metropoles.com

Jukebox Sentimental: guia repassa discos e canções de Paul McCartney

Obra esmiúça, passo a passo, a trajetória de um dos nomes mais influentes da música no século 20

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Felipe Menezes/Metrópoles
felipe-menezes-840×554
1 de 1 felipe-menezes-840×554 - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

Então é Natal e você ainda não comprou o presente de amigo secreto ou aquela lembrança especial para a pessoa querida? Sem problema. Uma dica e tanto é “Masters – Paul McCartney em Discos e Canções”. Trabalho hercúleo realizado pelo jornalista paulista Claudio Dirani, a obra, um catatau com mais de 600 páginas, elucida e destrincha, passo a passo, o vasto trabalho musical dessa grande lenda do rock que, aos 75 anos, continua na ativa.

À primeira vista, o livro pode parecer cascata, ou seja, mais um daqueles lançamentos cansativos e pretensiosos de fã obsessivo. Mas não é. Especialista na carreira do ex-beatle e com autoridade de quem pesquisa a trajetória do artista há décadas, Dirani apresenta aqui um documento formidável de pesquisa da carreira de um dos nomes mais influentes da música no século 20.

“É um belo guia (inédito) para quem está descobrindo o universo da música deste ídolo de todos os ídolos”, escreve no prefácio da obra Marcelo Fróes, pesquisador, produtor musical e escritor.

Minucioso trabalho de pesquisa
Chama atenção o trabalho de pesquisa que perfaz 46 álbuns, entre registros de estúdios, discos ao vivo, coletâneas e obras experimentais conhecidas somente por quem é mesmo louco por Sir Paul McCartney. O livro pode ser lido de várias maneiras. Indo direto nas suas faixas afetivas criadas pelo artista, pesquisando os álbuns ícones da carreira do músico ou simplesmente seguindo a ordem cronológica dos lançamentos (de 1970 a 2016).

Antes de debruçar sobre as histórias, curiosidades e tretas por trás da gravação de cada álbum, Dirani contextualiza o leitor nos bastidores da vida de Paul naquele momento, trazendo depoimentos do próprio cantor ou de pessoas envolvidas no projeto específico, citando várias fontes.

Assim, sabe-se que quando Paul lançou a nostálgica “Let ‘em In”, em 1976, uma de suas faixas mais queridas, tinha acabado de perder o pai, Jim, e que a raivosa “Too Many People”, canção do segundo álbum solo, “Ram” (1971), era cheia de farpas direcionadas aos ex-colegas de banda, os Beatles, com quem travava na época uma guerra nos tribunais.

“Muitas pessoas pregando por aí / Aquele foi seu primeiro erro / Você teve sua grande chance e deixo ela se quebrar / E agora o que pode ser feito por você?”, canta cheio de rancor, citando a perigosa amizade entre Lennon e o advogado Allen Klein.

Outra passagem interessante do livro é como a figura de Elvis Costello – que viveu algum tempo em Liverpool – foi importante nas gravações de “Flowers In the Dirt” (1989), assinando quatro canções com o ex-beatle. Uma delas, o hit “My Brave Face”, que abre o disco. Aliás, uma das grandes proezas do novo parceiro foi convencer Paul a tirar do armário o lendário baixo Hofner, aposentado desde 1980, quando foi usado para o clipe de “Coming Up”.

“Elvis não se conteve e ainda requisitou o Rickembacker 4001s ‘porque ele gostava muito do som’ do contrabaixo utilizado nas gravações dos Beatles de ‘Rubber Soul’ em diante”, narra o autor.

Mas o grande achado de “Masters” são informações sobre as canções que não entraram nos discos de estúdios ou registros raros de cada álbum inéditos até hoje. Do baú de preciosas sobras que ficaram de fora de dois álbuns clássicos de Paul McCartney, nos anos 80, por exemplo “Tug of War” (1982) e “Pipes Of Peace” (1982), daria para gravar um terceiro álbum. Um verdadeiro achado para fãs de carteirinha.

Conheça a história por trás de três clássicos de Sir Paul McCartney:

“Live and Let Die”
Contratada para transformar em música o tema da novíssima aventura de James Bond – o primeiro com Roger Moore substituindo Sean Connery –, Paul não perdeu tempo. Depois de ler o livro de Ian Fleming, num sábado, já havia concluído o grosso da faixa ao piano no dia seguinte. A maior dificuldade foi lidar com o título, um trocadilho com o provérbio escocês: “Viva e deixe viver”.

A parte do reggae, a nova paixão dos McCartney, foi sugestão de Linda. A ideia era que a música, indicada ao Oscar de 1974, fosse cantada por Aretha Franklin, mas George Martin polidamente disse aos produtores do filme que, se a versão de Paul no vocal não fosse usada, dificilmente eles teriam a faixa.

“Ebony and Ivory”
Era um sonho de Paul trabalhar com Stevie Wonder, de quem era grande admirador há tempos. A chance pintou quando o ex-beatle resolveu gravar uma canção que pregasse a união entre as raças.

O verso mais famoso da faixa (“O ébano e o marfim vivem juntos em perfeita harmonia / Lado a lado no teclado do meu piano / Ah, Senhor, por que não a gente?”) foi inspirada no bordão do comediante inglês Spike Milligan, que costuma dizer: “Notas brancas, notas pretas… Isso é tudo o que você precisa pra fazer uma harmonia”.

“Litlle Willow”
Uma das canções mais singelas escritas por Paul McCartney, foi dedicada à memória de grande amiga, Maureen starkey, primeira esposa de Ringo Starr. Entre os Beatles, o baixista era o que melhor se relacionava afetivamente com parentes dos integrantes da banda.

O carinho que tinha por Julian Lennon, filho de John de seu primeiro casamento com Cynthia Powell, por exemplo, o fez escrever um dos maiores sucessos da banda: “Hey Jude”. Escrita em Montego Bay, na Jamaica, num momento de introspecção, a faixa seria usada pela imprensa britânica como acalanto para outra grande perda da época, a morte da Princesa Diana. “Cresça até o céu / Agora e sempre / Sempre será muito cedo, pequeno Salgueiro”, canta.

“Masters – Paul McCartney em Discos e Canções”, de Claudio Dirani
Sonora Editora, 640 páginas. R$ 89,90

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comEntretenimento

Você quer ficar por dentro das notícias de entretenimento mais importantes e receber notificações em tempo real?