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“O streaming matou o disco”, diz Scott Stapp, vocalista do Creed

Ídolo do pós-grunge, roqueiro faz show em Brasília no dia 14/11 e fala ao Metrópoles sobre redenção pessoal e música na era digital

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Scott Dudelson/Getty Images
Scott Stapp Performs At The Canyon Club
1 de 1 Scott Stapp Performs At The Canyon Club - Foto: Scott Dudelson/Getty Images

Não é por acaso que o novo e terceiro disco solo de Scott Stapp, vocalista do Creed, carrega o título The Space Between the Shadows (“o espaço entre as sombras”, em tradução livre). Sóbrio há cinco anos, o roqueiro da Flórida (EUA) apresenta ao público brasileiro sua jornada de redenção e autoconhecimento na turnê do álbum. Em Brasília, faz show em 14/11/2019, no Toinha Brasil Show (ingressos à venda on-line).

Aos 46 anos, o rockstar deu entrevista ao Metrópoles e falou abertamente sobre a nova fase e a vontade de retomar o Creed. Ainda fez críticas contundentes à música na era digital, sobretudo plataformas de streaming. No repertório atual, Stapp mistura hits do grupo, como With Arms Wide Open, Higher e My Sacrifice, com faixas da carreira individual.

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Stapp em show do disco The Space Between the Shadows: regenerado e em nova fase
Purpose for Pain é o grande sucesso do novo disco
Human Clay (1999), o álbum mais vendido do Creed, com mais de 20 milhões de cópias no mundo. Trouxe os hits Higher, With Arms Wide Open e What If
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Mark Tremonti, Scott Stapp e Scott Phillips no American Music Awards, em 2001. No mesmo ano, a banda Creed ganhou o Grammy de melhor canção de rock por With Arms Wide Open

Frank Trapper/Corbis via Getty Images
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Stapp em show do disco The Space Between the Shadows: regenerado e em nova fase

Scott Dudelson/Getty Images
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Purpose for Pain é o grande sucesso do novo disco

Divulgação
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Human Clay (1999), o álbum mais vendido do Creed, com mais de 20 milhões de cópias no mundo. Trouxe os hits Higher, With Arms Wide Open e What If

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Perto dos acordes finais da primeira fase da banda de pós-grunge (ou post-grunge, em inglês), nos anos 2000, o vocalista passou por severos problemas com álcool, drogas e saúde mental. Nos piores momentos, teve recaídas, crises e rompantes documentados fartamente na mídia, nas redes sociais dele próprio e até durante uma turnê, a do álbum Weathered (2001). O Creed deu um tempo em 2004 e retornou em 2009 para gravar Full Circle (2009).

Mas os demônios internos de Stapp não deram trégua. Antes e depois dos dois primeiros CDs solo, The Great Divide (2005) e Proof of Life (2013), a autodestruição continuou. Em 2014, a deterioração escalou para níveis bizarros: chegou a acusar a esposa, Jaclyn, de tomar seu dinheiro e, em mais um surto, achava ser um agente da CIA cuja missão era matar o então presidente Barack Obama.

Desde então, Stapp abraçou a sobriedade e retomou o controle de si. Reconectou-se com Jaclyn após ela pedir divórcio em 2014 – a esposa também trabalha como manager dele – e voltou a produzir música em uma rotina mais saudável. O casal teve o terceiro filho, Anthony, em 2017. Em 2019, veio The Space Between The Shadows, com músicas sobre esperança e mortalidade.

O trabalho nem belisca as marcas monumentais do Creed, que vendeu mais de 53 milhões de unidades no mundo. Mesmo assim, alcança sucesso pelos parâmetros atuais, em que o rock deixou de ser mainstream: presença no top 200 da Billboard. De acordo com a própria Billboard, o single Purpose for Pain é o maior hit de Stapp em 14 anos.

Em outra faixa de The Space, Gone Too Soon, ele homenageia amigos da música que abreviaram suas vidas, Chris Cornell (Soundgarden, Audioslave) e Chester Bennington (Linkin Park). O destino dos colegas, Stapp sabe bem, também poderia ter sido o dele.

