“Quem investe no rock é herói”, diz Sérgio Britto, do Titãs
Veterana banda paulistana se apresenta em Brasília nesta sexta-feira (27/10), em festa que também conta com show do Biquini Cavadão
atualizado
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Entre março e abril de 2018, o Titãs deve lançar uma inédita ópera rock. “São músicas que contam uma história”, adianta Sérgio Britto, vocalista e tecladista da banda paulistana. Em meio à pré-produção do projeto, os veteranos roqueiros se apresentam em Brasília nesta sexta-feira (27/10). O evento será na Bamboa e contará com a presença do grupo carioca Biquini Cavadão.
Pouco mais de um ano após a saída de Paulo Miklos do Titãs para concretizar projetos pessoais, a banda sabe bem o caminho que seguir nos próximos anos. Em entrevista ao Metrópoles, Britto dá detalhes discretos sobre as músicas da ópera, comenta a entressafra do rock atual e diz o quanto o Brasil instável de hoje afeta as novas composições.
Que balanço você faz desse quase um ano e meio sem o Paulo Miklos na banda? Em que estágio está a ópera rock?
A gente já fez centenas de shows desde então, inclusive um importante no Rock in Rio. Beto [Lee] está totalmente integrado à banda e traz seu aporte e à sonoridade do grupo. Nem pensamos mais nisso [saída de Miklos]. A gente está começando a fazer os arranjos da ópera rock. Queremos gravação ao vivo, mas nada pomposo. São músicas que contam uma história, com toda uma montagem especial. A gente pretende fazer show para registrar. Mas não vale a pena adiantar mais. Programamos para o começo do próximo ano, final de março, abril. Projeto ambicioso. Nunca fizemos nada igual. Estamos entusiasmados.
No Rock in Rio vocês tocaram três inéditas que deverão estar na ópera rock: “Me Estuprem”, “Doze Flores Amarelas” e “A Festa”. Como tem sido o teste dessas canções ao vivo?
A gente já vinha tocando essas três músicas do projeto para que elas amadurecessem. Às vezes, quando você toca ao vivo, dá para corrigir algumas coisas. Funcionaram muito bem. É um bom indício.
“Nheengatu” já completa três anos em 2017. O disco falou sobre pedofilia, violência, vários debates do momento. O Brasil de hoje inquieta ainda mais a banda?
Inquieta como cidadão. A gente já tratou de muitos assuntos que hoje em dia são prementes, em várias fases da nossa carreira, por diversos motivos. Tem duas ou três músicas que tocamos sempre, como “Vossa Excelência”, “Desordem” e “Polícia”. Elas poderiam ter sido escritas recentemente. Isso instiga e inquieta a banda. No caso da ópera rock, tem alguns pontos de contato. Mas é uma outra coisa. A gente não tem feito canções falando da situação do Brasil, como está agora exatamente. Muitas coisas fazem sentido. Servem um pouco como crônica.
O rock brasileiro não vive um momento dos mais atrativos do ponto de vista comercial e midiático. Mas o que acha da cena? Tem boas novas bandas surgindo?
Eu acho que sim. Tem muitas bandas tocando, fazendo, tentando gravar e divulgar. Não existe espaço na grande mídia nem a possibilidade de alguém aparecer em programa de TV, trilha de novela. Não existe nem rádio rock mais. É um pouco como a época em que a gente começou. O rock era visto como música de segunda categoria, não tinha espaço nem vez.
O espaço existe. Veja a quantidade de grandes shows internacionais, patrocínios gigantescos de empresas, estatais e etc. E você não vê investimento de lugar nenhum no rock nacional. Quem investe é verdadeiro herói, tem amor por isso. Ainda vai resultar em alguma coisa. Em todo lugar que a gente vai, tem gente tentando coisas diferentes. Não vivemos em momento muito propício. É um ciclo que depois vai se abrir. Talvez não volte a ser predominante, mas com espaço para coisas novas aparecerem.
Bamboa Pop – Titãs e Biquini Cavadão
Sexta-feira (27/10), às 22h, na Bamboa Brasil (Setor Hípico Sul, 61 3334-4450 e 3342-2232). Ingressos (preços de meia-entrada): R$ 60 (em frente ao palco), R$ 90 (camarote) e R$ 150 (Lounge VIP fã). À venda pela internet, nos pontos da Bilheteria Digital e na bilheteria da Bamboa (diariamente, das 10h às 19h). Não recomendado para menores de 16 anos