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Streaming dá lucro? Artistas e Ecad comentam impacto do formato

O mercado digital foi o que mais cresceu na indústria musical em 2016. Bandas de Brasília falam sobre mudança de paradigma

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streaming music Man hand holding screen shot of Apple music app showing
1 de 1 streaming music Man hand holding screen shot of Apple music app showing - Foto: iStock

O ritual de quem ouve música mudou radicalmente de uns tempos para cá, mesmo se concentrarmos a conversa na era digital. No fim da década de 2000, o streaming chegou para abrandar o problema da pirataria. Mas a crise dos formatos físicos se agravou – o “retorno” do vinil é mais simbólico do que um renascimento comercial. Afinal, qual o real impacto financeiro do formato na indústria?

É enorme, sobretudo pelo que mostram dados de 2016 divulgados recentemente pela entidade Pró-Música Brasil, ex-ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos). Enquanto a venda de discos físicos despenca e o download pago também sofre queda, o streaming só cresce.

Veja dados sobre o crescimento do streaming:

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Para os artistas: lucro relativo, alcance garantido
Mesmo gestadas em gerações distintas do rock nacional, duas bandas de Brasília compartilham impressões semelhantes a respeito do streaming. Digão, líder dos Raimundos, acredita num equilíbrio entre tradição e novidade.

Para o próximo trabalho dos Raimundos, por exemplo, o músico pensa em soltar “uma música de cada vez”, de olho em playlists e no apego dos novos públicos aos singles. Mas ele defende o álbum como produto essencial. “Tem gente hoje no Brasil que não lança disco. É muito louco isso para mim”.

Apesar de forjado na era do CD, Digão não vê perda de qualidade sonora na comparação entre digital e formatos tradicionais – “tem que ser muito purista para notar essa diferença toda”. Sobre lucrar ou não com streaming, não se preocupa tanto.

“É uma época de aceitação. Eu já sentia isso lá atrás. Não via sair dinheiro daí, até fisicamente falando. Trabalhamos músicas no YouTube e outras redes sabendo que não vamos ganhar tanto. Mas a gente compensa divulgando e fazendo show”.

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Os brasilienses da Scalene ganharam o prêmio de melhor álbum de rock em 2016
Digão (segundo da esquerda para direita): "A mágoa, graças a Deus eu perdoei, mas eu não esqueci”, sobre a saída de Rodolfo
"Eu nunca vi no Raimundos uma coisa de drogas pesadas como cocaína", disse Digão
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A banda brasiliense Scalene

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Os brasilienses da Scalene ganharam o prêmio de melhor álbum de rock em 2016

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Digão (segundo da esquerda para direita): "A mágoa, graças a Deus eu perdoei, mas eu não esqueci”, sobre a saída de Rodolfo

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"Eu nunca vi no Raimundos uma coisa de drogas pesadas como cocaína", disse Digão

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Tomás Bertoni, guitarrista da Scalene, também vê o streaming como um mercado inescapável. “Não faz o menor sentido não estar disponível nas plataformas pra galera ouvir”, declara. “Ainda não rende tanta grana, mas no montante geral é relevante, mesmo que você disponibilize de graça”.

Até mesmo a dimensão do que é lucro precisa ser repensada em tempos de assinaturas gratuitas e pagas. “Os apps de música possibilitam estratégias de divulgação legais, ações interativas e modernas que fazem mais sentido no mundo que vivemos hoje. Não pode se considerar somente o retorno financeiro direto. Tem muitas ramificações a serem pensadas e fomentadas”.

O roqueiro, porém, considera a perda de qualidade sonora “um fato”. “Tem muitas variáveis envolvidas e depende de cada plataforma. CD ainda faz sentido e, na qualidade, é melhor que streaming. Vinil tem ritual envolvido, capa e encarte maiores. São diferentes formas de consumir música, cada uma com seu valor e intenção”.

A visão do Ecad
Quando a discussão chega aos direitos autorais, o Brasil avança aos poucos. Desde fevereiro, após ação ganha pelo Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) contra a Oi FM no Superior Tribunal de Justiça (STJ), há o entendimento de que os serviços digitais também entram na categoria de execução pública.

A entidade privada, no entanto, declara que o streaming representou apenas 1% do total distribuído a associações e artistas em 2016. “No que se refere aos direitos autorais de execução pública, os valores arrecadados das plataformas de streaming ainda é bem pouco expressivo”, diz o Ecad, por meio de nota.

“Foram repassados R$ 5,5 milhões para 137.461 titulares de música e associações, após a análise de quase 19 bilhões de execuções musicais deste segmento. Os valores cobrados destes usuários são baseados em receita (que são baixas) e o número de execuções é gigantesco, o que faz com que o valor pago por cada execução seja muito pequeno.”

Apple Music, Beats 1, Groove e Spotify já pagam direitos autorais “antes mesmo da decisão do STJ”, diz o Ecad. Deezer e YouTube, plataforma gratuita que exibe anúncios, ainda não pagam. “O Ecad continua em contato com diversas empresas e acredita que, em breve, haverá acordo em relação ao pagamento dos direitos autorais.”

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