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No aquecimento para o show do Pearl Jam, conheça ou relembre a obra da banda, disco a disco

Apresentamos toda a discografia da banda de Seattle, comentada e com links para ouvir cada um dos 10 álbuns lançados em mais de duas décadas de carreira

atualizado

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Faltando ainda um par de semanas para o show do Pearl Jam no Mané Garrincha, marcado para a noite de  17 de novembro, uma terça, o Metrópoles preparou uma discografia comentada da banda de Seattle, com links para ouvir cada um dos 10 álbuns lançados em mais de duas décadas de carreira.

Oportunidade para os fãs relembrarem a trajetória de um dos protagonistas da geração grunge, e também para os curiosos fazerem o dever de casa e chegarem ao estádio já (um pouco) preparados para o que se passará por lá.

Conhecido pelo apego à estrada e por manter um repertório de dezenas e dezenas de músicas, o Pearl Jam não raro faz concertos de duas horas. E como a banda nunca tocou em Brasília, bem, praticamente qualquer coisa pode acontecer, praticamente qualquer canção pode ser executada. Portanto, aqui segue uma espiadinha no baú de Eddie Vedder, Mike McCready, Stone Gossard, Jeff Ament e Matt Cameron…

 

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Ten
(1991)
De certa forma, eis o motivo para tudo isto estar aqui. Lançado no final de agosto de 1991, o primeiro LP do Pearl Jam saiu exatinho um mês antes de “Nevermind”, daquela outra banda de Seattle, o Nirvana. Juntos, esses dois discos emprestaram rostos e hits para a geração que a mídia batizaria de grunge. Cabelos desleixados, roupas xadrezes, jeans puídos e guitarras pesadas formariam essa nova onda e causariam revoluções em escala planetária com o boom do rock independente. Com um som mais radiofônico e um visual mais charmoso do que o do trio de Kurt Cobain, o quinteto de Eddie Vedder teria importância decisiva nesse processo. Uma pá de canções deste disco (“Alive”, “Even Flow”, as baladaças “Black” e “Jeremy”) entraria para o cânone da música pop, mas o álbum inteiro rola macio ainda hoje graças ao talento de músicos que passaram anos e anos ouvindo as referências mais marcantes do gênero, especialmente das décadas de 1960 e 1970, notadamente Led Zeppelin e Jimi Hendrix. Nadinha aqui em “Ten” soa como um trabalho de estreia, mesmo porque os envolvidos estavam longe de serem noviços. O guitarrista Stone Gossard e o baixista Jeff Ament, em particular, já tinham passado por Green River e Mother Love Bone, dois grupos cultuados da cena de Seattle.

Para se lembrar: o hino de arenas “Alive”
Para se descobrir: a psicodelia garageira de “Deep”

 

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Vs.
(1993)
O proverbial teste do segundo disco, decisivo para a carreira fonográfica de um artista, ganhou requintes de crueldade para o Pearl Jam. Afinal, como reagir ao superestrelato quando se fez carreira no underground? Aqui as respostas são confusas. A banda se recusou a gravar videoclipes, num momento em que a MTV era a maior mola propulsora da indústria musical e do grunge em especial. Aliás, a banda sequer permitiu que a gravadora Sony colocasse o nome “Pearl Jam” na capa deste álbum. No entanto, nesta coleção de 12 faixas, o que se ouve é a reafirmação, quase nota por nota, da sonoridade de “Ten”. De modo que estava bem claro o que esse título de “Vs.” queria dizer. Versus, de confrontamento, de nós contra eles. E o “nós” neste caso, sendo por evidente o Pearl Jam, com sua integridade artística intacta mesmo no ventre da moda pop, e seus fãs, arrebatados pelas arenas do mundo graças a uma safra de canções que equilibrava guitarras em brasa (“Animal”), refrões poderosos (“Dissident”) e intimismo lírico (“Daughter”).