Leia entrevista completa com Scott Stapp:

O novo disco marca um grande momento para você, sobretudo pessoalmente. Em termos de composição, o processo criativo chegou a sofrer mudanças desde os anos a bordo do Creed?
Não, na verdade não mudou nada. Ainda escrevo muitas letras. Mantenho cadernos diários ou semanais. Então surgem várias ideias de composições. Ainda tenho muito de fluxo de consciência, coisas que vêm no momento ou nas quais me esbarro em jam sessions. Escrevo letra e melodia ao mesmo tempo. Fazia isso com Mark (Tremonti) no Creed. É basicamente o meu processo, como crio, não importa com quem eu esteja.

Space Between the Shadows traz várias músicas sobre redenção. O que te move a fazer música hoje em dia após ter passado por tantas coisas ao longo da vida e da carreira?
Isso está em mim desde que sou um garotinho. É uma piscina interna que me faz criar músicas e escrever canções. É quem sou, está dentro de mim.

Como está o cenário do rock na música mainstream atualmente? E qual impacto as plataformas de streaming e redes sociais exerceram sobre o gênero nos últimos anos?
Acho que há algumas coisas rolando na música. Na minha opinião, o rock sempre foi sobre escrever músicas que se conectam com o mundo todo, que fazem todo mundo cantar junto. E realmente não sei como vai recuperar o espaço perdido. Nos anos 1980, 1990 e começo dos 2000, o rock era o mainstream da música. A trilha sonora na vida da maioria das pessoas. Espero que chegue o dia em que o rock vai voltar a ser essa trilha. Mas, no momento, caiu numa vala. Outras coisas viraram mainstream, como pop, country. Espero que seja um ciclo.

As redes sociais mudaram o cenário de várias maneiras. Agora você pode se conectar diretamente com os fãs e o público tem uma voz. Não há mais aquela caracterização de quem você é pelas lentes da mídia. As redes sociais fazem as pessoas verem quem você é. Para quem estava por aí quando não havia isso, foi preciso muito ajuste, muita adaptação a este novo tipo de comunicação.

A internet e o streaming afetaram bastante a música. (O streaming) matou o disco. Na minha opinião, destruiu o objetivo de um artista como eu, que continuarei perseguindo: o de fazer o ouvinte escutar da primeira à última música, como uma jornada. O streaming e os downloads individuais, de maneira geral, tiraram os fãs do caminho do álbum. Eles apenas escolhem uma música. Preciso aprender a conviver com isso. Os fãs continuarão a escutar meus discos. Mas sinto falta da época em que você comprava o disco físico, chegava em casa, ouvia e escolhia suas músicas favoritas. Bom, esses são os meus dois centavos sobre o assunto.

O Creed esteve ativo pela última vez entre 2009 e 2012, quando gravou Full Circle e depois se separou de novo. Há chance de um retorno nos próximos anos?
Por agora, o que posso dizer é que temos relacionamentos positivos, em bons termos. Fazemos contato de vez em quando. Por enquanto não há nada além disso.

Você lembra os amigos Chris e Chester em Gone Too Soon, uma das novas canções. Do que você sente e não sente falta de quando o Creed estava no auge?
Aqueles dias foram os mais incríveis da minha vida, fora minha mulher e meus filhos. Realizei todos os sonhos que tinha a respeito de uma carreira musical. Não sinto falta de algumas coisas. Sabe, no sentido de refletir, voltar e mudar.

De estar mais atento. Nem todos ao seu redor, quando as coisas começam a fazer sucesso, têm as melhores intenções. De realmente preservar o relacionamento com a banda em todos os níveis. Eu voltaria e faria diferente. Ao mesmo tempo, a gente só aprende com as experiências. Não existe receita sobre o que esperar.

Scott Stapp em Brasília
Quinta (14/11/2019), às 21h, no Toinha Brasil Show (Guará, SOF, Q. 9 – Distrito Federal). Ingressos de 1º lote: R$ 160 (meia, camarote front stage), R$ 140 (meia, pista), R$ 192 (solidário, camarote), R$ 160 (solidário, pista). 2º lote: R$ 170 (meia, camarote), R$ 150 (meia, pista), R$ 204 (solidário, camarote), R$ 180 (solidário, pista). Doação de 1kg de alimento não perecível dá direito ao ingresso solidário. À venda on-line e na Central de Ingressos do Brasília Shopping (segunda a sábado, das 10h às 22h; domingo e feriado, das 13h às 19h). Não recomendado para menores de 14 anos

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