Johnny Hooker lamenta pressão para viralizar: “A arte não é assim”
Nas últimas semanas, cantor desabafou sobre as dificuldades enfrentadas por artistas por causa da pandemia e novas tendências de consumo
atualizado
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Nome novo no cenário do pop nacional, Johnny Hooker ganhou projeção em 2014, ao estrear como ator em Geração Brasil, da Globo, como o músico Thales. Além de atuar, o pernambucano fez parte da trilha sonora da novela com Alma Sebosa. Era o início de um momento promissora do artista no mainstream — com direito a mais faixas em novela, dois discos de platina, três álbuns lançados e numerosos clipes e singles. Tudo ia bem até a pandemia inviabilizar a continuidade de shows e a forma de consumir música mudar com as redes sociais.
Confira a entrevista na íntegra:
Há pouco mais de uma semana, Johnny usou o Twitter para desabafar sobre o desempenho de Cuba, seu single mais recente. Nas primeiras 24h, foram apenas 13 mil streams no Spotify, uma performance modesta dado o público que o cantor atingia antes da pandemia. Na sequência de microtextos, o artista chegou a dizer que pensava em encerrar sua carreira na música, por faltar demanda para o seu trabalho no Brasil.
“O momento é muito ruim. Vários artistas estão indo para as redes se pronunciar sobre esse momento, não só aqui no Brasil como fora dele também. Artistas grandes, como Anitta, como Halsey, Florence. Na pandemia, a gente teve que parar, mas o poder econômico não para e a gente não faz parte desse poder. Estou me referindo aos grandes conglomerados de empresas, ao agronegócio que aqui é muito forte. Então a gente saiu de 2019, que era quando a gente tinha alguma entrada, e voltou pra um cenário em que parece que as portas todas se fecharam”, comentou Johnny, em entrevista ao Metrópoles.
Como o próprio artista citou, seu desabafo ocorreu na mesma semana em que Halsey abriu o jogo sobre a pressão que tem sofrido por parte de sua gravadora para viralizar no TikTok, sob a pena de deixar canções que gostaria muito de lançar para trás, por falta de apelo. Além da cantora norte-americana, artistas como Anitta, Adele, Florence Welch, Zara Larsson, FKA Twigs e Ed Sheeran também expuseram queixas semelhantes, chamando atenção para a imposição da presença de artistas no app e os motivos pelos quais muitos deles rejeitam a tendência.
“É uma música em um milhão e ainda é um trechinho de 15 segundos. Mas a arte não é assim, não é só sobre viralizar nem só sobre o poder econômico. É entretenimento, mas é arte também”, explica.
Jogo virou
O desabafo de Johnny surtiu efeito e, dias depois, Cuba já tinha um desempenho bem melhor nas plataformas de música. Ao completar uma semana de lançamento, a canção já havia ultrapassado a marca de 110 mil streams no Spotify, resultado que foi bastante comemorado pelo cantor.
Apaixonado pela cultura do estado que o projetou para o país, ele levou a nação caribenha para dentro da ilha de Itamaracá, onde gravou o clipe que acompanha a faixa. “Uma amiga nossa, que estava fazendo os figurinos, mora lá e falou: ‘Por que você não pega os amigos, a galera, a gente vai pra nossa ilha particular e grava esse clipe?”, revelou.