Para se lembrar: voz e violão de “Elderly Woman Behind the Corner in a Small Town”
Para se descobrir: o contrabaixo funky de “Rats”

 

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Vitalogy
(1994)
A morte de Kurt Cobain, em abril de 1994, lançaria a sombra da tragédia sobre toda a geração grunge, tantos os fãs quanto os artistas. A resposta imediata do Pearl Jam veio em “Vitalogy”, seu terceiro disco, editado em novembro daquele ano. “Last Exit” já abre o álbum num atropelamento, na urgência da batida acelerada do hardcore. Os versos trazem imagens de um sol que queima máscaras e um oceano que dissolve o passado. Marcadas por suas leituras da poesia beatnik e do surrealismo, as letras de Eddie Vedder talvez nunca tenham soado tão claras. Mas uma outra forma de resposta, menos evidente, perpassa todas as demais 13 faixas deste disco. Este nome, “Vitalogy”, e todo o conceito de capa e encarte, foram emprestados de um antigo manual de medicina. A ciência da vida, portanto, ilumina o conceito de todo o trabalho. Trata-se de uma banda, vale lembrar, que cresceu ouvindo álbuns amarrados, álbuns temáticos, como as óperas rock do The Who. Mesmo que as narrativas do Pearl Jam sejam de outra ordem, o seu pendor estético, ético e temático remonta a essa tradição roqueira que nem o furor grunge obscureceu. Nesse clima, se algumas destas músicas parecem aquém do que seus autores já tinham feito, se parecem vinhetas bobinhas e autocondescendentes numa primeira adição, o conjunto ganha peso à medida em que o leitor/ouvinte vai virando as páginas/canções deste almanaque/álbum.

Para se lembrar: o pop perfeito de “Nothingman” e de “Better man”
Para se descobrir: a colagem vodu de “Aye Davanita”

 

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No Code
(1996)
Neil Young era percebido como uma espécie de padrinho do grunge. Afinidades imediatas entre caipiras com camisas de flanela e guitarras flamejantes. Uma associação que cresceu naturalmente graças à postura cúmplice e camarada do veterano canadense ante os jovens incendiários. Quando Kurt Cobain citou um verso de Neil Young (“melhor arder que queimar lentamente”) em sua infame carta de despedida, a resposta do amigo veio num disco belo e melancólico, “Sleep with Angels” (1994). Talvez pressentindo que algo mais poderia quebrar, Neil Young então deixou de lado sua usual banda de apoio, o Crazy Horse, e chamou o Pearl Jam para tocar com ele no palco e no estúdio. Assim sairia o disco “Mirror Ball” (1995) e, de certa forma, assim estava sendo engendrado “No Code”, quarto álbum do Pearl Jam. Eddie Vedder não tinha tomado parte na parceria Young & Jam. Ele tirou férias para surfar no Havaí e orar na Índia. Voltou com um punhado de canções espirituais sobre perdas e redescobertas. Ao longo de “No Code”, a raiva tão habitual dos roqueiros de Seattle, e que move boa parte de suas músicas, agora soa um tanto diferente, se não serenada de todo, definitivamente abrandada. A influência benfazeja de Neil Young, portanto, vai além da gaitinha de “Smile” e da valsinha “Off the Bend”. Ela atravessa todas as 13 faixas, embaladas por quase orações, por mantras que são tanto indianos quanto younguianos.

Para se lembrar: a confessional “Off He Goes”
Para se descobrir: a sensorial “I’m Open”

 

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Yield
(1998)
Marcado por uma ambição artística rara entre seus pares, uma ambição que, claramente, fazia a banda acelerar e andar uma ou duas casinhas a cada novo disco, o Pearl Jam pela primeira vez pisava no freio. Já se sentindo como veteranos na acidentada estrada da geração grunge, os músicos agora diminuíam o ritmo e apreciavam a paisagem. “Yield”, à sua época, foi um álbum duramente criticado pelo fato de seus autores — consciente e assumidamente — terem feito essa escolha. Músicas como o hard rock “Given to Fly” e o hardcore “Do the Evolution”, para citar as duas mais famosas da safra, parecem comentar sobre a própria banda, a própria carreira, o próprio estado das coisas. Aliás essas canções parecem se referir, lírica e sonoramente, à própria obra anterior do Pearl Jam, e não mais se espelhar no que já haviam feito antes grandes mentores como Neil Young, Led Zeppelin, The Who. A isso se chama amadurecer. E poucas virtudes são mais confundidas com pecado, na música pop, do que amadurecer.

