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Jukebox Sentimental: Freda Kelly, a mulher por trás dos Beatles

Até então desconhecida, a secretária revela deliciosas histórias no documentário “Nossa querida Freda – A Secretária dos Beatles”

atualizado

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Freda Kelly 2
1 de 1 Freda Kelly 2 - Foto: Divulgação

Ela foi uma fã que teve a sorte de conseguir o posto mais desejado do mundo naqueles loucos anos 1960: ser a secretária dos Beatles. Mas quando Freda Kelly, aos 17 anos, aceitou o emprego não tinha tanta certeza assim do sucesso daqueles quatros simpáticos rapazes de Liverpool.

“O Cavern Club era uma mistura de desinfetante, frutas podres e suor. Dava pra ver que eles seriam famosos, mas não imaginávamos quanto”, lembraria, ela, seis décadas depois, no documentário, “A Mulher Por Trás dos Beatles” — atração deste mês na programação do Canal Bis em diferentes horários. “Ao entrar no mundo dos Beatles amadureci da noite para o dia”, admite Freda, que dedicou 11 anos de sua vida ao Fab Four, de 1961 a 1972.

Exibido no Festival do Rio em 2013, com o título de “Nossa querida Freda – A Secretária dos Beatles”, o filme é um achado para os fãs do grupo. Traz à baila, com simplicidade e despretensão, a típica trajetória daqueles personagens que tiveram o privilégio de participar dos bastidores de grandes acontecimentos da história, mas não se deixaram deslumbrar. Pelo contrário. Sempre mantiveram a discrição e a integridade profissional. Freda Kelly era assim.

Daqueles que orbitaram em torno do sucesso da banda de rock mais importante do mundo, como o produtor George Martin, o empresário Brian Epstein, o executivo Neil Aspinall, o assessor de imprensa Derek Taylor, Freda era até então a mais desconhecida. No entanto, ela guarda deliciosas histórias para contar.

Alguém da família…
Nascida em Dublin, na Irlanda, mas desde os 13 anos vivendo em Liverpool, Freda Kelly, que até hoje trabalha como secretária em Liverpool, era uma típica fã da banda quando caiu nas graças de Brian Epstein, o empresário dos Beatles. “Eu sabia que ele tinha algo diferente, mas não sabia o que, até o dia em que John Lennon me disse que eu estaria segura se ficasse sozinha com ele numa ilha deserta”, lembra, fazendo alusão ao homossexualismo do patrão.

O trabalho caiu como uma luva para a jovem porque ela fazia o tipo admiradora e não a fanática histérica. Encarando o trabalho com profissionalismo e dedicação, logo Freda ganhou a confiança e simpatia dos rapazes. E não apenas isso. “Houve histórias, mas não quero ninguém arrancando os cabelos… Isso é pessoal!”, desvencilha.

Divertidos são os episódios envolvendo os fanáticos fãs dos Beatles, que, no melhor estilo do filme, “Febre de Juventude” (1978) — sobre a esquizofrenia que foi a beatlemania –, a atormentava dia e noite com os pedidos mais insólitos, alguns deles atendido por ela. Certa vez, alguém lhe enviou uma fronha e implorou que Ringo dormisse nela. Ela devolveu a peça de cama dormida pelo baterista autografada por ele. Noutra ocasião, mandou pedaços da roupa de um dos integrantes que ela tinha guardada no guarda-roupa.

“Eu era também uma fã, pensava como uma fã”, explica em entrevista ao diretor Ryan White.

A relação de afeto de Freda Kelly com os familiares dos Beatles também vem à tona no documentário. Com o pai de George Harrison, por exemplo, ela aprendeu a dançar. Com Jim, pai do Paul, a beber. Era das poucas que entrava pela porta da frente da casa da sistemática Mimi, tia de Lennon. Em Elsie, mãe de Ringo Starr, ela encontrou a figura materna da mãe que perdeu quando tinha um ano de idade.

“Freda foi uma grande amiga dos Beatles. Freda fez parte da família e conhecia a família de todos. Ela era incrível”, agradeceu o baterista num rápido e tocante depoimento nos créditos finais do filme. Certa vez Lennon escreveu que sempre existia uma grande mulher por trás de um grande homem. Freda Kelly com certeza foi uma delas…

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