Ian Coury, bandolinista de 15 anos, estreia quarteto no Clube do Choro
Brasiliense se desprende do choro para passear por temas de jazz, samba-jazz, MPB e rock. Shows são quinta (24/8) e sexta (25/8)
atualizado
Compartilhar notícia
Ian Coury é apenas um garoto. Tem 15 anos, frequenta o primeiro ano do Ensino Médio de manhã e, à tarde, se desdobra em atividades extracurriculares. Fora do colégio, ele consolida, aos pouquinhos, carreira como um dos bandolinistas mais talentosos da cena instrumental.
Nesta quinta (24/8) e sexta (25/8), ele volta ao Clube do Choro para estrear o novo projeto: um quarteto com Farlley Derze (piano), Igor Diniz (baixo) e Sandro Araújo (bateria) – os três mais velhos que Coury (bandolim de 10 cordas).
O repertório trafega por músicas autorais e temas de Tom Jobim, Hermeto Pascoal, Hamilton de Holanda (maior bandolinista brasileiro e referência próxima do garoto) e Erik Satie, entre outros nomes de variados estilos.
“Meio que sou representante do choro, mas não sou chorão, né, mãe?”, diz ele, buscando uma confirmação de Claudia, servidora pública aposentada e produtora do músico. Coury criou o quarteto no início de 2017 com a ideia de registrar no palco uma recente abertura estética para outras vertentes musicais.
Jazz, MPB e rock: amadurecimento musical
Desde as experiências que viveu nos Estados Unidos, dos cursos de verão na conceituada faculdade Berklee, em Boston, instituição na qual sonha em se formar, à noite em que improvisou ao vivo com o saxofonista cubano Paquito D’Rivera, o garoto esticou os horizontes. Ele admite que “tem muita coisa pra ouvir”.
“Quando voltei, acabei criando o quarteto com essa miscigenação de estilos”, explica Coury, citando do jazz ao rock, passando por monstros sagrados da MPB. Em novembro, o grupo fará um show todinho de Beatles na Funarte.
“A banda não é mais regional de choro, que tem violão 7 cordas, pandeiro, cavaquinho e bandolim. O quarteto é outra coisa, é mais pop: bateria, baixo acústico, piano e bandolim”, reforça.
Gravação dos primeiros discos: ideia para 2018
Aos 15 anos, Coury se multiplica em três projetos simultâneos. Todos devem ganhar registro de estúdio em 2018. Além do quarteto, ele tem um EP (“Quintal Azul”, título provisório) gravado com o baixista Ebinho Cardoso, que mora nos EUA, só esperando ser lançado, e outro duo com Fernando César, seu professor de harmonia e principal incentivador.
“Comecei a tocar por causa dele”, lembra o adolescente, calculando que aprendeu pelo menos 80% do que sabe nas rodas do extinto Vila Madá, onde César, irmão de Hamilton de Holanda, promovia noites musicais.
Com passagens pela Escola de Música de Brasília e Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello (centro formador do Clube do Choro), Coury lamenta que a cena da capital tenha menos visibilidade que Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo. “Faltam casas de música. Fora a Lei do Silêncio e a crise, que não ajudam”, completa.
Coury, mesmo muito jovem, vê no choro um refúgio perene, ainda que vozes pessimistas digam o contrário. “Todo mundo fala que vai morrer, né? O próprio Jacob (do Bandolim) dizia na época dele. O César diz que cresceu ouvindo isso. E eu cresço com isso também. Meu berço foi o choro”.
Ian Coury Quarteto, com participação de Esdras Nogueira (saxofone)
Quinta (24/8) e sexta (25/8), às 21h, no Clube do Choro (Setor de Divulgação Cultural, Bloco G, Eixo Monumental, 61 3224-0599). Ingressos a R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). À venda na bilheteria do Clube (de segunda a sexta, das 10h às 18h; sábado, das 19h às 22h) e pelo site da casa. Não recomendado para menores de 14 anos