O samba comemora 100 anos em 2016. Faça uma viagem pela história do gênero que é a cara do Brasil
De Donga e Noel Rosa a Fundo de Quintal e Casuarina, conheça alguns artistas e composições fundamentais na trajetória das batucadas
atualizado
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É estranho imaginar que o samba, um gênero tão brasileiro, só foi oficializado há 100 anos. Em novembro de 1916, Ernesto dos Santos, o Donga, registrou o primeiro samba na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, “Pelo Telefone”, e entrou para a história. Polêmicas à parte (dizem que a música era uma criação coletiva, feita na casa da Tia Ciata), o episódio foi muito importante para o processo de profissionalização dos compositores do gênero.
Em comemoração a essa data tão importante, o réveillon de Copacabana (RJ) começou 2016 com apresentações de vários sambistas e com um trecho do musical “Sambra” , que reconta as histórias do samba. Em São Paulo, outra montagem promete celebrar o centenário em alto estilo. “Cartola – O Musical” fará um panorama dos principais momentos da vida de Angenor de Oliveira, ícone da Estação Primeira de Mangueira. O projeto foi idealizado por Jô Santana. A direção é de Roberto Lage e a dramaturgia de Arthur Xexéo.
Em Brasília, ainda não foi anunciado nenhum evento para lembrar a data. Enquanto as comemorações não chegam, o Metrópoles selecionou artistas fundamentais na história do gênero musical. Confira:
Década de 1910
Em 1916, Donga registrou o primeiro samba, “Pelo Telefone”, da Biblioteca Nacional. A música mostra o cotidiano no Rio de Janeiro daquela época e faz duas homenagens: ao jornalista Mauro de Almeida, “O Peru dos Pés Frios”, e ao boêmio Noberto do Amaral Júnior, o “Morcego”:
Década de 1920
José Barbosa da Silva, o Sinhô, ficou conhecido como o “rei do samba”. O cantor e compositor carioca teve vários sucessos, entre eles “Quem São Eles?”, “Fala Baixo” e “Jura”. A última foi regravada por Zeca Pagodinho. Um dos registros emblemáticos é a versão de Aracy Cortes, em 1929:
Década de 1930
A música deu início à famosa polêmica entre Wilson e Noel Rosa, em 1933. O Poeta da Vila não gostou nenhum pouco da exaltação à malandragem e compôs ”Rapaz Folgado”. O quiproquó rendeu vários sucessos, como “Mocinho da Vila”, “Conversa Fiada” e “Feitiço da Vila”.
Década de 1940
A dupla Ataulfo Alves e Mário Lago — conhecida pelo sucesso “Ai Que Saudade da Amélia” — também ganhou destaque com o samba “Atire a Primeira Pedra”, de 1944. A composição está no musical “É com Esse que Eu Vou”.
Década de 1950
Foi o auge do samba-canção. Dolores Duran foi uma das principais representantes dessa ramificação do samba, que também teve como destaque Lupicínio Rodrigues. “A Noite do Meu Bem”, conhecida na voz de Dolores, é o título do livro recém-lançado que resgata as memórias daquele período.
Década de 1960
O Zicartola (foto no alto da página), bar e restaurante do mestre Cartola e da esposa dele, dona Zica, foi um marco na trajetória do samba. O estabelecimento funcionou apenas de 1963 a 1965, mas reuniu, nesse pouco tempo, o anfitrião, Nelson Cavaquinho e Zé Keti, entre outros bambas. O local também promoveu o encontro desses artistas com uma nova geração, como Paulinho da Viola e Nara Leão.
Década de 1970
Enfim, foi a vez das mulheres conquistarem o topo nas paradas radiofônicas. O trio de cantoras – formado por Alcione, Beth Carvalho e Clara Nunes – conquistou todo o país. “Não Deixe o Samba Morrer”, “Vou Festejar” e “Conto de Areia” são, até hoje, músicas que não podem faltar nas rodas de samba.
Década de 1980
O LP de estreia do grupo Fundo de Quintal, “Samba É Fundo de Quintal” (1980), chamou a atenção por trazer novidades para o gênero. O uso do banjo, do tantã e do repique de mão nas batucadas era inédito até então. Criado no Cacique de Ramos, o grupo teve integrantes que se tornaram compositores de destaque, como Almir Guineto, Arlindo Cruz, Jorge Aragão e Sombrinha.
Década de 1990
Por volta de 1998, surgiu na Lapa carioca um movimento que revitalizou o local. Antes abandonado, o lugar tornou-se passagem obrigatória para quem gosta de samba. Teresa Cristina e Grupo Semente, Pedro Miranda, Marcos Sacramento e Moyseis Marques são alguns frutos desse renascimento da Lapa.
Década de 2000
Após a explosão do pagode, muitos artistas decidiram ir contra a maré e resgatar o samba tradicional. Entre eles, está o grupo carioca Casuarina, que tem uma carreira marcada por hits autorais e por regravações de importantes compositores, como Roberto Silva e Aluísio Machado.
Década de 2010
Tempos modernos, internet e samba sem fronteiras. Os representantes do gênero de outros estados ganharam mais reconhecimento. Em Recife, Karynna Spinelli chama atenção pelo repertório afro. Parente de Ary Barroso, Alexandre Rezende dá continuação ao legado mineiro. Em Brasília, Renata Jambeiro comprova que o cerrado também é solo fértil para as batucadas.