Para se lembrar: “Engoli minhas palavras para não ter que mentir”, um verso de “In Hiding”
Para se descobrir: “Não há mal em escapar, não há mal em escapar”, um verso de “All Those Yesterdays”

 

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Binaural
(2000)
Eddie Vedder, Mike McCready, Stone Gossard, Jeff Ament e… e… e… Bem, nenhum camarada jamais chegara a esquentar a banqueta da bateria. Esse revezamento de bateristas já tinha virado piada interna na banda, piada entre seus fãs, entre os jornalistas musicais. Quando o velho amigo Matt Cameron perdeu seu emprego, com o fim do grupo Soundgarden, os ensaios do Pearl Jam ganharam um visitante regular. Cameron foi ficando, foi ficando… E deu certo. Deu tão certo que, além de participar das gravações de “Binaural”, o sexto álbum do Pearl Jam, lançado em maio de 2000, Matt Cameron está com eles até hoje. Essa união artística com um grande instrumentista que, para além de méritos técnicos, tinha um vínculo afetivo de anos, certamente serviu logo de saída para emprestar coesão e vigor a uma coleção de músicas das mais heterogêneas. Entre as 13 faixas de “Binaural” se encontram desde a psicodelia de “Nothing as it Seems” até o drive percussivo de “Evacuation”. Mas tudo soa no lugar e as peças todas se encaixam. De quebra, a entrada e a permanência de Matt Cameron podem ser entendidas como a consolidação do Pearl Jam. Àquela altura do certame, o grunge já era passado e o cenário do rock alternativo americano tinha sido varrido, sucessivamente, pela ascensão do hip hop, pela popularização da música eletrônica e pela modinha do tal nü metal. E nada disso, nada disso incomodava o Pearl Jam.

Para se lembrar: os violões de “Thin Air”
Para se descobrir: o ukelele de Soon Forget”

 

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Riot Act (2002)
Os Strokes e os White Stripes estavam na ordem do dia. Tinham se tornado as bandas mais quentes de 2002 ao revalidarem o tal rótulo de “rock alternativo” e revirarem a história da música pop, indo do Television ao Led Zeppelin em menos de três acordes. Enquanto isso, o Pearl Jam, que já percorrera todo esse caminho bons anos antes, estava liberado de liderar motins e/ou revoluções. A banda guardava uma proposta bem diferente para “Riot Act”, seu sétimo trabalho em estúdio, lançado em outubro daquele ano. Dando liga a essa obra, em igual medida serena e melancólica, estão suas recorrentes letras sobre mortalidade e sublimação, que se devem a traumas tanto universais (o 11 de Setembro) quanto pessoais (a morte de nove fãs no Roskilde Festival). “Riot Act”, de certa forma, até faz lembrar “Vitalogy”. Ou seja, um compêndio aparentemente irregular de estilos e de interesses, mas que vai ganhando profundidade e unidade a cada audição. Não por acaso, entre suas 15 faixas enfileiram-se algumas das preferidas pela banda, ainda hoje, nos repertórios de seus concertos: “Love Boat Captain”, “Thumbling my Way” e, em especial, a solipsista “I Am Mine”.

Para se lembrar: “Love Boat Captain”, com o notável órgão de Kenneth “Boom” Gaspar, que se tornaria colaborador da banda
Para se descobrir: “Arc”, com Eddie Vedder emulando o canto do paquistanês Nusrat Fateh Ali Khan

 

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Pearl Jam
(2006)
Quatro longos anos separam “Riot Act” e este “Pearl Jam”. Parte desse tempo foi pontuada por esparsas sessões de estúdio, entre as cidades de Seattle e Washington, com o material se acumulando lentamente até formar as 13 músicas desta coleção. Assim como o abacate que está na capa do disco, esse fruto parece ter sido cortado na metade. O primeiro naco, mais reto e direto, foi celebrado à época como um retorno da banda às suas raízes grunge. (Embora esse movimento vá se revelar mais significativo logo em seguida com “Backspacer”…) Enquanto a segunda metade do álbum segue a toada dos três anteriores, com temas acústicos e elétricos num crescendo que deságua no derradeiro número, o épico “Inside Job”, com cordas e piano, a se esparramar por sete minutos. Mas o que surpreende aqui é a dificuldade da banda em dar coesão a esse pálido conjunto de canções boas e outras nem tanto. A ausência de um título para o disco sendo o mais claro indício de que algo ainda estava faltando para inteirar este abacate – e os envolvidos tinham plena noção disso…

Para se lembrar: o acelerado hardcore “World Wide Suicide”
Para se descobrir: a improvável balada soul “Come Back”

 

