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Uso de IA na música amplia debate sobre os limites da tecnologia

Com adaptações, a ferramenta é capaz de criar composições autorais e até mesmo músicas completas. Veja como isso afeta a indústria musical

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Inteligência Artificial e Música
1 de 1 Inteligência Artificial e Música - Foto: Shuttestock

A Inteligência Artificial (IA) é uma realidade na vida dos seres humanos. Presente em várias áreas, a tecnologia também está sendo amplamente utilizada na música. Mas ao mesmo tempo em que auxilia e dinamiza as produções, a ferramenta também preocupa a indústria fonográfica.

Os rápidos avanços tecnológicos permitiram a criação de diversos aplicativos capazes de produzirem uma música completa: o processo passa por uma composição autoral, ritmos autênticos e uma canção inédita. A novidade foi assunto em um painel no Rio 2C, realizado no início do mês.

Segundo André Agra, diretor de operações da ONErpm, plataforma de distribuição digital de música e engajamento de fãs, o assunto é tratado com cautela, principalmente por conta dos direitos autorais.

“São produções criadas com referências em outras músicas, mas não dá para saber qual é a real referência. Pode ser que a IA tenha analisado todas as músicas do mundo. Estamos caminhando para ter singles criados por Inteligência Artificial no topo das paradas musicais. Assim, a tecnologia vai tomar o espaço das pessoas que criam músicas”, afirmou.

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Brasil lidera na adoção de inteligência Artificial na América Latina

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“Acredito que no futuro vai ser mais fácil descobrir quem são os humanos criando músicas do que identificar as criações de Inteligência Artificial. Mas os shows me dão uma segurança de que as coisas vão continuar como estão. As máquinas não conseguem reproduzir o sentimento dos humanos.”

André Agra

Segundo o diretor, responsável pela cocriação e implementação de ferramentas e soluções tecnológicas do site da plataforma ONErpm, como a Inteligência Artificial replica o comportamento humano, é importante discutir as bases de remuneração, focadas em possíveis referências utilizadas pela ferramenta.

“Temos que ver o que é gerado por IA e criar regras. Por enquanto, estamos distribuindo as músicas normalmente, só barramos em casos de ilegalidade, como músicas de IA usando a voz de outra pessoa. Na nossa plataforma, temos ferramentas que identificam a IA, mas ainda não são tão confiáveis. A intenção é colocar declarações de que as músicas foram criadas ou possuem elementos criados pela tecnologia”, explicou.

IA presente na indústria musical

Basta uma simples busca na internet, para encontrar várias ferramentas de criações de músicas com Inteligência Artifical. Usando os comandos corretos, é possível receber uma canção que parece ter sido feita por um humano. Mesmo que não por completo, as pessoas começam a se aproveitar da tecnologia para construir singles novos – ou memes.

Nas redes sociais, já é possível ouvir Michael Jackson cantando Evidências, Drake e The Weeknd em feats criados por usuários e até mesmo Marília Mendonça em parceria com Ana Castela.

Para Flavia Tygel, compositora e produtora musical especializada na criação de trilhas sonoras originais, a prática não pode ser abolida, mas precisa ser utilizada da melhor forma possível para não perder a característica humana.

“O desafio está aí. Precisamos transformar essa ferramenta em algo bom e produtivo. Uma nova compreensão da questão autoral na música, que venha de uma essência humana realizada de forma diferente.”

Mariana Mello,  diretora jurídica da Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus) e da Associação Brasileira dos Direitos dos Artistas Visuais (Autvis), segue a mesma linha de raciocínio e apoia o uso da tecnologia.

A especialista em direitos autorais acredita que há oportunidades para a entrada de novos agentes na produção musical e citou o ABBA Voyage, projeto que retrata o grupo com avatares virtuais que utilizam o mesmo visual que os integrantes tinham em 1979.

“Esse projeto é um exemplo claro de como a IA pode ser bem utilizada e de uma forma interessante. Não podemos ter medo da tecnologia. Temos um campo vasto para novos profissionais, como esses programadores do ABBA The Show, que no futuro vamos ter que chamar de artistas também”, disse.

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