Naná Vasconcelos, o homem que tocava com a alma
Ganhador de oito prêmios Grammy, o músico pernambucano morreu em 9 de março de 2016, deixando um legado ímpar
atualizado
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Tive a chance de entrevistar Naná Vasconcelos uma vez, em 2013. Pelo telefone (a ligação estava péssima, pois o cabo da telefonia tinha sido rompido e só dava para falar por celular), ele me dizia que tinha chorado muito quando recebeu a notícia de que seria homenageado no Carnaval de Recife. Aquele mesmo Carnaval que ele comandou por anos e que eu nunca tive a chance de ver ao vivo.
Naná era meio bravo, meio sério e muito sábio. Ele chorou ao receber a notícia de que seria homenageado, pois o tributo era ainda em vida, coisa rara no nosso país.
“Já recebi tributos fora do país várias vezes, mas em casa a emoção é diferente. Dizem que santo de casa não faz milagre. Mas nesse caso fez sim”, disse ele.
Adiante, afirmei que ele tocava com a alma. A resposta, vou levar para sempre:
Eu toco de corpo e alma. Há alguns anos, estive na UTI de um hospital. Quando saí de lá, fui com a seguinte energia: toda vez que toco, é como se fosse a última vez. Tocar o melhor de mim, no sentido de aperfeiçoar a qualidade do que faço. É difícil guiar um show de percussão que não tenha a ideia de que quem toca mais alto ou de quem toca mais rápido. Quero fazer música com percussão. Acredito que a percussão tem o poder da imagem. Pelo som, eu posso levar você para qualquer cenário do meu país.
Naná Vasconcelos, percussionista
Seu legado é a sua maior herança. Descanse em paz, Naná.