Irmão de Emicida, Fióti celebra a música brasileira em “Gente Bonita”
Sócio da Laboratório Fantasma e agora cantor, o músico passeia pelo samba, baião e ijexá no trabalho de estreia
atualizado
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É comum relacionar o nome de Fióti (foto no alto) ao de Emicida. Além de irmãos, a dupla comanda o Laboratório Fantasma, coletivo-empresa-gravadora que gerencia a carreira de alguns artistas, entre eles, do rapper Rael e do próprio Emicida.
Agora, o nome de Fióti também estampa capa de disco. Cansado de só se focar no “business”, ele seguiu os conselhos de amigos e resgatou seu lado artístico, gravando o EP “Gente Bonita”.Remando contra a maré, o empresário-artista não gravou um disco de rap e não convidou o irmão para cantar em uma das faixas. Influenciado por sonoridades brasileiras, ele investe no baião, no samba, no samba-rock e no ijexá em músicas com participações bem especiais. Rodrigo Campos, Thiago França, Curumin, Anelis Assumpção e Juçara Marçal são alguns nomes que marcam presença no projeto, que também flerta com o reggae na música “Leve Flores”.
Em entrevista, Fióti contou detalhes sobre o “Gente Bonita”. Confira:
A sua história com a música é bem anterior ao EP lançado agora. Como começa essa relação?
A música está na minha vida desde a infância. Ouvia muito rádio e logo fui estudar no Sesi, onde aprendi a tocar trompete. Depois fui para o violino e, na adolescência, peguei umas coisas de percussão num grupo de pagode do qual fiz parte. Quando eu tinha entre 14 e 15 anos, participei do projeto Guri (programa sociocultural do Estado de São Paulo), quando tive lições de violão popular, instrumento que toco até hoje.
Por que você decidiu só agora gravar um EP?
Pessoas próximas me incentivaram bastante e eu estava cansado de focar minha carreira só no trabalho, no business (Fióti é vice-presidente do Laboratório Fantasma). Certo dia, uma amiga perguntou por que eu não externava meu lado artístico. No fim de 2015, peguei o violão e a vontade de fazer o EP se concretizou.
Quais referências musicais você levou para este projeto?
Eu não me inspirei em nada específico. As músicas são resultado de tudo que ouvi e li até aqui. A única “exigência” era que fosse um trabalho bem brasileiro. Gosto muito de ler Darcy Ribeiro, biografias de artistas e as histórias do jazz, do blues e do samba. Quase entrei na faculdade de história e admiro muito a área.
As músicas são todas suas com com parceiros?
Todas as letras de MCs e as músicas são minhas. Em “Obrigado, Darcy!” (Emicida / Rael / Nave), fiz novos arranjos. “Leve Flores”, parceria minha com Coruja BC1, tem uma história curiosa. O EP estava quase pronto quando o Coruja, músico incrível do interior de São Paulo, mandou a letra do Emicida, que me mostrou. Eu só ia gravar cinco faixas no projeto. Mas a gente virou a madrugada lapidando a canção, que acabou tornando-se a sexta faixa. Já tinha tentado fazer um reggae, mas não tinha dado certo. Fiquei feliz com o resultado.
“Gente Bonita” tem uma capa bem especial. Conte a história dela.
É uma homenagem às capas dos LPs da coletânea “MPB” da Abril Cultural. São discos que tenho até hoje e que retratam uma fase importante da música brasileira. E como o EP tem uma sonoridade brasileira, pensei que tinha tudo a ver. Antigamente, os LPs vinham com as histórias dos cantores e compositores e isso se perdeu. Também era comum colocar os sucessos que já tocavam nas rádios na capa dos discos. Inspirados nisso, fizemos o mesmo. A ideia é mostrar que o rap e o Laboratório Fantasma iniciam um novo capítulo na história da música brasileira.
Como está a agenda de shows? Como você fará para conciliar a carreira de cantor com a de empresário?
Não quero largar o business. Gosto muito disso e vamos ver como o projeto do EP caminha, sem pressa. O disco do Rael (artista da Laboratório Fantasma) está sendo gravado e, em julho, o Emicida sai em turnê internacional. Quem sabe se por volta de agosto ou setembro, eu consiga fazer algumas apresentações.
Disponível no Deezer, iTunes, Napster e Spotify.