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Backspacer
(2009)
Pois bem. Algo estava faltando ao Pearl Jam em “Pearl Jam”. E eles sabiam bem o que era. Para seu nono álbum de carreira, a banda promoveu o imediato retorno do estimado produtor Brendan O’Brien. Ele trabalhara em todos os discos anteriores do conjunto, todos a não ser justamente no malfadado “Pearl Jam”. Coincidência ou não, este “Backspacer” já começa no pinote com “Gonna See My Friend”. Faixas como essa e como “Johnny Guitar” funcionariam à perfeição num set do Mudhoney, a banda-prima do Pearl Jam e sua parceira frequente de turnês. Fica claro que o grunge ainda bate no peito do então quarentão Eddie Vedder. Mas agora o velho herói aproveita os momentos mais contemplativos, de “Among the Waves” e “Speed of Sound”, para baixar a pressão e tomar um bocadinho de fôlego. Esse par de canções não soaria deslocado em sua carreira solo, marcada por sua inspiração folkie e suas ambiências intimistas. Aqui no Pearl Jam, elas permitem uma dinâmica ensolarada que, se não guarda surpresa alguma ao ouvinte, pode ser reconfortante como o reencontro de velhos amigos.

Para se lembrar: as guitarras de “Supersonic”
Para se descobrir: as flautinhas de “Just Breathe”

 

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Lightning Bolt
(2013)
Crescer em público foi um baita desafio para o Pearl Jam. A banda estourou do dia para a noite, em meio ao furacão grunge, e acabou arremessada em turnês gigantes entre ginásios e estádios. Agora o desafio que se apresenta é envelhecer em público. Eddie Vedder, o surfista de San Diego que chegou a Seattle especialmente para cantar numa banda de rock, hoje tem 50 anos de idade e uma carreira sólida. Stone Gossard e Jeff Ament, os dois amigos que ergueram o Pearl Jam das cinzas do Mother Love Bone, hoje têm 49 e 52 anos, respectivamente. Mike McCready e Matt Cameron regulam essa mesma faixa etária. “Lightning Bolt”, pode-se dizer, tenta preservar o relâmpago dentro de um frasco de vidro. Duas décadas após a estreia fonográfica, a banda ainda se mantém relevante em seu décimo disco e agora é dona do próprio nariz, no caso, o selo Monkeywrench Records. Natural que o frescor dos primeiros trabalhos já tenha passado, tanto tempo depois, e seria no mínimo tolo fingir mantê-lo em sua música. “Lightning Bolt” tem seu mérito em outra ordem. A habilidade dos envolvidos permite que o engenho substitua a juventude, a carpintaria pop surja onde antes havia a urgência. Assim, este disco desliza na maciota, com suas 12 faixas se sucedendo sem percalços naquilo que se convencionou chamar de classic rock. Eddie Vedder virou Robert Plant, Eddie Vedder virou Mick Jagger. Que bom.

Para se lembrar: “Mind your Manners” e “Sirens”, os dois singles que antecederam o álbum
Para se descobrir: “Sleeping by Myself”, música emprestada da carreira solo de Eddie Vedder

 

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Cachorros perdidos e outras músicas por aí…
Fora esses dez álbuns de estúdio, o Pearl Jam colecionou diversos outros artefatos fonográficos ao longo de duas décadas de carreira. Entre os mais notáveis artigos, desponta a coletânea “Lost Dogs” (2003). Trata-se de um vasto apanhado da primeira década de atividade do conjunto, justamente sua fase mais prolífica. Somando 30 faixas em dois CDs, este panorama tem o mérito de agrupar músicas de variada origem: sobras de estúdio, lados B de compactos, participações em coletâneas e trilhas sonoras. Entre seus destaques, pode-se ouvir a arrepiante “Yellow Ledbetter”, uma baladaça de inspiração zeppeliana que originalmente fazia parte do single de “Jeremy” (1992) e tomou vida própria, se tornando uma das favoritas dos concertos. Aliás… Em meados da década de 1990, o Pearl Jam aproveitou sua moral na indústria para combater a pirataria de uma forma bastante peculiar. Cada show era registrado direto da mesa de som e se transformava em disco duplo, oficial, disponibilizado em pequena tiragem. Alguns desses trabalhos ganharam sobrevida comercial e podem ser encontrados até hoje. Caso do notável acústico “Live at Benaroya Hall” (2004), álbum gravado ao vivo, na noite de 22 de outubro de 2003, na mítica cidade de Seattle.

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