Rapper brasiliense rebate DJ Jamaika e diz que veterano é homofóbico
Cantor e compositor Paulo Amaro não se calou diante das críticas feitas pelo DJ
atualizado
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É impossível avaliar a cultura musical brasiliense e não tocar no rap e no hip-hop. Com grandes nomes que já estão escrevendo o seu lugar no cenário nacional, ainda há uma certa treta relacionada ao espaço dos gays nesse estilo. E foi nessa linha que o rapper Paulo Amaro, gay nascido e criado em Samambaia, postou um vídeo rebatendo uma série de posições preconceituosas feitas por DJ Jamaika, também natural da capital, em um podcast.
Em sua participação no canal do YouTube Tretas e Diálogos, Jamaika detonou a participação do público LGTQIAP+ na cena do rap e do hip-hop. “A gente viu a galera, os gays, pegando, não o rap, mas sim o hip-hop para criar uma narrativa e não é aquilo, mano. Porque não pegaram a música baiana, que já tem aquele suíngue, aquela dança, porque tinha que ser o rap ou hip-hop? Eu acho isso muito cruel, porque chega em um ponto que a gente não pode mais falar nada sobre isso, a gente tem que engolir goela abaixo”, disse ele.
Para o DJ, essa não é uma questão preconceituosa. “E é como eu disse desde o início, eu não sou homofóbico, mas o dia em que chegar um gay cantando rap de verdade, vai ser minha música de cabeceira, vai ser a música que eu vou escutar, independentemente se ele é ou não, porque eu vou escutar primeiro a música dele, para depois saber quem é. É a música, a ideia que tem que me atrair, não o formato, não o estereótipo, não a dança e não é isso que movimenta. Então, a gente entende isso. O rap lutou, lutou e se cansou, tá ligado, quem está na atividade agora é o hip-hop”, completou o músico.
Diante das afirmações, Paulo Amaro, que se define como um rapper “viado”, postou um vídeo em seu Instagram em que se posiciona sobre o assunto. “Eu acho que, como artista, a gente tem o dever de se posicionar, principalmente quando a gente fala de um governo que silencia a nossa classe. Não tem como se posicionar com alguém que tenta sempre pisar em cima da gente. E também não tem como a gente ficar calado quando a gente vê isso dentro do nosso movimento, dentro da cultura do hip-hop, discursos carregados de homofobia”, começou o cantor.
“Sempre existiu gay, trans, lésbicas na cena do hip-hop e sempre estivemos em um lugar de produção de arte. Inclusive, por muitas vezes, a gente se associou ao rap de outras maneiras, porque, às vezes, é o fotógrafo que fez a capa do seu single, que era o designer, que fez o seu cabelo ou a sua maquiagem, ou seja, a gente sempre esteve movimentando a cultura, mas nunca em um lugar de protagonismo e o problema é que incomoda uma pessoa LGBTQIAP+ assumindo um lugar de protagonismo“, pontuou
“Não é você e nenhum outro hétero que vai dizer onde que pessoas LGBTQIAP+ podem ou não podem estar, o que a gente pode ou não pode fazer”, Paulo Amaro.
Ao final de seu discurso, ele apontou o preconceito contra a classe LGBTQIAP+. “Desculpa, Jamaika, mas você é homofóbico sim. Existe uma ideia de que a homofobia está apenas não se relacionar ou de xingar ou de agredir, mas eu preciso te dizer que xingar ou agredir uma pessoa pela sua definição sexual é só o topo da imbecilidade humana. Sabe, a homofobia está presente de diversas formas, inclusive você é homofóbico quando diz que gays não podem fazer parte daquela cultura, quando você tenta fechar as portas de uma cultura, então quando você limita a entrada e o acesso da comunidade LGBTQIAP+ dentro do movimento do rap, do hip hop, você está sendo homofóbico sim. Você está dizendo que a gente não pode pertencer a algum lugar”, completou.
Confira, na íntegra, o vídeo compartilhado por Paulo Amaro nas redes sociais.
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