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Jukebox Sentimental: cinco discos para curtir o Carnaval

De registro históricos ao rock do Los Hermanos, a seleção promete acalentar os foliões

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É a maior festa brasileira e, se não for, é a mais animada e tão importante no calendário nacional que os mais exagerados costumam dizer que o Brasil só começa a funcionar, de fato, depois do Carnaval. Para os realistas e pessimistas, no entanto, nem depois dessa celebração pagã. Bem, a blague pode ser maldosa, mas, a julgar pela ginga cultural engendrada em nosso espírito folião, parece ser a mais pura, crassa e hedionda verdade.

Há pelo menos duas versões em torno da origem do nome Carnaval. De acordo com alguns especialistas, a palavra é oriunda da expressão em latim carrun novalis, referente aos carros com os quais os romanos abriam seus desfiles em épocas remotas. Outra explicação associa a expressão à religião católica e a festa da Páscoa, quando os fiéis faziam o carnelevale, ou seja, “tirava a carne” para dar o início da Quaresma.

No Brasil, o surgimento da festa remonta aos tempos do Brasil Império, quando, numa alusão inusitada entre o profano e o sagrado, pessoas sérias e outras para lá de avacalhadas, antes de mergulhar nas caretas solenidades litúrgicas iniciadas com a quarta-feira de cinzas, enfiavam a cara com tudo no entrudo. De origem portuguesa, consistia numa algazarra suja e brutal que enxovalhava a cidade com uma guerra de água, farinha, barro, fuligem, goma, lixo e até urina.

“Era uma brincadeira violenta, que não poupava velhos, mulheres, crianças e aleijados (…) com que as duas partes emporcalhavam a cidade e esta achava que a vida era assim mesmo. Era perigoso passar debaixo de uma janela: padres, policiais, autoridades, não importava o uniforme – quem se distraísse levava um balde ou jato de água escusa”, conta o jornalista Ruy Castro no livro Carnaval no Fogo. “Ao fim do Carnaval, grassavam pneumonias”, ironiza.

Trecho do filme Quando o Carnaval Chegar, com Chico cantando a música-título:

A folia abre alas pelo país
Bom, como Ruy Castro ainda sustenta em sua pequena obra-prima, com a ida da família portuguesa para a terrinha, no início do século 19, a nova elite brasileira começou a buscar inspirações em Carnavais mais requintados, como o de Nice, na França, e Veneza, na Itália. Já em 1840, por exemplo, já se fazia bailes a fantasias nos hotéis e teatro do Rio, em eventos animados por orquestras afinadas.

De repente, as ruas de todo o país eram tomadas por uma multidão de elétricos pierrôs, arlequins e colombinas, junto com os “zé-pereiras”, uma turba de gente batendo bumbos, caçarolas, latas ou qualquer coisa que fizesse barulho, então lideradas por um sapateiro português agitado que revolveu ressuscitar as farras que fazia em seus tempos de gajo em Portugal. Essencialmente um Carnaval do pobre, a algazarra foi um sucesso nos anos seguintes.

Mas, naquele início do século 19 o país, já era uma nação esmagadoramente africana, donde negros escravos e libertos também entraram na festa, apimentaram a folia com os vibrantes e criativos “cordões”, passeatas cheias de máscaras, fantasias, estandartes e tambores. Em alguns casos, por conta da rivalidade entre grupos, a pancadaria corria solta.

Bem, os clubes carnavalescos nasceriam neste contexto, com seus luxuosos carros alegóricos puxados por cavalos pelas ruas de algumas cidades do país. E, foi com a “civilização” do Carnaval, a partir da modernização do Rio de janeiro, no começo do século 20, que a festa ganharia sua primeira canção de encomenda, o clássico inigualável Ô Abre-Alas, da pianista e maestrina, Chiquinha Gonzaga. O resto é história…

Ô Abre-Alas – Chiquinha Gonzaga:

De lá para cá, as marchinhas de carnaval, sambas-enredos, axés e frevos que pipocaram Brasil afora ajudaram a construir a mágica em torno da identidade da festa. Caetano Veloso sabia o que estava dizendo quando escreveu numa de suas canções de 1977, Deus e o Diabo, que o “Carnaval é invenção do diabo que Deus abençoou”.

