Mamonas Assassinas do sertanejo: dupla Zé Barrero & Catuaba faz sucesso com clipes irreverentes

O bigode grosso, as fantasias caricatas e as canções irreverentes nada têm a ver com os chapéus e botas de bico fino que fazem sucesso no mundo sertanejo. Fugindo das tradicionais letras que falam de desilusões amorosas, a dupla Zé Barrero e Catuaba tem feito sucesso na internet com músicas escrachadas e clipes recheados de humor.

Fazendo referências ao universo gay, o vídeo “O Lobo e o Frango” conta a história de um peão enrustido que se sente “aprisionado” e quer se libertar. Com homens sarados e sem camisa, o vídeo já teve mais de 1,5 milhão de visualizações no Youtube.

A ideia de usar sátiras no repertório, no entanto, é recente. “Quando começamos, há 15 anos, em Franca (SP), cantávamos sertanejo tradicional”, lembra Tales Fernando de Matos, de 32 anos, o Catuaba. Porém, o disputado mercado das calças apertadas e camisa xadrez fez com que a dupla desse uma guinada na carreira e, há um ano, assumisse um tom mais engraçado. A mudança surtiu efeito. Hoje, o número de shows realizados por mês saltou de sete para 15 e o valor do cachê cobrado por cada apresentação quadruplicou.

Eu vou chicotear o seu lombo
deixar marcas profundas em seu coração
Algemas, eu também usarei
como faz Christian Grey em sua imaginação

69 Tons de Cinza

Apostando na web, Zé Barrero e Catuaba investiram no figurino, capricharam na produção e caíram no gosto dos internautas. “Ao contrário de outros artistas do gênero, divulgamos nosso material com foco nas redes sociais. Hoje somos 100% internet”, conta Catuaba.

Enquanto eu me acabava nas aulas de língua portuguesa
O Roberto te ensinava mexer na chave inglesa

Singelo Mecânico

Apesar de fugirem das comparações com artistas conhecidos por usarem as sátiras como combustível para o sucesso, a relação com ícones do gênero é imediata. “Como adotamos um estilo de humor escrachado, as comparações com os Mamonas Assassinas são inevitáveis”, assume Catuaba, garantindo que eles se esforçam para se descolar da imagem popularizada pelo quinteto de Guarulhos. “Nunca foi nossa intenção imitá-los. Foi algo natural e que sempre fazíamos entre os amigos. Que bom que está dando certo”, comemora o músico.

Entrevista // Catuaba

A dupla sempre cantou sertanejo com humor?
Na verdade, não. Temos 15 anos de estrada. Começamos em Franca (SP) com o nome de Felipe e Carbone. Adotávamos um tom mais sério, mas sempre gostamos de fazer palhaçada e divulgar no YouTube. E esses vídeos faziam muito sucesso entre nossos amigos e familiares. Foi, então, que o nosso empresário sugeriu que adotássemos essa linha mais engraçada. Resolvemos mudar radicalmente e há um ano viramos o Zé Barrero e Catuaba.

E a mudança trouxe resultados rápidos?
Sim. Hoje já temos convites para realizar shows em diversas cidades de São Paulo, além de outros estados com Paraná e Minas Gerais. Antes fazíamos uma média de sete shows por mês. Hoje, fazemos um a cada dois dias. Além disso, o nosso cachê quadruplicou.

Como é feito o processo de criação das letras?
Todas as nossas letras são inéditas e escritas por nós mesmos. Eu e o Barrero sentamos, escolhemos um tema e começamos a compor. Depois introduzimos a melodia. Optamos por temas polêmicos, porque acabam chamando mais a atenção.

Como vocês lidam com as comparações com artistas como Mamonas Assassinas e Falcão?
É uma responsabilidade ser comparado com esses caras, mas nunca foi nossa intenção imitá-los. Sou muito fã dos Mamonas e sei que, como adotamos um estilo de humor escrachado, as comparações são inevitáveis. Mas queremos descolar dessas associações e mostrar o nosso trabalho.

Num momento tão politicamente correto, vocês já sofreram críticas por conta do humor ácido?
Claro. Acho que de 10% dos comentários nos vídeos são de críticas, mas a grande maioria gosta e entende que tudo não passa de uma brincadeira.

https://www.youtube.com/watch?v=lRHr7kZQBD8