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Jukebox Sentimental: biografia conta trajetória do Planet Hemp

A obra Mantenha o Respeito regata uma das mais icônicas bandas dos anos 1990

atualizado

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Planet Hemp ainda com Skunk esquerda
1 de 1 Planet Hemp ainda com Skunk esquerda - Foto: Reprodução

Em novembro de 1997, o bicho pegou para os meninos do Planet Hemp. Após empolgar cerca de sete mil pessoas no Minas Brasília Tênis Clube, os seis integrantes da banda foram presos sob a acusação de apologia ao uso de drogas – maconha. A ação aconteceu depois que um delegado hipócrita e desocupado decodificou as letras das canções do grupo e deduziu de todos eram de alta periculosidade.

Mas o tiro saiu pela culatra. Além da publicidade gratuita recebida dias a fio, a revelia do perrengue de ficarem trancafiados, o Planet Hemp suscitou ainda debate em torno da legalização da maconha, assunto até então tabu. Tudo isso e muito mais agora pode ser conferido em Mantenha o Respeito, biografia da banda que acaba de sair pela editora gaúcha Belas Letras. O título, claro, faz referência a um dos sucessos da banda.

“O Planet é uma banda cheia de contradições, então foi necessário expor todos os pontos de vista para que o próprio leitor tirasse as suas conclusões”, conta ao Metrópoles o escritor e jornalista Pedro de Luna, autor da obra. “Parti quase do zero já que a maioria dos integrantes e ex-integrantes não possuía praticamente nada em seus acervos pessoais. Além das dezenas de entrevistas, reconstituí a cronologia da banda e seus principais marcos”, detalha.

Luta contra a demagogia
Brother de longa data de Marcelo D2 e companhia, De Luna vislumbrou a possibilidade de contar a história do Planet Hemp quando debruçou sobre outros projetos seus que falam da cena independente roqueira, entre eles, o livro Niterói Rock Underground 1990 – 2010. Mantenha o Respeito chega às livrarias dois meses depois da cinebiografia Legalize Já (2018).

“Temos pouca bibliografia musical no Brasil, sobretudo no rock independente e eu precisava ter a previsão histórica para encadear corretamente os fatos”, revela o jornalista, que acaba de participar de um livro sobre os 20 anos do Porão do Rock. “O livro Histórias do Porão foi lançado no festival deste ano, mas de forma bastante discreta. Iremos lançar de fato ao longo de 2019”, entrega.

Com quase 500 páginas, Mantenha o Respeito passa a limpo a trajetória do Planet Hemp em 60 extasiantes capítulos. Conta como a passagem de Seu Jorge pela banda o salvou de uma depressão braba e que antes de virar um dos rappers mais celebrados do país, Marcelo D2 ganhou a vida como porteiro de boate e camelô, filava sopão no centro do Rio e sua grande frustração mesmo era não ter se tornado um skatista de responsa.

O livro mostra ainda que a gênese do grupo resvala na figura de Skunk, o jovem negro Luís Antônio, filho de uma empregada com seu patrão, morto em 1994, aos 27 anos, em decorrência da AIDS. Antenado, descolado e urgente, foi ele que, após flertar com a galera do punk e integrar uma banda de rockabilly, bolou a ideia de formar o “Cypress Hill brasileiro”, alusão ao grupo de hip-hop californiano de Los Angeles.

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Pedro De Luna. Editora Belas Artes, 496 páginas, R$ 69,90

 

“Agora ficará mais claro entender como a vida dele era difícil, a dualidade de ser filho do patrão com a doméstica, ao mesmo tempo morando num apartamento confortável com o pai e visitando a mãe num cortiço. Sua vida familiar era desestruturada e ele encontrou na rua, nos amigos, quem o amparasse. A banda era o seu projeto de vida. Por isso que, após a sua morte, a madrasta pediu aos companheiros para continuar com o Planet”, destaca De Luna.

A formatação sonora que culminou na mistura de hip-hop, rock e MPB se deu com a entrada de Formigão (baixo) Rafael Crespo (guitarra), Bacalhau (batera) e Marcelo D2 fazendo dobradinha nos vocais com Skunk, substituído após sua morte por BNegão. Surgia assim uma das bandas mais polêmicas e influentes dos anos 1990, incendiando a demagogia vigente com hits como Legalize Já, A Culpa É de Quem? e Queimando Tudo.

Assim como os Raimundos, que misturavam com irreverência, forró e rock, o Nação Zumbi, que fundia maracatu à psicodelia nordestina, e ainda os Racionais MC’s, com sua miscelânea de hip hop com pegada roqueira e denúncia social, o Planet Hemp se tornaria uma das bandas ícones do país ao falar de nossas mazelas a partir do reboliço sonoro que trazia o rap aliado aos outros ritmos. A contribuição para o cenário musical brasileiro segundo o autor é imenso.

“Tanto no aspecto estético, ao fundir rock e rap, incorporar o DJ e colocar dois vocalistas soltos sem instrumentos, como também ao militar pela causa da legalização da maconha, da liberdade de expressão e pela defesa do pobre e do trabalhador oprimido”, defende.

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