Lobão: “Brasil tem tudo para mudar de paradigma em relação à cultura”
Experiente roqueiro carioca vem a Brasília neste sábado (24/11) para tocar no Churrasck’n’roll, marcado para acontecer no Mané Garrincha
atualizado
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Sempre que visita Brasília para fazer shows, Lobão se impressiona com a “atmosfera carregada e densa de poder”. Ou seja, lugar mais do que propício para o roqueiro trazer sua extensa bagagem musical e seu discurso político, ativo sobretudo nas redes sociais – durante as eleições, ele apoiou o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Ao lado da banda Os Eremitas da Montanha, o carioca é a principal atração do festival Churrasck’n’roll, marcado para acontecer neste sábado (24/11), no Estádio Nacional Mané Garrincha.
Lobão traz para a capital repertório do disco Antologia Politicamente Incorreta dos Anos 80 pelo Rock (2018), no qual passeia pela década mais elétrica da história brasileira revisitando canções de Legião Urbana (Geração Coca-Cola), Capital Inicial (Primeiros Erros), Ultraje a Rigor (Nós Vamos Invadir Sua Praia), Os Paralamas do Sucesso (Lanterna do Sucesso) e Cazuza (O Tempo Não Para), entre outros nomes clássicos.
Em entrevista ao Metrópoles, o cantor e compositor se diz otimista em relação à produção cultural em 2019, elogia a cena roqueira atual e delineia a importância da internet em sua carreira. “Sou um dos pioneiros”, diz.
Acho que um de seus últimos shows em Brasília foi no Porão do Rock, em 2013, certo? O que acha de tocar na cidade? Quais são suas impressões da capital?
Estive aí várias vezes depois do Porão para lançar livros, como Em Busca do Rigor e da Misericórdia – Reflexões de um Ermitão Urbano (2015), esse dos anos 80. Toda vez que vou, sinto aquela atmosfera densa e carregada de poder. Acho que esse é o grande diferencial para qualquer outra cidade. Já foi o berço do rock, e agora tem muito choro, com Hamilton de Holanda. É um estilo de que também gosto bastante.
Como deve funcionar seu show no Churrasck’n’roll?
O show é muito modular. A gente tem essas 25 canções do disco. Mas em cada show, dependendo da plateia, a gente demora uma hora e meia, uma hora e 45. Às vezes, duas horas e meia, três. Com bis e três encores. Varia bastante. Focamos nesse repertório dos anos 80.
https://www.youtube.com/watch?v=XxzwVNcGOGI
Você é bastante ativo nas redes sociais e se comunica constantemente com as pessoas. Qual a importância da internet para você?
Desde 1998, migrei praticamente todas as minhas atividades para a internet. Sou um dos pioneiros. Talvez a pessoa física de maior spread no Twitter. Uso muito. Vivo da internet. Meu lugar mais intenso de atividade para mostrar meu trabalho, falar o que quero, o que penso. Também uso muito Instagram, Facebook e Tumblr.
O que você acha da cena atual? Existe uma renovação no rock brasileiro?
Nós estamos prestes a ter um grande estouro novamente no rock no Brasil. Tem um aplicativo chamado Sound Club. Lá você vê mais de 6 mil bandas inscritas, mais de 30 mil downloads de vídeos para todo mundo ver. Segmento vem se expandindo a ponto de eu ter programa de rádio em rede nacional para fazermos um megafestival em 2019, com bandas de todo o Brasil. O rock está mais vivo do que nunca.
Esse evento vai ocorrer no intervalo entre Lollapalooza e Rock in Rio, para não ter colisão com eventos maiores. Vamos começar com programa semanal de rádio, TV e internet. No último mês, apresentamos convidados consagrados, como Elza Soares, Odair José, Nasi, Clemente, dos Inocentes, sempre com uma banda independente no auditório. No último mês de existência, antes do Rock in Rio, a gente vai utilizar cidades para tocar aqui em São Paulo. De repente show com uma banda grande, brasileira ou gringa.
https://www.youtube.com/watch?v=SNV53siAhtk
A gente espera fazer outra edição em 2020. A política do PT e do PSDB foi muito nociva para o rock no Brasil. Tentaram distorcer o que eu disse, que o rock terminou por causa do PT. Mas foi contraproducente. Hoje vivemos sintoma mais do que evidente de que temos uma cultura pujante do rock no Brasil.
O que acha do momento político no Brasil e o que espera da política a partir desse ciclo que se inicia em 2019?
Eu acho que nunca me flagrei tão otimista quanto agora. Brasil tem tudo para mudar de paradigma em relação à cultura, música, economia, liberdade de expressão. Teremos uma forte onda de diminuição da máquina pública, da interferência do estado tanto na economia quanto na política. Isso será propício ao rock’n’roll.
O rock ficou embarreirado por uma política cultural muito autoritária. Tem tudo para aflorar no Brasil coisas espetaculares. Oportunidade de empreendimentos de excelência na música, na economia. O mérito de quem estiver fazendo coisas legais vai ser recompensado.
Churrasck’n’roll 2018
Sábado (24/11), das 15h à 1h, na área interna do Estádio Nacional Mané Garrincha (acesso pelo portão 5). Ingressos (preços de meia, mediante doação de 1kg de alimento não perecível): R$ 60 (pista), R$ 140 (pista com consumação) e R$ 240 (open bar). À venda na Bilheteria Digital e nas lojas Koni. Até 15 anos (acompanhado pelos pais): entrada franca para a pista. Informações na página do evento no Facebook. Classificação indicativa livre (menores de 18 anos somente acompanhados pelos pais)
Programação do festival:
15h – Início
15h20 – Nunca é Tarde (autoral)
16h10 – Sargento Pimenta (tributo aos Beatles)
17h10 – Women in Rock (clássicos do rock)
18h10 – Galões de Diesel (autoral)
19h – Ledbetter (tributo a Pearl Jam)
20h – Drag Queen (tributo ao Queen)
21h – Marimbondo (autoral)
21h50 – Lobão & Os Eremitas da Montanha
23h40 – Pista de dança “TomaRock” com o DJ Diego Rastichong (Transamérica FM)