Música e cinema se juntam em clipes e curtas de cantores brasileiros
O rapper Filipe Ret e a cantora Manu Gavassi lançaram projetos similares nas últimas semanas
atualizado
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Da época dos clipes na MTV ao auge do YouTube, o mercado musical tem seguido uma linha tradicional em fazer vídeos que tenham a função de ilustrar e com duração parecida com a música lançada. No entanto, alguns artistas brasileiros têm flertado com uma nova tendência do mercado e usado o espaço visual de seus produtos em formato de curta-metragem, seja ele com caráter social ou entretenimento.
Contagiado pelo momento vivido no cenário político do Brasil e engajado em dar espaço para causas sociais, o rapper Filipe Ret traz um curta inspirado em seu último single, Cidade dos Anjos. O projeto audiovisual, com direção de Samuel Costa e roteiro de Ayana Amorim e Juliana Jesus, traz temas como representatividade negra, abandono paterno, além de questões sanitárias e do subemprego no país.
“Acho importante dar visibilidade a essas causas. É um filme que é pra ser visto com um tempo e uma sensibilidade diferente. Estou muito feliz de fazer um trabalho numa frequência tão sensível. Foi muito bacana ter contado essa história, espero que seja mais natural a gente contar, porque é a história do nosso país”, ressaltou Ret.
Com pouco mais de oito minutos, o filme acompanha a história de duas “Marias”, ambas interpretadas por mulheres negras, uma matriarca e empregada doméstica e sua filha, que é mãe solteira e batalha para completar os estudos na faculdade, história comum de muitas famílias brasileiras.
“O filme fala das crianças pretas, esse afropresentismo que é latente, e que vidas negras importam de fato. A partir do momento que mulheres pretas podem contar suas histórias, e fazer com que elas possam tocar, acho que vai impactar muitas mulheres e Marias”, afirmou a atriz e roteirista Ayana Amorim, que protagonizou o filme.
Outro ponto ressaltado pelo cantor e pela equipe do filme, foi o papel do rap para promover a representatividade. “Foi muito importante o Ret ver o rap como meio para dar representatividade e como ele pode levar a mensagem para pessoas de diferentes classes”, ressaltou Ayana.
“Acho que o rap tem essa força de entreter bem, recuar e dar o papo reto. O cerne é a questão do egoísmo, a gente vive num tempo onde a tendência é sermos cada vez mais egoístas e eu já fui muito egoísta nas minhas letras, mas temos que exercitar o lado de pensamento coletivo. Esse lançamento faz parte da minha mudança”, completa Ret.
Sátira e entretenimento
O audiovisual como um todo mescla o dever de tratar de temas que precisam ser conversados e o entretenimento. Com uma jogada de marketing que movimentou as redes sociais, a cantora Manu Gavassi também aderiu ao formato de curta em seu novo clipe, Deve Ser Horrível Dormir Sem Mim.
Com o pseudônimo de Malu Gabatti, a artista fez uma sátira de cerca de 10 minutos, sobre os bastidores de uma gravação de clipe e mostrou um pouco do seu trabalho como diretora – atividade exercida pela sua personagem. Durante o curta, a cantora/diretora quebrava a chamada quarta parede para citar o que era necessário na produção de um clipe.
No filme, que contou com a presença de Gloria Groove, Chay Suede e Laura Neiva, a cantora mostrou também que o formato pode ser uma alternativa aos clipes tradicionais e a chance dos artistas mostrarem outros lados de seus trabalhos.