Kell Smith e MC Lipi homenageiam Paulo Gustavo com lançamento de Raro
Canção mistura o funk consciente e a nova MPB e será divulgada em duas versões: a primeira nesta sexta (30/7), com clipe no YouTube
atualizado
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“É uma obrigação artística refletir o seu tempo”, já dizia Nina Simone no fim da década de 1960. Do mesmo modo, Kell Smith e MC Lipi, representantes da nova geração da MPB e funk brasileiros, percebem a arte. Nesta sexta-feira (30/7), os cantores lançam Raro, single que fala de sentimentos comuns a muitos nesses tempos pandêmicos: amor, saudade e indignação.
“Nosso papel, cada vez mais, é representar as pessoas que nos ouvem. A indignação também nos une, assim como a dor, assim como o amor, assim como em pleno 2021 as pessoas ainda passarem fome e frio na rua. A música precisa ser real, precisa ser de verdade”, ressalta Kell Smith. “A nossa música quer ser um despertador. Muitas pessoas estão esquecendo de dar valor à vida”, completa MC Lipi, representante do funk consciente, hoje com mais de 130 milhões de streams em suas músicas.
Tributos
Tocados pelas perdas de 2021, Kell e Lipi reforçam em Raro o valor de demonstrar afeto e estar perto das pessoas que importam, enquanto elas ainda estão aqui. “Nós queríamos falar sobre esse tempo que é raro e de verdade custa caro. Ele passa muito rápido e a gente perde essas pessoas”, explica a cantora. Como exemplo, Kell cita em seus versos o humorista Paulo Gustavo, uma das mais de 500 mil vítimas da Covid-19 no país.
“Eu decidi citar Paulo Gustavo porque ele era um artista à frente do seu tempo. Imortal através da sua arte. Ele rompeu preconceitos e paradigmas. A comunidade LGBTQIA+ sabe disso, do quanto ele foi importante para nós, para nossa vivência, ao falar com mães de todo o Brasil. Então é uma perda insuperável para nós, uma dor irreparável. Cada vez que se vai um artista como Paulo, morre um pedaço de arte em todos nós”, considera Kell.
Além do comediante, a faixa também é carregada de referências a MC Kevin e à fragilidade da vida. “Acabei respirando uma ideia de que a vida é um sopro. Me tocou bastante [a morte de Kevin], foi como se tivesse partido um amigo. Porque ele era uma inspiração para muitos jovens da periferia, assim como eu, que por meio da música puderam sair de um caminho errado”, afirma MC Lipi.
Duas versões
Em busca de um público diverso, Kell e Lipi escolheram um caminho diferente para a divulgação de Raro e vão lançar duas versões da mesma canção. A primeira, com banda e estilo MPB, nesta sexta (30/7). Já a música com os beats do funk será apresentada em 13 de agosto.
“Decidimos ao invés de apenas misturar os nossos dois universos, o funk e a MPB, homenageá-los. A gente fez questão de fazer isso, mostrando a musicalidade que essas duas vertentes têm. Os clipes também se conversam, tem essa continuação. Nós queríamos contar essa história assim, sem anular nenhuma parte da gente”, conta Kell. “Fiquei feliz de entregar esse trabalho de corpo e alma”, conclui MC Lipi.