Rita Lee foi presa na ditadura quando estava grávida do primeiro filho
A cantora Rita Lee foi presa pela ditadura em 1976 quando esperava seu primeiro filho, Beto Lee, por suposto porte de drogas
atualizado
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Um dos ícones da música brasileira, Rita Lee foi também uma das pessoas que sofreu com a ditadura militar, que assolou o Brasil de abril de 1964 a março de 1985. A cantora morreu nessa segunda-feira (7/5), aos 75 anos, quase 50 anos depois de ter sido presa pelos militares por um suposto porte de drogas.
Aos 28 anos, Rita já era um dos nomes dos nomes do rock nacional quando foi acusada de usar drogas durante uma temporada de shows com a banda Tutti-Frutti em São Paulo. Ela foi sentenciada em 2 de setembro de 1976, pelo juiz Antonio Aurélio Maciel. Na época, estava grávida de três meses de seu primeiro filho, Beto Lee.
A cantora teve a casa revistada por policiais uma semana antes da condenação. Eles alegaram ter encontrado 300 gramas de maconha, restos de cigarros e um narguilê, de acordo com informações divulgada pelo Globo. Em 2010, ela garantiu à Quem que tudo tinha sido armação da polícia e não fumava na época por conta da gravidez.
Após ficar presa por cerca de 10 dias, ela voltou a se apresentar para a 20ª Vara Criminal para o julgamento. A cantora foi condenada a um ano de prisão domiciliar e pagamento de multa equivalente a 50 salários mínimos. Mesmo com as dificuldades, só podendo sair a noite para fazer shows e tendo que fazer frequentes exames toxicológicos, Rita seguiu a carreira de roqueira e a gravidez: Beto nasceu em 1977, quando ela ainda estava presa em casa.
A visita de Elis Regina a Rita Lee
Dois dias após ser presa com as empresárias e outras oito pessoas do grupo Tutti-Frutti, a cantora recebeu uma visita inesperada: Elis Regina. “A última pessoa que eu esperava que fosse me visitar na cadeia era a Elis”, contou em uma live com Ronnie Von em 2020.
“Quando o carcereiro falou: ‘Ô, Ovelha Negra, tem uma cantora famosa rodando a baiana, dizendo que vai chamar a imprensa. Ela quer te ver’, fiquei esperando, não sei, uma Nossa Senhora do Rock, e, de repente, vejo a Elis com o João Marcelo. Ela soltou a mão do filho e me deu um abraço. Perguntou como eu estava, disse que eu estava muito magra. Aí começou a falar duro com os policiais”, relembrou a cantora na época.
Na conversa, Rita lembrou que Elis era respeitada pelos policiais. Ela relatou que a cantora cobrou atendimento médico e mandou comprarem comida para a roqueira. “Me ajudou como se fosse uma amiga de infância.”