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Profana e estratosférica: 5 vezes em que Gal Costa afrontou os caretas

Gal Costa morreu nesta quarta (9/11), mas deixa legado como artista que cantou pela emancipação feminina, liberdade sexual e democracia

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Gal Costa com os seios à mostra em show - Metrópoles
1 de 1 Gal Costa com os seios à mostra em show - Metrópoles - Foto: YouTube/Reprodução

Ao longo dos 57 de carreira, Gal Costa usou sua voz para afrontar os caretas e retrógrados. A artista, que morreu nesta quarta-feira (9/11), aos 77 anos, deixa em sua discografia um legado de combate à misoginia, à homofobia, ao falso moralismo e de luta pela democracia.

“Atenção para a estrofe e para o refrão” que o Metrópoles remonta parte da história da MPB com cinco momentos em que a “divina e maravilhosa” Gal Costa contestou padrões, com apresentações épicas e hinos atemporais.

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Gal Costa
Cantora faleceu aos 77 anos
Gal Costa morreu em novembro de 2022
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Cantora faleceu aos 77 anos

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Gal Costa morreu em novembro de 2022

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“Atenção para o sangue sobre o chão”

Ao lançar o homônimo e primeiro LP individual, em 1969, Gal Costa mostrou a sua versatilidade e ironizou o avanço do processo de institucionalização da ditadura promovida pelo então governo do general Costa e Silva (1967-1969).”É preciso estar atento e forte/ Não temos tempo de temer a morte/(…)Atenção para o sangue sobre o chão”, alertou Gal, em sua fase psicodélica.

Índia censurada

Gal experimentou a censura do regime militar pouco tempo depois, em 1973, ao ter a capa do disco Índia censurada. Produzido por Gilberto Gil, o LP trazia a intérprete só de biquíni e com o foco em sua região íntima. Após o veto, o álbum passou a ser vendido em um plástico azul para esconder as imagens sensuais. Na época em que era considerada “musa dos hippies” e representante da contracultura, a artista subia ao palco sozinha, munida de uma flor nos cabelos, um violão nas mãos, pouca roupa e muita coragem.

Gal Costa nua

Nos anos que se seguiram à censura de Índia, Gal seguiu desafiando os padrões morais e conservadores e posou nua, em 1985, para a revista Status. Os registros feitos pela fotógrafa Marisa Alvarez Lima foram acompanhados de um texto do amigo tropicalista, Caetano Veloso.

“Gal só me surpreendeu uma vez: quando a conheci e a ouvi cantar. Foi uma surpresa tão grande e tão profunda que ainda hoje vivo sob o seu impacto. Na hora eu pensei: ‘A maior cantora do Brasil.’ Daí em diante foi só acompanhar os modos com que essa constatação procurou se confirmar.”

As palavras elogiosas do cantor baiano não impediram, contudo, que Gal passasse ilesa pelo falso moralismo e a fama de “vulgar”.

Gal Costa nua em foto feita por Marisa Alvarez Lima para a revista Status em 1985 - Metrópoles

“Arma política”

Um dos momentos mais emblemáticos protagonizados por Gal Costa aconteceu em 1994, durante show no teatro Imperador, no Rio de Janeiro. Na ocasião, ao interpretar Brasil, de Cazuza, a artista apareceu com uma blusa aberta e deixou os seios à mostra para o público. Entre os fãs de Gal na plateia, estavam nomes famosos como Alcione, Betty Faria, Caetano Veloso, Djavan, Elba Ramalho, Fernanda Torres, Ney Matogrosso e Sandra de Sá.

Gal Costa não se deixou abater pelos aplausos tímidos, e, no dia seguinte ao show, explicou a razão de sua performance no palco em entrevista ao O Globo. “Estou adorando ser atriz. Mostrar meus seios foi uma postura política. Como uma arma!”, afirmou.

Vá se benzer!

Madrinha de Preta Gil, Gal Costa se uniu à filha de Gilberto para tratar da onda de ódio que já tomava conta da internet em 2017. Em feat na música Vá se Benzer, a veterana exalta a diversidade de cores, corpos e credos no refrão.

“Vá se benzer/ Não banque o santo, eu não pareço com você/Não acredito no que vejo na TV/Meu sangue é forte, de origem nobre/Negro, branco, índio, eu sou eu/ Quem é você?”, questiona Gal.

Combater os discursos violentos foi um dos propósitos de Gal até o fim de sua vida, em especial nos últimos quatro anos. Em entrevista ao Metrópoles em 2019, ela afirmou nadar na direção contrária e usar a voz para exaltar o bem. “O amor é que move o mundo. Nesta fase tão violenta, falar de amor é revolucionário, e é dever de toda pessoa pública”, conclui.

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