem.
Arthur ressalta que apesar da população trans enfrentar uma série de obstáculos no mercado de trabalho, iniciativas como a da R2 ainda são raras. “Foi muito bom receber todo esse acolhimento, cuidado, atenção e afeto do Senac, da R2. Não estamos acostumadas com isso, o que é muito triste, infelizmente”, pondera Arthur.
Dhankam Corça Lopes, moradora do Riacho Fundo 1, concorda com a afirmação do colega de curso. Ela ressalta que o fato do curso ser exclusivo para pessoas trans a motivou a participar. “Confesso pra você que já tentei fazer outros cursos profissionalizantes mas a discriminação de gênero é grande, o que me levava à desistência. Como o curso é voltado somente para pessoas trans, me senti mais segura e confortável para poder me concentrar no que realmente importa que é estudar e não parar o que estou fazendo pra corrigir meus pronomes ou até mesmo meu próprio nome”, afirma.
O curso é realizado de segunda a sexta, durante 50 dias, em parceria com o Senac-DF, e as vagas já estão todas preenchidas. Segundo o diretor de Sustentabilidade, Educação e Novos Negócios do Grupo R2, Francisco Nilson Moreira, elas foram oferecidas a pessoas indicadas por institutos e parceiros do Na Praia. Depois de formados, eles podem trabalhar nos eventos do grupo R2 e também serão inseridos no Banco de Oportunidades do Senac-DF.
Ele explica que os principais focos de inclusão são pessoas com deficiência, idosos e pessoas trans. “Pessoas trans trabalham com a gente há um bom tempo, há anos e o lineup também é representativo: Liniker, Gloria Groove…”, elenca.
“Eventos em geral têm uma responsabilidade sobre a audiência em que se relaciona. É um ótimo momento para deixar uma mensagem para as pessoas, e nesse caso é uma mensagem de inclusão, de redução das desigualdades, uma mensagem de que o país não precisa ser o país mais violento para as pessoas trans”, completa Francisco Nilson.