Rapper Yung Buda mistura referências de anime à vivência negra
Sua música foca em conflitos das gerações millennials, inserindo referências das culturas pop ocidental e oriental em uma estética futurista
atualizado
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Yung Buda já lançou três mixtapes e apresenta o capítulo final do projeto sonoro com o álbum True Religion, pelo selo Sound Food Gang. A sequência foi lançada no dia 13 de dezembro, no Ganjah Lapa (Rio de Janeiro), e conta com 13 faixas, sendo 11 inéditas, com a participação de outros artistas da gravadora.
O True Religion define o personagem Yung Buda, e apresenta um homem mais maduro e pronto para as próximas versões do artista.
“True Religion é um apanhadão de tudo o que eu falei, com algumas ressalvas e referências nas músicas. Algumas canções, eu diria que estou tentando falar diretamente, sem muita metalinguagem”, explica Nicolas, o rapper que usa o pseudônimo para poder falar de assuntos não abordados na cena do trap.
Em entrevista ao Metrópoles, ele diz porque criou o Yung Buda: “Depois de um tempo que precisava traduzir um estilo, uma estética, uma parte de [si] em um personagem que iria sair para fazer uma música naquele momento. É uma forma de eu estar mostrando minha arte sem misturar com o pessoal. É uma parada minha, uma coisa que eu gosto. É um alter ego artístico, algo significativo”.
Sua música foca em conflitos da geração millennial, inserindo referências das culturas pop ocidental e oriental em uma estética futurista com toques sombrios. Assim, ele faz uma mistura que o permite ter uma multiplicidade desconhecida até agora.
Nicolas relata que, quando começou a produzir, focava na música eletrônica. “Eu tentei começar a fazer música eletrônica, mas é um cenário um pouco diferente, um pouco mais difícil de você estar entrando, tipo, quando você vem do nada. O rap estava um pouco mais acessível para mim, e o trap tem uma sonoridade parecida com o que gosto”, aponta.
Ele ainda discutiu suas inspirações. Sendo um homem negro no rap, referências a animes e frases e palavras em japonês fogem da norma. “Eu busco, no meu trabalho, escapar do esperado. Sair do óbvio e ser autêntico ali”, declarou. “Tudo o que eu falo é o que eu gosto, tenho contato, tenho interesse. Ter pessoas rimando sobre videogame, anime, cultura oriental, sobre cultura e filosofia, são coisas que me interessam. É uma parada que gosto de estar colocando na minha música”, completou.
Yung Buda também afirma que sua música favorita do álbum True Religion é 7k: “Acho que cheguei mais perto de transmitir a essência que eu realmente quero que com a minha arte. 7k é o símbolo da água em japonês e eu gosto daquela frase do Bruce Lee ‘seja como água'”.
Quanto ao futuro de sua carreira, Nicolas diz que tem outros projetos para explorar, com outras sonoridades e outros ritmos.