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No primeiro show em Brasília, Pearl Jam mostrou por que já é uma banda clássica de rock

Apresentação desta terça (17/11) levou 30 mil pessoas ao estádio Mané Garrincha. Em quase três horas de show, Eddie Vedder conversou bastante com o público e revisitou os 25 anos de carreira do grupo

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Felipe Menezes/Metrópoles
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1 de 1 Felipe Menezes/Metrópoles - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

Eddie Vedder não é um rock star simpático à toa. Fez o público do Mané Garrincha esperar pouco mais de uma hora para que os demais fãs, atordoados lá fora pelo trânsito caótico e pelas filas confusas de entrada, tomassem suas posições.

Às 21h33, o Pearl Jam surgiu no palco para tocar os primeiros acordes de “Release”, um dos vários hinos grungeiros eternizados no disco de estreia, “Ten” (1991). A banda só largou instrumentos e microfones à 0h28, após uma catártica overdose de rock de arena para 30 mil presentes.

A sempre esperta seleção de repertório reservou um passeio melódico para o público brasiliense. O show começou macio, quase acústico. Aos poucos, foi ganhando um fervor de rock de arena da metade para o fim, com coro coletivo engrossando hits e belas versões de músicas que permeiam o imaginário sessentista e setentista do Pearl Jam.

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"Eddie Vedder para presidente", reivindica um seguidor da banda. Foto: Felipe Menezes/Metrópoles
O público do Mané Garrincha: 30 mil pessoas. Foto: Felipe Menezes/Metrópoles
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Fãs exibem largos sorrisos na primeira vez do Pearl Jam em Brasília. Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

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"Eddie Vedder para presidente", reivindica um seguidor da banda. Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

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O público do Mané Garrincha: 30 mil pessoas. Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

 

Uma viagem pelos anos 1990
Após cantar “Nothingman”, terceira faixa no setlist, Vedder dirigiu-se ao público. E, para cativar de vez a plateia, comparou Brasília a Seattle, terra natal da banda. “Esse clima de chuva parece muito Seattle. Nos sentimos em casa”, disse, arriscando um português mui esforçado.

Visivelmente mais relaxado do que no show de São Paulo, no sábado (14/11), realizado um dia após os ataques terroristas em Paris, Vedder circulou com classe por faixas filiadas a pesados acordes de guitarra (“Mind Your Manners”, “Brain of J.” e o sucesso absoluto “Even Flow”) e por dóceis melodias noventistas (“Tremor Christ” e “In My Tree”).

O primeiro cover da noite (“Rain”, do The Beatles) abriu caminho para outras enérgicas interpretações de uma série de icônicas canções dos anos 1990: “Animal”, “Daughter”, “Given to Fly” (acompanhada por imagens áreas de Brasília mostradas nos telões) e “Rearviewmirror”.

Bis inspirados
O Pearl Jam deixou o palco às 22h55, mas retornou em poucos minutos para mais uma leva de canções. Vedder brincou dizendo que nunca havia sido atacado por tantos insetos quanto nesta noite de terça. A atmosfera leve e festiva abrigou bonitas versões acústicas de “Redemption Song” (Bob Marley) e “Mother” (Pink Floyd).

A direta conexão dos covers com a sonoridade da banda se deu por meio da pop “Sirens” e da sempre dramática “Jeremy”, banhada por uivos de milhares de fãs a imitarem o timbre de Vedder. O frontman perguntou ao público o que eles queriam ouvir. E ele atendeu aos apelos com “Why Go” e, a partir dela, encerrou o primeiro bis com as ágeis “Leash” e “Porch”.

Antes de mais uma pausa, Vedder desceu do palco para receber afagos da plateia e aceitou dos fãs uma munhequeira com as cores da bandeira da França e um quepe de marinheiro. O retorno rendeu momentos ainda mais intensos de interação.

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Eddie Vedder com uma garrafa de vinho: performance enérgica. Foto: Felipe Menezes/Metrópoles
O guitarrista Mike McCready: solos ruidosos animaram a noite. Foto: Felipe Menezes/Metrópoles
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A atmosfera do palco: ambientação baseada na arte do disco "Lightning Bolt" (2013), tema da atual turnê. Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

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Eddie Vedder com uma garrafa de vinho: performance enérgica. Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

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O guitarrista Mike McCready: solos ruidosos animaram a noite. Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

 

Para os versos poéticos de “Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town”, Vedder voltou a empunhar a guitarra verde de madeira presentada pelo luthier paulista Sérgio Vedder, obviamente um fanático pelo grupo. O roqueiro havia usado o instrumento no sábado (14/11), em São Paulo. “Eu consigo sentir o carinho brasileiro. Vou tocar com frequência, mas em ocasiões especiais”, disse. Durante a música, Sérgio foi mostrado nos telões, dividido entre sorrisos e lágrimas.

O bom humor de Vedder o fez gesticular como se estivesse sentindo cheiro de maconha em “Better Man”. Entre performances animadas das famosas “Do the Evolution” e “Alive”, Boom Gaspar, músico de turnê do Pearl Jam, realizou passagens alucinantes ao órgão no cover da canção folk “Crazy Mary” (Victoria Williams).

Já em atmosfera de despedida, o quinteto fez sua sempre certeira interpretação de “Baba O’Riley” (The Who). Ecoou nos minutos finais a elegíaca “Indifference”, canção que encerra “Vs.” (1993) com versos tão diretos e abrasivos, revivendo um momento da carreira em que a banda queria soar mais agressiva do que confortável com o recente estouro do grunge. Duas décadas depois, o Pearl Jam ousa não baixar a guarda, com um vigor artístico que resultou em um dos grandes shows que Brasília abrigou em 2015.

Veja o setlist completo:

“Release”
“Wash”
“Nothingman”
“Corduroy”
“Lightning Bolt”
“Mind Your Manners”
“Brain of J.”
“Tremor Christ”
“In My Tree”
“Even Flow”
“Rain” (The Beatles)
“Unthought Known”
“My Father’s Son”
“Animal”
“Daughter”
“Habit”
“Given to Fly”
“Lukin”
“Rearviewmirror”

Bis 1:
“Redemption Song” (Bob Marley & The Wailers)
“Mother” (Pink Floyd)
“Sirens”
“Jeremy”
“Supersonic”
“Why Go”
“Leash”
“Porch”

Bis 2:
“Last Exit”
Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town
“Better Man”
“Do the Evolution”
“Crazy Mar” (Victoria Williams)
“Alive”
“Baba O’Riley” (The Who)
“Indifference”

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