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Jukebox Sentimental: as dores e dilemas do dia em que a música morreu

Há 60 anos, o rock ‘n’ roll quase desapareceu com a morte de três jovens ídolos no auge do sucesso: Buddy Holly, Ritchie Valens e Big Bopper

atualizado

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Ritchie Valens
1 de 1 Ritchie Valens - Foto: Reprodução

Foi há 60 anos e ninguém nem lembra mais daquele 3 de fevereiro de 1959, quando, destinos traçados num jogo de sorte, fez pensar que o jovem espírito rebelde do rock ‘n’ roll, no auge de sua efervescência, desapareceria com o trágico acidente que vitimou os artistas Buddy Holly, Ritchie Valens e J. P. Richardson, o Big Bopper. O episódio entraria para a posteridade como “O dia em que a música morreu”, como cantou Don McLean na clássica American Pie.

“Parece que deixaram o rock and roll padecer um pouco”, diria dois anos depois, Jerry Lee Lewis, um dos mais autênticos roqueiros dessa safra, ao perceber que o fim da estrada havia chegado para uma geração inteira de músicos pioneiros do ritmo. Isso porque, antes e depois do Beechcraft Bonanza B 35 se espatifar no solo próximo a Clear Lake, Iowa, o cenário era desolador.

Quer ver? Depois que o motor de seu avião virou uma bola de fogo, o endiabrado Little Richard trocaria os palcos pelo púlpito da igreja, enquanto que o rei Elvis Presley servia o país no exterior e Chuck Berry seria sentenciado a três anos de prisão por fugir com um adolescente. Todos no auge da carreira. O próprio Jerry Lewis estava todo enrolado com a justiça e a hipocrisia nacional norte-americana ao se casar com uma prima de… 13 anos.

Também estavam no auge da carreira as vítimas Buddy Holly, Ritchie Valens e Big Bopper, todos em excursão pelo país na grande turnê The Winter Dance Party, à época do acidente. Naquela noite, cansados de esfriar o traseiro no banco de um ônibus, o grupo de artistas resolveram cotizar o aluguel de um avião que seria pilotado pelo jovem de 21 anos, Roger Peterson, que, embora habilitado para o trabalho, não tinha experiência para voos noturnos.

O folclore em torno do episódio dá conta de uma discussão minutos antes da decolagem para decidir quem ocuparia as duas outras vagas junto com o piloto e o líder dos Crickets, Buddy Holly, autor da ideia do voo fretado. Vocalista da banda Dion and The Belmonts, Dion DiMucci se revoltou com o valor de US$ 36 por cabeça e declinou da viagem. Diante do impasse, Holly cederia os lugares aos músicos, Jennings e Allsup, que o acompanhavam em sua carreira solo.

Bastante gripado, Big Hopper pleiteou uma das poltronas da pequena aeronave e conseguiu, cabendo ao roqueiro de origem mexicana, Ritchie Valens, tentar sua sorte no cara e coroa. “Eu espero que seu avião velho caia”, disse o músico Waylon Jennings ao amigo Buddy Holly, numa frase que o assombraria pelo resto da vida. “Por anos eu pensei que tinha causado aquilo”, lembraria décadas depois Waylon, que viria a ser um respeitador cantor country.

Promessas interrompidas
De certa forma, o fatídico desastre aéreo marcou o fim de uma era dourada do rock ‘n’ roll, ceifando nomes promissores no auge da criatividade. Essa página da história pode ser conferida em alguns registros documentais e ficcionais. Em 1999, por exemplo, quando o triste episódio completou 40 anos, o canal VH1 exibiu a série Behind The Music. O mais famoso entre os três mortos, Buddy Holly foi o que mais ganhou destaque de lá para cá.

Idolatrado por George Harrison e John Lennon, que até inspirou o nome Beatles em homenagem ao ídolo e sua banda os Crickets, o “nerd” Holly sempre foi um jovem artista autêntico e criativo na vanguarda do sucesso. Autor de hits marcantes como “Peggy Sue”, “Not Fade Away” e “That’ll Be The Day”, ao longo de seus 22 anos foi um dos primeiros astros independentes do rock, compondo suas canções e gravando e produzindo seus discos.

Com a curta trajetória de 17 anos imortalizada no filme La Bamba (1987), um clássico do gênero, Ritchie Valens tem grande importância no pop rock universal ao ser pioneiro na fusão de elementos da música mexicana e norte-americana. O virtuoso guitarrista Santana que o diga. Sucesso planetário, a canção La Bamba nasceria de releitura oportuna de canção folclórica do país vizinho, que ele escutou durante viagem que fez à cidade de Tijuana.

Aliás, Ritchie Valens também inovou ao romper as barreiras do preconceito racial, mesmo que de forma espontânea, ao montar, em meados dos anos 1950, uma das primeiras bandas multirraciais da América, os Satellites, formada por dois negros, um americano de origem hispânica, ele, e outro de ascendência nipônica.

Mais conhecido por sua carreira como compositor, J. P. Richardson, o Big Bopper, estava começando a desfrutar do sucesso como rock star quando morreu, aos 28 anos. Conhecido pelo grande sucesso da dançante, Chantilly Lace – também gravada por Jerry Lee Lewis – tinha espírito empreendedor, sendo uns dos primeiros músicos a falar sobre a criação de “vídeos de músicas”, mais conhecidos no futuro como clips. Enfim, três perdas irreparáveis.

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