Mestre da Bossa Nova, João Gilberto foge de credores e é interditado
Filha do músico, a cantora Bebel quer obter a tutela provisória de seus contratos e movimentações financeiras
atualizado
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A situação atual de João Gilberto, de 86 anos, não faz jus a sua carreira artística. Um dos maiores mestres da Bossa Nova, o músico optou por uma vida reclusa, está cheio de dívidas e foi interditado pela filha e cantora Bebel, de 51 anos, que quer obter a tutela provisória de seus contratos e movimentações financeiras.
De acordo com a reportagem da revista Veja, a notificação da interdição não foi entregue ao músico porque ele sequer abre a porta de seu apartamento no Leblon, bairro nobre do Rio de Janeiro (RJ), para os filhos e para os agentes da justiça.
A notificação se faz necessária porque João Gilberto terá que passar por um exame pericial que visa afirmar se o músico tem capacidade de fazer sua gestão pessoal, patrimonial e financeira. Ao que se sabe, ele vive no apartamento com uma moçambicana chamada Maria do Céu Harris.Quase miséria
De acordo com os advogados de Bebel, o objetivo da interdição é “pôr fim aos negócios temerários que João vinha sendo orientado a firmar, que resultaram na atual condição de quase miserabilidade do artista”.
Para obter vitória no processo, Bebel mostrou fotos na justiça que mostram a casa em más condições, com banheiro imundo, parede cheia de infiltrações e excesso de louça suja na cozinha. Mesmo o músico não parecia nada bem: ele não pesava mais de 55kg, tinha unhas compridas e cabelo desgrenhado.
A situação se revela ainda pior quando se trata das dívidas de João Gilberto. O músico está sofrendo um processo de despejo de seu atual apartamento por não pagar cerca de R$ 160 mil em aluguéis, condomínios e IPTU.
Além disso, o artista está sendo processado por ganhar em cima de shows que nunca realizou. Em 2011, quando fez 80 anos, ele anunciou cinco espetáculos pelo Brasil – todos cancelados por motivos de saúde. Mesmo assim, não devolveu o dinheiro. A justiça do Rio de Janeiro obrigou, então, que o músico pagasse R$ 1,26 milhão pelo calote.