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Rap do DF se reinventa e continua em alta no cenário nacional

Novos grupos tratam, nas letras, de paz e encontro com o divino, sem abrir mão do teor político, e fazem do gênero referência musical tão importante para a periferia quanto foi o rock para o Plano Piloto

atualizado

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Movni/Divulgação
Movni
1 de 1 Movni - Foto: Movni/Divulgação

“O preconceito era muito grande. Muitas vezes a gente levava bala de borracha no meio de algum evento que estávamos organizando, era assim nos anos 1980 e 1990. Rap era coisa de malandro, de drogado, tá ligado?”

Esse capítulo da história do rap no Distrito Federal, atualmente, está apenas nas lembranças de quem a viveu, como Marquim do Tropa, integrante do grupo Tropa de Elite, extinto em 2006. Passadas duas décadas, uma nova geração tem mantido o gênero musical em evidência.

Grupos como Um Barril de Rap, Movni (foto no alto), Trilha Rica e TheGusT alimentam o cenário da música na capital federal e regiões administrativas. O rap está para a periferia como o rock esteve para o Plano Piloto nos anos 1980. A identidade de cada região administrativa se reflete no som das bandas que ali surgem.


Além do gueto

“O rap do DF é referência nacional”, constata Marquim. E não é exagero. Definitivamente, o rap brasiliense deixou o gueto. Bom exemplo é o Tribo da Periferia, formado no fim dos anos 1990 por moradores do bairro Jardim Roriz, na região de Planaltina. Com o tempo, o grupo passou a levar sua batida grave aos palcos de todo o país.

Por meio de sua experiência, a Tribo tem mostrado que o rap é música para todos os tipos de público. Sucessos como “Marciano”, “Aniversário do Colombiano”, “Ela Tá Virada” e “Sem Esparrar” repercutiram não apenas nas periferias, mas também nos bairros nobres de todo o país.

Diversidade de referências
O gênero também se tornou mais diverso em referências. O TheGusT reúne integrantes vindos de vários cantos do DF. Em seu estúdio independente, que fica no Riacho Fundo, o grupo formado por MC PJ, Dimomo, Dontex, Jean Tassy e LKS inventa um som com influências da MPB e do jazz, misturado a blues e percussão.

“O trabalho vai muito da criatividade e da inspiração”, diz Felipe Lima, produtor da banda. As letras, mais espiritualizadas, falam muitas vezes de autoconhecimento, elevação do ser e conexão com o divino sem deixar de lado a característica marcante do gueto.

Dessa forma, músicas do TheGust, como “Guerreiros Cósmicos” e “Incógnita Proposital”, já alcançaram mais de 220 mil visualizações no YouTube.


Rap e filosofia

Com a mesma proposta experimental espiritualizada, o Movni (Música Orbital Viajante Não Identificada), formado pelo trio Nauí, Afroragga e Doctor Zumba, de Taguatinga, ganhou reconhecimento na capital antes de conquistar seguidores no resto do Brasil.

O estilo mais filosófico é decorrente da própria proposta do rap, afirma Nauí. “O rap sempre foi experimental. O Brasil tem muita influência do estilo gangsta, aquele que tem a denúncia social, mas fazer rap é fazer poesia e ritmo”, conta o MC.

Para ele, a internet permitiu às pessoas criarem com mais liberdade. “A gente disponibiliza todos os trabalhos no YouTube, no site e o nosso canal de comunicação com o público são as mídias sociais”.

Com influências do metal, reggae, raga, MPB e canto coral, o Movni está no cenário desde 2012. Surgiu em meio ao um movimento que vem crescendo em todo o DF desde 2006, as batalhas de rimas. São encontros de jovens rappers que compõem suas rimas instantaneamente. O que está em jogo é a criatividade e a desenvoltura no momento de “mandar” a letra.

No início, mais política
Marquim conta que, no começo, as letras falavam mais de política social, corrupção, realidade do governo. Foi assim que o rap brasiliense se tornou conhecido fora dos limites de Brasília, por meio de nomes como o Viela 17, G.O.G. e o próprio Tropa de Elite.

Depois, por volta de 1994, o Cirurgia Moral e o Álibi vieram com um rap mais de gueto, falando de sobrevivência, das drogas, da violência, da realidade da periferia. A essa altura, já estava em cena um grande número de grupos, como o DF Movimento, DJ Raffa e os Magrelos, Suborno; Japão, Smurphies, Liberdade Condicional e DJ Hércules.

“No início, éramos mais grupos de break dance, só depois vieram os rappers”, diz Marquim do Tropa, remetendo a uma época em que o rap, os DJs, o grafitti e o break unidos faziam a cultura urbana florescer. Com o tempo, eles se desenvolveram independentemente, conquistaram status próprio e agora se complementam, cada um com sua força.

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