Roque Ferreira é primeira atração do projeto Samba de Bamba, na Caixa
Depois do show em Brasília, o compositor e pesquisador lança “Mouros: Das Origens à Presença na Espanha e no Brasil Colonial” e um livro sobre o candomblé em Cachoeira, reduto do samba de roda
atualizado
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Depois de quatro anos sem fazer show em Brasília, o cantor e compositor baiano Roque Ferreira, 69 anos, volta à cidade para única apresentação nesta quarta (13/4), no Teatro da Caixa Cultural, abrindo a temporada 2016 do projeto Samba de Bamba. No set list, “Oxóssi”, sucesso na voz de Toninho Geraes; “Água da Minha Sede”, feita em parceria com Dudu Nobre; e “Samba pras Moças”, conhecida pela interpretação de Zeca Pagodinho.
“Apenas essas três são conhecidas pelo público. Noventa por cento do repertório é inédito. Durante dois meses, compus essas músicas especialmente para os shows do projeto. Cada composição é uma história. Dessa maneira, o público também terá a chance de aprender um pouco mais sobre o candomblé, que chegou ao Brasil em 1830”, avisa Roque, que deve incluir no repertório “Nascente”, música escrita em homenagem a Maria Bethânia.
É uma apresentação bem didática. Por natureza, sou um pesquisador que compõe. Tenho um compromisso com a cultura. Não dá para só falar de amor.
Roque Ferreira, cantor e compositor
Roque, o pesquisador
Nascido em Nazaré das Farinhas, na histórica região do Recôncavo Baiano, Roque é um dos principais pesquisadores da cultura afro-brasileira. No ano passado, ele lançou o livro “Terreiros de Samba Chula”. Agora, prepara-se para a divulgação de outras duas obras: “Mouros: Das Origens à Presença na Espanha e no Brasil Colonial” e um livro sobre o candomblé em Cachoeira, cidade a 133km de Salvador (BA).
“Faltam poucas entrevistas para concluir essa obra, que terá um disco encartado. No álbum, 10 mães de santo cantam músicas de orixás. Os principais representantes do samba de roda estão em Cachoeira”, explica o dono de um acervo com mais de mil volumes.
Carreira
Compositor desde os 16 anos – curiosamente, a primeira música do baiano foi um fado, não um samba –, Roque teve a primeira música gravada em 1979, por Clara Nunes. “Ela gravou ‘Apenas um Adeus’, parceira minha com Edil Pacheco e Paulinho Diniz, no LP ‘Esperança’. Comecei com o pé direito”, constata.
Em quase quatro décadas, ele fez músicas com Martinho da Vila, Toninho Geraes, Paulo César Pinheiro e Zé Paulo Becker, entre outros, e também passou a cantar, sem jamais deixar as composições e pesquisas de lado.
“Certa vez, em uma entrevista, uma repórter me perguntou se o samba tinha nascido na Bahia. Respondi: se a Bahia é mãe do samba, é uma péssima mãe. Hoje, você só encontra samba em alguns lugares do recôncavo baiano. Enquanto, só na Lapa carioca, há mais de 10 casas de samba”, desabafa.
Dia 13/4, às 20h, no Teatro da Caixa Cultural (Setor Bancário Sul, Quadra 4, Lotes 3/4; 3206-9448). Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 12 anos.