Sambista Beth Carvalho morre aos 72 anos
A cantora estava internada no Rio de Janeiro desde o dia 8 de janeiro
atualizado
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A cantora Beth Carvalho morreu, nesta terça-feira (30/04/2019), aos 72 anos no Rio de Janeiro. A causa da morte foi infecção generalizada. A sambista estava internada no Hospital Pró-Cardíaco, no bairro de Botafogo, Zona Sul da capital carioca.
Na unidade de saúde desde o dia 8 de janeiro, Beth Carvalho foi hospitalizada, inicialmente, por conta de uma infecção. À época, o empresário da cantora afirmou que ela enfrentava problemas. “Beth é uma artista com a saúde fragilizada. Volta e meia, ela passa por tratamentos e, ocasionalmente, faz idas ao hospital para exames. Há quatro meses, ela fez o mesmo acompanhamento”, disse.
A saúde de Beth Carvalho já apresentava fragilidades há alguns anos. Em agosto de 2012, a sambista se submeteu a uma cirurgia, na qual colocou 10 pinos na coluna. O procedimento foi bem-sucedido e deu firmeza à artista, que sofria de problema no sacro, na base da região lombar.
Já em 2018, a sambista fez shows deitada em uma cama, comemorando os 40 anos do álbum De Pé no Chão. Na época, ela se queixava de fortes dores por conta de uma fissura na base da coluna vertebral.
Nas redes sociais da cantora, foi postada uma mensagem. “Nossa querida Beth Carvalho partiu hoje as 17:33, cercada do amor de seus familiares e amigos. Agradecemos todas as manifestações de carinho e solidariedade nesse momento. Beth deixa um legado inestimável para a música popular brasileira e sempre será lembrada por sua luta pela cultura e pelo povo brasileiro. Seu talento nos presenteou com a revelação de inúmeros compositores e artistas que estão aí na estrada do sucesso”.
Botafoguense de carteirinha, Beth Carvalho foi homenageada pelo time da estrela solitária.
Ao Metrópoles, o sambista Diogo Nogueira reforçou a relevância de Beth Carvalho. “É muito triste perder uma pessoa tão importante pros jovens e várias gerações, para os compositores e artistas, do samba principalmente. Agora é orar pra ela ter luz. Infelizmente perdemos uma guerreira da música popular brasileira, uma guerreira do samba, uma defensora da arte, uma defensora deste país, uma pessoa incrível, de um caráter exemplar”, falou.
Carreira
Elizabeth Santos Leal de Carvalho nasceu no Rio de Janeiro, em 5 de maio de 1946. Ainda pequena, começou a se envolver com música, até se tornar professora do tema, em 1964 – mesmo ano em que seu pai foi preso pela ditadura militar.
Em 1969, a cantora gravou Andança – um de seus maiores sucessos –, que estava em seu primeiro LP. A partir de 1973, a cantora passou a emplacar diversos sucessos, como Saco de Feijão, Olho por Olho, Coisinha do Pai e Vou Festejas. Nessa época, também gravou clássicos de Cartola e Nelson Cavaquinho, As Rosas Não Falam e Folhas Secas, respectivamente.
Torcedora da Mangueira e uma das fundadoras do bloco Cacique de Ramos, Beth Carvalho, ao longo de seus 50 anos de carreira, ficou conhecida como a Madrinha do Samba. Ela apadrinhou nomes como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Jorge Aragão.
Em 2009, no Grammy Latino, ganhou o prêmio Lifetime Achievement Awards, em celebração à sua carreira. No mesmo ano, precisou fazer uma pausa por causa de uma fissura na região sacra, que a obrigou a ficar em repouso total. Voltou aos palcos no dia 19 de fevereiro de 2011, no show de encerramento do evento Sesc Rio Noites Cariocas. Poucos meses depois, em abril, a cantora se apresentou em São Paulo e, na ocasião, disse ao Estado que havia se surpreendido consigo mesma após passar 1 ano e meio convalescendo em cima de uma cama. “Tive paciência de Jó. Contei com o apoio dos amigos e da família. Toda hora tinha pagode em casa”, contou ela, à época.