Livros e filme revivem black music nos dançantes anos 1970
Quarenta anos depois, o movimento musical inspira desde o cantor Criolo aos DJs brasilienses que animam festas como Melanina e Makossa
atualizado
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Na sexta (11/9), os DJs brasilienses Chicco Aquino, DJ A, Hugo Drop e LM em Es4uadrilha vão promover um passeio pelas mais dançantes sonoridades da black music. Será durante a Arte Flow, marcada para ocorrer no Estádio Mané Garrincha a partir das 21h. Quem se esbaldar na festa e quiser depois saber de onde vem, afinal, o irresistível suingue desse gênero musical deve ficar atento. Dois projetos trarão à tona, em breve, o universo da música negra dos anos 70.
Um deles é motivado pelos 40 anos da banda Black Rio, completados em 2016. A comemoração terá direito a livro e documentário sobre o movimento black no Brasil. Batizado de Templo do Soul, o projeto vai relembrar desde os bailes do início da década de 1970, conhecidos como “Noite do Shaft”, até o fim do movimento, oprimido pela ditadura militar, em 1978.“Nós não conseguimos terminar o projeto porque, a cada dia, surge uma nova história. Agora, por exemplo, está rolando um revival do soul. Em Belo Horizonte, há uma turma que dança e usa os trajes dos anos 70 numa escola de dançarinos. É uma garotada de 12, 13 anos fazendo coreografias daquela época. É muito interessante. Esperamos, em breve, fechar esse material e lançá-lo”, diz Dom Filó, responsável pela coordenação artística e concepção de repertório de “Maria Fumaça” (1977), LP de estreia da Black Rio.
À sombra da ditadura
Enquanto o Templo do Soul não fica pronto, o público terá a chance de ler mais sobre a black music na próxima obra de André Diniz. Autor de “Almanaque do Samba” e “Noel Rosa – O Poeta do Samba e da Cidade”, André promete transformar em livro (ainda sem título) o doutorado que fez na Universidade Federal Fluminense. O tema e o movimento musical nos anos 1970, no Rio de Janeiro.
“Foi um movimento combatido pela ditadura e pela chamada MPB. Mesmo espremida, massacrada por críticas de todos os lados, a black music gerou um manancial de artistas que inspirou nomes como Criolo e Max de Castro e o funk de hoje”, explica o pesquisador que, nos próximos meses, também lança o livro infanto-juvenil “Pirulito”.
Criolo, aliás, fará um dos shows da Arte Flow. Além dele, vão tocar a dupla Tropkillaz (SP), Karol Conka (PR), Cachorro Magro (RJ) e o grupo Tribo da Periferia (DF). Em comum, todos eles e os DJs listados no início deste texto têm em comum o fato de serem seguidores de uma onda que começou a se formar quatro décadas atrás.
Ouça remix do DJ CHicco Aquino para “Terapêutica do Grito”, de Tim Maia, um dos mestres da black music setentista::
Foto: Divulgação