Relembre a trajetória de Elza Soares, uma das maiores vozes do Brasil
Cantora morreu de causas naturais, aos 91 anos. Informação foi confirmada pela assessoria
atualizado
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O Brasil perdeu nesta quinta-feira (20/1) um dos maiores nomes da música popular brasileira: a cantora Elza Soares. Ela morreu, nesta quinta-feira (20/1), aos 91 anos de idade, de causas naturais em sua casa. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da cantora.
Nascida no subúrbio do Rio de Janeiro, em uma favela onde hoje está situada Vila Vintém, Elza da Conceição Soares é filha de um operário com uma lavadeira. Ela começou a cantar com o pai, que gostava de tocar violão nas horas vagas.
A trajetória na música começou nos anos 1950, quando a carioca fez o seu primeiro teste na Rádio Tupi, no programa de calouros Ary Barroso, tendo ficado em primeiro lugar.
Em 1959 foi contratada para trabalhar na Rádio Vera Cruz e convidada a atuar no Festival Nacional da Bossa Nova. Três anos mais tarde, foi a representante do Brasil na Copa do mundo no Chile. Era o início de uma trajetória invejável que levou Elza a ser reconhecida nos anos 2000 pela BBC, em Londres, como a Melhor Cantora do Universo.
Ao longo de sete décadas, Elza presenteou o público com vários sucessos, entre eles Dentro de Cada Um, Exú nas Escolas, A Carne, Mulher do Fim do Mundo e Língua.
Seu penúltimo disco, A Mulher do Fim do Mundo, lançado em 2015, foi reconhecido pelo The New York Times como um dos melhores álbuns de 2016.
A artista também marcou a trajetória da luta negra, feminista e LGBTQIA+ no Brasil. Suas músicas costumavam falar sobre racismo, enquanto suas entrevistas à imprensa deixavam clara a vontade que a artista tinha de ver um mundo igualitário para todos, independentemente de credo, gênero ou cor.
Vida pessoal
Elza teve a infância interrompida cedo, aos 12 anos, por causa de um casamento arranjado. Dessa relação nasceu João Carlos, que veio a falecer em decorrência de uma doença. Com apenas 15 anos, Elza perdeu o seu segundo filho, que também morreu precocemente. O casamento foi abruptamente interrompido com a morte do marido, deixando a cantora viúva aos 21 anos. Aos 27 anos, já era mãe de cinco crianças.
A Mulher do Fim do Mundo também é bastante lembrada pelo relacionamento intenso e conturbado com Garrincha. O namoro com o famoso jogador de futebol começou de forma clandestina porque ele era casado. Durante muito tempo, a então recém-cantora foi perseguida, acusada de ter sido a amante que deu fim ao matrimônio do ídolo.
Depois de algum tempo, Garrincha se divorciou e casou-se com Elza, com quem teve um filho e manteve uma relação por mais de dezessete anos. O filho, Júnior, faleceu em um acidente de carro em 1986.
Depois da aposentadoria dos campos, o atleta tornou-se alcoólatra e passou a agredir fisicamente Elza, que apesar de em uma ocasião ter chegado a ficar com dentes quebrados, não denunciou o caso. Dessa experiência de violência doméstica, muitos anos mais tarde, surgiu a canção Maria da Vila Matilde, onde a cantora canta: “Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim”
Elza publicou em 1969 um livro intitulado Minha vida com Mané, onde conta detalhes da história de amor que viveu com Mané.