Retrospectiva 2016: os 10 melhores discos internacionais
De Beyoncé a Radiohead, o Metrópoles lista os 10 melhores álbuns gringos produzidos neste ano
atualizado
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Em 2016, a música internacional viveu uma temporada de emoções ambíguas. Praticamente todos os grandes artistas pop lançaram novos discos, sendo que vários deles despontam entre os melhores do ano. Feminismo, igualdade (ou a falta dela) entre gêneros e questões raciais permearam os trabalhos mais potentes.
Mas também sofremos perdas enormes: David Bowie, Prince, George Michael, Leonard Cohen, Sharon Jones, Phife Dawg. Alguns nos deixaram com bonitos álbuns de despedida. Por isso, enumerar os melhores discos internacionais do ano pode representar uma missão dramática. Corre-se o risco de esquecer esse ou aquele. O Metrópoles aponta seus favoritos.Veja o top 10 de melhores discos internacionais de 2016:
10 – “Day Breaks”, de Norah Jones
Tratado como um disco de retorno às origens jazzísticas de “Come Away with Me” (2002). É e não é. Norah transita entre as frestas de estilos que já vinha explorando – country, rock, blues, pop – para rearranjá-los a bordo do piano. Um disco de jazz sobre amadurecer e sofrer no mundo contemporâneo. Com direito a covers de Horace Silver, Duke Ellington e Neil Young.
9 – “You Want it Darker”, de Leonard Cohen
“Estou pronto, meu Senhor”, diz Cohen em “You Want it Darker”. O canadense gravou grandes discos até falecer. No último deles, o tom de despedida pareceu ainda mais cristalino. Com uma poesia de imagens precisas e apreço pela espiritualidade, ele saiu de cena dançando valsa (“Leaving the Table”) e cantando lindas músicas sobre amor (“If I Didn’t Love” e “Treaty”).
8 – “Blackstar”, de David Bowie
David Bowie preparou sua partida em segredo. Chamou artistas de jazz e o produtor Tony Visconti para gravar “Blackstar”, seu 25º e último disco de estúdio. Também escondeu de todos o câncer no fígado. Morreu dois dias após o lançamento. Poderia ser apenas mais uma performance do Lázaro do pop, o homem que renascia a cada álbum. Foi o adeus.
Leia crônica sobre David Bowie
7 – “We Got it From Here… Thank You 4 Your Service”, de A Tribe Called Quest
O mais cerebral grupo de rap resolveu parar após a morte do integrante Phife Dawg, em março. Primeiro disco num espaço de 18 anos, “We Got it From Here” retrabalha o espírito contestador e vanguardista da banda para novos tempos. De uma maneira singela, mas bonita, o bastão ainda é entregue a rappers da nova geração, como Kendrick Lamar.
6 – “Blonde”, de Frank Ocean
Nome mais inventivo do R&B atual, Ocean cria uma nova coletânea de confissões, ruminações pessoais e timbres que beiram o inclassificável em termos de gênero musical. Quatro anos após o belíssimo “Channel Orange”, o cantor embala sua crônica em texturas imprevisíveis, complexas e de livre trânsito entre influências diversas, como Beatles, Big Star, Elliott Smith e Radiohead.
5 – “A Moon Shaped Pool”, de Radiohead
Um disco tenso sobre e para tempos inquietantes. O Radiohead abre o CD com duas inéditas (“Burn the Witch” e “Daydreaming”) para depois reler uma série de canções (mais ou menos) obscuras nunca antes registradas em trabalhos de estúdio, como “True Love Waits”. Uma coleção de composições sobre separações, perdas, medos e dúvidas.
4 – “A Seat at the Table”, de Solange
Irmã mais nova de Beyoncé, Solange Knowles gravou um poderoso disco pop sobre ser uma mulher negra na atualidade. Com timbres que vão da soul music ao eletrônico, “A Seat at the Table” explora temáticas pessoais e raciais de uma maneira franca e decidida. Um álbum longo, com 21 canções. Mas sobram exemplares potentes, como “Mad” e “Don’t Touch My Hair”.
3 – “The Life of Pablo”, de Kanye West
Meses antes de sofrer uma crise paranoica e ficar internado, Kanye soltou um disco que parece equilibrar bem as duas personas do rapper: o homem melancólico, confuso e o sujeito extravagante casado com Kim Kardashian. “Life of Pablo” é tanto um disco gospel – quase um Evangelho segundo Kanye – quanto um camaleônico e inquietante CD de hip-hop.
2 – “Lemonade”, de Beyoncé
Que Beyoncé é a maior artista pop dos últimos três anos, ninguém tem dúvida. Mas até outro dia era arriscado pensar que seu trabalho seguinte pudesse superar “Beyoncé” (2013). Pois ela volta ao conceito de “álbum visual” preparada para falar sobre tudo (casamento, crise conjugal, racismo, violência, feminismo) e com um entusiasmo capaz de engolir todos os estilos possíveis (do country ao trap).
1 – “Hopelessness”, de Anohni
A transgênero Anohni (antes Antony Hegarty) realiza o que parece improvável: une harmoniosamente discurso e sonoridade já em seu primeiro trabalho solo. Em uma jornada de corpo e alma, ela comenta sua decepção com Obama (“Obama”), critica a falta de privacidade (“I Don’t Love You Anymore”) e cria texturas tão delicadas quanto densas para falar sobre intolerância.