High As Hope: Florence and the Machine volta mais intimista em disco
A cantora produz um mergulho em medos e angústias, resultando em álbum delicioso de se ouvir
atualizado
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Pessoalmente, não acredito em fadas. Mas, quando tento imaginar esses seres místicos, minha cabeça é bombardeada por imagens de Florence Welch. A cantora e sua banda, Florence and the Machine, lançaram, nesta sexta-feira (29/6), o quarto disco da carreira: High As Hope.
O disco é, certamente, o mais intimista dessa grande cantora indie. Em June, canção que abre High as Hope, Florence debate o uso de drogas, suas angústias e medos. Tudo compartilhado com um amigo ou um amante: “Eu ouço seu coração batendo no seu peito, o mundo diminui até não restar nada”.
Hunger escancara: Florence usa esse disco para revisitar os próprios traumas. Ela volta a seu próprio distúrbio alimentar. “Aos 17 anos, eu comecei a me matar de fome. Eu achava que o amor era um tipo de vazio”, dispara a cantora para, em seguida, emendar: “Todos nós temos fome”.
Com batida folk, Florence apresenta uma das mais atraentes músicas do álbum: Sky Full of Song. Ao discutir o vazio sentimental e as falsas euforias, a artista resume essa nova proposta.
Há alguns anos, Florence largou o álcool e parece encarar o passado como uma mistura de arrependimentos e exageros. Se em 2015, ano de lançamento de How Big, How Blue, How Beautiful, ela se via em um barco destinado a naufragar, agora a cantora abandona esse passado e assume o controle da vida ao entender o próprio caminho.
Um caminho que, certamente, não é facil, cercado de dor e enfrentamentos. Em Big God, Florence deixa isso bem claro: “Às vezes, acho que as coisas estão melhorando, ai, elas ficam muito pior. Seria isso parte do processo. Bom, Jesus Cristo, isso dói”.
Ritmos de sempre
Florence and the Machine é daqueles grupos indies surgidos na primeira década do século 21 que conseguiu conservar a relevância após o boom do gênero. Muito se deve ao talento e ao carisma da vocalista.
Em High As Hope, Florence não busca sonoridades novas, há metais, percussão, folk e alguns flertes com o blues. Elementos apresentados nos três discos anteriores (em menor ou maior proporção) – Lungs (2009), Ceremonials (2011) e How Big, How Blue, How Beautiful (2015).
Nesse processo de autodescoberta pós-juventude, há pitadas de novidade. No fim do disco, surge No Choir, faixa que, já aponta o nome, traz Florence e um piano. Com sua linda voz, quase sussurra: “Eu reuni você aqui para me esconder desse vasto e inominável medo”.
Sem a mesma “animação melancólica” dos outros discos, High As Hope é um convite a conhecer melhor esse mulherão chamado Florence Welch.
Avaliação: Ótimo