Há nove anos, Zé do Pife atrai alunos com suas oficinas na UnB
O artista pernambucano, que adotou Brasília como casa, mantém no ICC Norte um local para perpetuar a arte tradicional nordestina de tocar pífano. As oficinas são abertas à comunidade e custam R$ 60
atualizado
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Francisco Gonçalo da Silva é o nome de um dos mestres da cultura nordestina mais conhecidos no Distrito Federal. Originário da cidade de São José do Egito, em Pernambuco, Seu Zé do Pife encontrou em Brasília um refúgio em 1993. Segundo ele, Brasília foi o melhor lugar por onde já passou, onde se sente bem e feliz. “Brasília é a minha mãe, me acolheu”, comenta.
Desde então, ele aqui vive da sua arte, compartilhando conhecimento em escolas, praças e na Universidade de Brasília. No campus, o mestre de 73 anos, mantém uma oficina de música mesmo depois de encerrado o convênio (entre 2007 e 2014) que mantinha o Projeto Oficina de Pífano, desenvolvido pela Diretoria de Esporte, Arte e Cultura (DEA).
Parceria informal
Segundo Max Müller, funcionário do DEA e coordenador de projetos à época, por questões políticas, econômicas e administrativas, parcerias que envolvem participação externa não acontecem mais formalmente. Seu Zé não esmorece, continua sua missão. “Ensino pífano, zabumba, ganzá, pandeiro, reco-reco e triângulo”, explica Seu Zé.
De segunda a sexta, das 10h às 16h, na entrada norte do Instituto Central de Ciências (ICC), é possível ouvir o ritmo do forró, do frevo, do xote… Mesmo sem o laço formal, o relacionamento do músico com a UnB já dura nove anos. Durante todo esse tempo, Seu Zé coleciona aprendizes.
Zé do Pife e as meninas
Um exemplo desse sucesso é a banda Zé do Pife e as Juvelinas. O grupo, que ganhou repercussão nacional, surgiu durante o convênio para realização do Projeto Oficina de Pífano. Mas as oficinas continuam dando frutos, como a recente criação do grupo As Meninas do Juá — composto por Bruna Wazlawosky, Laura Dorneles, Camila Behrens, Caroline Reis e Debora Samella.
Estudante do ensino médio no Centro de Ensino Médio da Asa Norte (CEAN), Laura Dorneles diz que, como o colégio é muito próximo da universidade, ela vive bastante o ambiente. “O Seu Zé é o pai das Meninas. O cotidiano é muito cansativo e acho importante as pessoas desenvolverem as culturas do Brasil, relaxar e fazer algo diferente.”
“Uma raridade”
Muitos estudantes e funcionários da UnB também participam das oficinas. Mariana Grazziotti, estudante de Teoria Crítica e História da Arte, considera o músico uma raridade e um dos melhores professores da UnB.
“Vi nas oficinas do Seu Zé a oportunidade de praticar o que já era uma paixão. Ele me proporcionou isso na universidade, um espaço que não oferece muito convívio com mestres populares”, comenta. Hoje, além de aluna, Mariana atua como produtora em eventos de Seu Zé.
As oficinas do Zé do Pife ficam abertas durante todo o ano. Para participar, basta pagar o valor de R$ 60 pelo curso inteiro. Por esse preço, o aluno já adquire seu pífano.
Nesta quarta (27/4), haverá um encontro de sanfoneiros na entrada norte do ICC. O evento é realizado de maneira independente por músicos e artistas da UnB. Os artistas e as pessoas que quiserem participar devem apenas comparecer ao local às 12h, levando seu instrumento.
Oficina de Pífano de Seu Zé do Pife
Segunda a sexta, das 10h às 16h — diferentes turmas. Na entrada norte do ICC (Universidade de Brasília, Asa Norte). Valor: R$ 60 pelo curso inteiro, com direito ao pífano.