Shows on-line fazem sucesso, mas superprodução é questionada
Os sertanejos têm esquecido algumas das regras básicas da quarentena: a não aglomeração de pessoas
atualizado
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Com festivais de música adiados e casas de show fechadas Brasil afora — devido ao coronavírus e às recomendações de isolamento sociais da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde—, artistas de diversos segmentos tiveram de voltar seus olhares para as redes sociais. Cada vez mais comentadas, as apresentações on-line têm reunido milhares de seguidores e unido ídolos e fãs num canal solidário de arrecadação de alimentos e produtos hospitalares para o apoio ao combate da Covid-19.
O primeiro a fazer um show-live foi o forrozeiro Wesley Safadão, no dia 21 de março. Com uma estrutura simples, o cantor foi assistido por mais de 2 milhões de pessoas no Instagram e chegou a contar com a participação, também virtual, de uma médica que tirou dúvidas sobre a pandemia. Desde então, as aparições digitais se tornaram uma espécie de competição entre os sertanejos, que têm abusado das superproduções nas lives e “esquecido” algumas das regras básicas da quarentena: a não aglomeração de pessoas.
O cantor Gusttavo Lima “revolucionou o jeito de fazer live”. Essa foi a afirmação é de Marília Mendonça, uma das milhares de pessoas que acompanharam, simultaneamente, o show digital realizado pelo mineiro no dia 28 de março. A própria cantora fará show no sistema no dia 8 de abril.
A transmissão chamada de Buteco em Casa durou mais de 5 horas e contou com repertório de 100 músicas, entre sucessos da carreira de Gusttavo e clássicos da música sertaneja de todos os tempos. Durante a live, o artista arrecadou mais de 20 toneladas de alimentos, milhares de máscaras e frascos de álcool em gel, e R$ 100 mil reais. O embaixador, como é chamado, já marcou outra live para o próximo dia 11 de abril.
A live Na Garagem, de Jorge & Mateus, também foi um sucesso: a apresentação reuniu 3 milhões de espectadores e movimentou a internet – a ponto do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, comentar o show. Mas enquanto muitos curtiam o repertório de hits, outros tantos criticaram os bastidores da live da dupla. Apesar de as pessoas estarem usando máscaras, foi possível ver muitos profissionais no backstage: até mesmo um garçom, que servia as bebidas.
“Vamos fazer uma live para evitar aglomeração, fazendo aglomeração”, disse um dos internautas. Algumas pessoas compararam o show dos goianos pelo feito por Valesca Popozuda, que estava on-line no mesmo horário. “Tudo que a gente precisava nesse sábado era ouvir um proibidão, uma live raiz que respeita a quarentena”, alfinetou outro no Twitter.
O caso de Gusttavo Lima também gerou polêmica: afinal, para montar a estrutura da live foi necessário uma equipe grande, novamente, contrariando as medidas de isolamento preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
E quem disse que não se pode chorar com funk??? Valesca popozuda quebrando corações nessa live, relembrando do rei do funk MC CATRA ?? pic.twitter.com/7Xlks4zesI
— . (@iambebetta) April 5, 2020
Até o próximo domingo (12/04), muitos outros vão animar o isolamento dos brasileiros, entre eles Zé Neto e Cristiano, Saia Rodada, Marcos e Belutti e até os irmãos, sucesso na década de 1990, KLB.