MP arquiva investigação de apologia ao crime contra funkeiros
MC Maneirinho e Cabelinho foram intimados em outubro do ano passado para prestar depoimento sobre a música Migué
atualizado
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O Ministério Público do Rio de Janeiro decidiu pelo arquivamento da investigação de apologia ao crime na música Migué, de MC Maneirinho e MC Cabelinho. Os funkeiros foram intimados em outubro do ano passado e prestaram depoimentos sobre as acusações.
A decisão do arquivamento foi acolhida no último dia 9, pela juíza Maria Tereza Donatti, do 4° Juizado Especial Criminal do Rio de Janeiro, após parecer da promotora Renata Silvares França Fadel.
Segundo o advogado de Maneirinho, Paulo Joiozo, “a música somente teve a intenção de mostrar a realidade das favelas no Brasil e que a letra não faz menção a nenhum fato criminoso e se restringe a narrar uma situação hipotética e indeterminada”.
Maneirinho comemorou o arquivamento da investigação: “Agradeço primeiramente a Deus e depois a todos os artistas que, de alguma forma, nos apoiaram. Tô feliz que esse processo foi arquivado. Tem uma diferença enorme entre quem comete crime e quem fala de um fato. As coisas estão aí… acontecendo… e elas são interpretadas de diversas maneiras. Às vezes, num filme, numa novela, numa série e numa música também. E nada mais justo que quem viveu, viu de perto, e já teve familiares vítimas dessa guerra, ter a liberdade de contar um pouco dessa história. Relatar um fato não é apologia”.
Maneirinho ainda destaca: “A gente aqui é MC de funk. E o funk nos permite essa liberdade, é nosso, é do gueto. Não tem como a gente falar que a garota de Ipanema é linda e cheia de graça se a gente não nasceu em Ipanema. A gente nasceu lá em cima. Só quem já viveu lá em cima sabe a realidade do nosso dia a dia”.