Mesmo assim, se você não estiver afim ou não faz o tipo que se embrenha de olhos fechados e coração aberto no meio da turba de foliões, preferindo a solidão do seu bloco solitário, segue a dica de cinco discos relevantes, não definitivos, claro, mas sentimentais, que homenageiam o Carnaval brasileiro.

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<b>Quando o Carnaval Chegar (1972) –</b> Trilha sonora do filme homônimo dirigido por Cacá Diegues, o disco, quase todo composto por Chico Buarque, traz alguns de seus grandes sucessos: Mambembe, Partido Alto, Bom Conselho, além da faixa título, sempre revisitada pelo gaúcho Humberto Gessinger. Tudo na voz de Chico, Nara Leão e Maria Bethânia
<B>Caetano... Muitos Carnavais (1977) –</b> Pintado de pierrô na capa, Caê faz bela homenagem à festa pagã. O disco contempla faixas como a excitante Chuva, Suor e Cerveja, A Filha da Chiquita Bacana, Atrás do Trio Elétrico e Um Frevo Novo
<b>Bloco do Eu Sozinho (2001) –</b> Neste disco, o carnaval ganha ares de romantismo melancólico num registro que marcou, para sempre, a carreira dos Los Hermanos. Sobressaem as faixas Todo o Carnaval Tem o Seu Fim, a bela Sentimental. Tão Sozinho e a gostosinha Mais Uma Canção
<B>Sassaricando e o Rio Inventou as Marchinhas (2006) –</b> Projeto concebido pela historiadora Rosa Maria Araújo e o jornalista Sérgio Cabral (o pai, gente), o disco duplo, produzido por Luís Filipe de Lima, é uma homenagem a era de ouro das marchinhas de carnaval do Rio de Janeiro. São clássicos de Lamartine Babo, Ary Barroso, João de Barro, o Braguinha, Mário Lago, e tantos outros, revisitados na voz irreverente de Eduardo Dussek
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Chiquinha Gonzaga (10 sucessos originais) – Mais fácil de ser encontrado nos canais virtuais, por motivos óbvios, a obra de Chiquinha Gonzaga é de vital importância para entender a gênese do Carnaval no Rio de Janeiro e no Brasil, como mostra a gravação destes 10 registros originais lançados em 2018. No repertório, está o grande sucesso: Ô Abre-Alas.

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Quando o Carnaval Chegar (1972) – Trilha sonora do filme homônimo dirigido por Cacá Diegues, o disco, quase todo composto por Chico Buarque, traz alguns de seus grandes sucessos: Mambembe, Partido Alto, Bom Conselho, além da faixa título, sempre revisitada pelo gaúcho Humberto Gessinger. Tudo na voz de Chico, Nara Leão e Maria Bethânia

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Caetano... Muitos Carnavais (1977) – Pintado de pierrô na capa, Caê faz bela homenagem à festa pagã. O disco contempla faixas como a excitante Chuva, Suor e Cerveja, A Filha da Chiquita Bacana, Atrás do Trio Elétrico e Um Frevo Novo

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Bloco do Eu Sozinho (2001) – Neste disco, o carnaval ganha ares de romantismo melancólico num registro que marcou, para sempre, a carreira dos Los Hermanos. Sobressaem as faixas Todo o Carnaval Tem o Seu Fim, a bela Sentimental. Tão Sozinho e a gostosinha Mais Uma Canção

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Sassaricando e o Rio Inventou as Marchinhas (2006) – Projeto concebido pela historiadora Rosa Maria Araújo e o jornalista Sérgio Cabral (o pai, gente), o disco duplo, produzido por Luís Filipe de Lima, é uma homenagem a era de ouro das marchinhas de carnaval do Rio de Janeiro. São clássicos de Lamartine Babo, Ary Barroso, João de Barro, o Braguinha, Mário Lago, e tantos outros, revisitados na voz irreverente de Eduardo Dussek

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