IZA sobre Gueto: “Fala da menina preta estampando vários comerciais”
Clipe exalta símbolos da periferia como a bandeira pintada no chão durante a Copa do Mundo, o orelhão azul, entre muitos outros
atualizado
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Um ano e três meses depois de anunciar o segundo álbum de sua carreira, IZA surge majestosa em meios a cenários coloridos e familiares do clipe de Gueto, lançado nessa sexta-feira (4/6), entregando a primeira faixa do novo trabalho. Como o título sugere, single e audiovisual cultuam as raízes da cantora, que nasceu no bairro de Olaria, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Em um dos trechos, IZA canta “sei o que tá reservado pra mim, grifes no meu camarim, mais um contrato pra mim, mama, eu tô no Plim Plim, yeah”, celebrando o espaço que ela conquistou com a origem a humilde, nos palcos e na televisão.
“Gueto é uma celebração de coisas incríveis que aconteceram, mesmo considerando 2020 e 2021 na nossa vida. É uma forma de celebrar todas essas conquistas e todos esses contratos. Quero que as pessoas saibam que Gueto não é sobre ostentação, é sobre ocupação. Sobre a menina preta da Zona Norte, retinta, estampando vários comerciais, que eu talvez nunca tenha visto uma preta estampar antes”, afirmou a cantora em coletiva de imprensa para apresentar o clipe.
Segundo IZA, apesar de ter se inspirado no próprio bairro, a produção foi realizada em vários cenários, para “proporcionar esse sentimento de pertencimento também para quem assiste”. “Queria muito desenhar esse gueto colorido que existe na minha cabeça e que existe. Eu sou da Olaria e eu lembro, sim, de um gueto colorido, bem cuidado, um gueto onde a gente não tinha medo de andar na rua, um gueto que era de lei fechar no domingo, não precisava nem avisar a prefeitura”, recordou.
“Ao mesmo tempo eu queria muito tornar esse lugar editorial. Por isso que a gente tem vários cenários. É um dos clipes mais lúdicos que eu já fiz, porque que eu queria que as pessoas enxergassem suas origens ali, que elas tivessem esse olhar de saudosismo quando vissem o clipe e lembrassem de coisas especiais que viveram nos seus bairros”.
IZA
Uma das cenas mais marcantes do trabalho mostra a cantora deitada sobre uma bandeira do Brasil pintada no chão, em referência à organização popular para a Copa do Mundo. IZA sugere que a ideia foi resgatar um símbolo que tem sido desapropriado do povo por motivações políticas. “Nossa bandeira é linda e é nossa. O nosso país é feito de brasileiros. Ele é construído por nós. Temos que ter orgulho de ser parte desse lugar”.
Dando start no novo trabalho dias depois de ser eleita pela revista Time como uma das líderes da próxima geração, IZA nega que tenha intenção de se tornar uma artista “mais politizada”, imprimindo mensagens ideológicas em suas canções. “Eu sou a bandeira. Só de estar ali, aparecendo no horário nobre, eu já to falando muita coisa”, afirmou.
“Delírio coletivo”
De acordo com IZA, Gueto é a “pontinha do iceberg” do que vem por aí. Embora ainda não tenha escolhido todas as canções e o título ainda seja um mistério, uma coisa é certa: o disco terá muito dancehall, R&B e trap. “Assim como em Dona de Mim (2018), vou passear or diversos ritmos musicais. É um álbum bastante brasileiro e que está com a minha cara”.
Embora tenha confirmado que o albúm terá parcerias inéditas, a cantora esclarece que não será dessa vez que o feat. com Sam Smith sairá, como os fãs especularam na última semana. “Foi um grande delírio coletivo, ‘vamo’ combinar? Ele me seguiu na semana do lançamento. Aí eu mudei a minha foto e o homem não me muda a foto junto?!”, brincou ela. “Fiquei com medo dele achar que eu tava stalkeando ele e me parar de seguir. Brasileiro não tem limite, né? Entrava nas fotos dele e só tinham comentários sobre eu e ele ali”.
A cantora ainda citou outra parceria que gostaria de firmar e que já está encaminhada: Ludmilla. “Ia amar fazer uma música com a Lud. Na minha opinião, ela é a maior cantora negra desse país. É uma mulher que me inspira muito”, afirmou ela, em referência à Rainha da Favela.