Skylab critica cultura puritana e exalta funk: “Brasileiro é erótico”
Cantora e escritor critica a cultura erudita, como a arte de Caetano Veloso, que marginaliza a eroticidade por influência da igreja
atualizado
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Autor de músicas polêmicas como Dedo, Língua, C* e B*ceta e O Meu Pau tá Duro, o cantor Rogério Skylab considera que a sua maior contribuição para a cultura brasileira é destacar o erotismo brasileiro. Com mais de duas décadas de carreira, o artista aborda aspectos sociopolíticos e culturais em músicas provocativas e infames.
As letras viscerais do Skylab podem parecer chocantes e cômicas para ouvinte – apesar dele sempre abordar os temas com seriedade.
“O meu legado na cultura brasileira é sublinhar essa questão do erotismo, que foi sempre relegado a segundo plano em relação à nossa alta cultura”, pontua o artista em entrevista ao Metrópoles.
Para o cantor, o Brasil se tornou puritano por uma influeniencia da igreja católica. “A cultura brasileira é muito influenciada pela igreja. Então, a alta cultura brasileira, como João Cabral de Melo Neto, Guimarães Rosa e Caetano Veloso, acaba sendo puritana. A questão do erotismo foi meio colocada à margem de uma sociedade que naturalmente é erótica, como a questão dos corpos”, pontua.
É neste contexto que ele exalta o funk. “A importância do funk é que, naquela linguagem mais simples, trouxe elementos em relação ao erotismo que sempre foi relegado às margens pela nossa alta cultura”, explica Rogério Skylab.
O Brasil comemorou o primeiro Dia do Funk nesaa sexta-feira (12/7). Neste sábado (13/7), Rogério se apresenta em Brasília, na Infinu.
Impacto da tecnologia na música
Formado em filosofia e letras, o cantor de 67 anos continua a estudar a sociedade e a cultura, com foco especial em avanços e mudanças comportamentais e artísticas. Algumas dessas reflexões de Skylab estão registradas em livros, como em A Melodia Trágica, em que ele faz um estudo crítico da música.
Com a evolução da indústria fonográfica, integrada aos avanços tecnológicos, houve uma democratização do acesso a conteúdos, principalmente com os streamings, que fizeram com que as artes dele alcançassem mais pessoas.
Além da carreira musical, Rogério se tornou um nome popular por participações em programas de talk show, como no Programa do Jô e Jô Soares Onze e Meia, e, mais recentemente, em podcasts, como Flow e Jucelino Kubicast, que viralizou com um bate papo com Diogo Defante. E, também, ao apresentar o programa Matador de Passarinho no Canal Brasil.
Skylab revela que gosta de participar destes programas pois, assim, consegue alcançar uma audiência ampla. “O meu objetivo foi sempre um grande público. O meu papo, a minha comunicação, sempre foi com o grande público”.
Apesar de não se considerar membro da “grande mídia”, Rogério também não se vê como artista de nincho. “Eu sou contra essa ideia de ser nichado. Se uma pessoa quer tocar comigo, e ele não dominar as diferentes linguagens musicais, seja do reagge, samba ou metal, vai ter grande dificuldade de me acompanhar”, pontuou o artista.
Ele destaca que, com essa projeção e opinião, é necessário aprender a lidar com as críticas. “Se um artista não souber lidar com os haters, eu não aconselho a continuar a carreira”.
