Gloria Groove vive metáforas e reafirma talento pop em Alegoria
A artista lançou álbum visual e canta novas faixas em um disco carregado de metáforas
atualizado
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Depois de pegar todo mundo de surpresa com o anúncio de Alegoria, seu novo álbum visual, Gloria Groove acompanha atenta a boa repercussão de seu projeto. A cantora – persona do artista Daniel Garcia – é uma das proeminentes figuras do cenário pop brasileiro: não à toa, ela reservou essa terça-feira (12/11/2019), dia de divulgação do EP, para atender a imprensa. “Um corre”, nas palavras dela.
Alegoria traz quatro faixas – Mil Grau, Magenta Ca$H, Sedanapo e A Caminhada. Cada uma delas contará com um clipe, até o momento, apenas Mil Grau teve o vídeo divulgado. As músicas, segundo a cantora, são representações de seus sentimentos: por isso o nome Alegoria – um conjunto de metáforas.
“Cheguei a esse nome quando decidi as quatro faixas do disco e consegui entender qual seria o fio condutor desta história. Pirei na palavra. Assim como eu, ela tem significado variado. Sou assim, tenho vários significados”, conta Gloria Groove ao Metrópoles.
No EP é possível também enxergar a mistura de sons que caracterizam a artista. Pop internacional, reggae, trap e rap se juntam e ganham a assinatura vocal da artista. “Isso tudo sintetiza o que eu penso e consumo. Claro que coloco esse meu jeito meio folgado nas músicas”, afirma a artista.
Assim como fez recentemente Pabllo Vittar, Gloria Groove optou por um trabalho mais enxuto, com poucas faixas. “A velocidade que as pessoas consomem as coisas mudou bastante. Tudo está ficando obsoleto muito rápido, todo mundo quer tudo rápido. Não posso nem falar nada, sou assim também”, reconhece a artista.
Porém, toda a velocidade exige de Gloria. Afinal, produzir um clipe para cada faixa dá um trabalhão. “Se propor a fazer um trabalho audiovisual é assumir o maior risco, a maior bronca e o maior sonho da sua vida. É isso… caramba, que orgulho que dá. Quando está pronto, você se reapaixona pela música. Amadureci muito”, enfatiza.
O grande ano
2019 está sendo um ano memorável para Gloria Groove. Além de Alegoria, a cantora participou do Rock in Rio e de programas de televisão e viu seu trabalho ganhar uma projeção incrível. Como ela diz na música A Caminhada, a artista está no GNT, linda, de Moschino, no sofá.
Eu estou conseguindo estabelecer um contato real com a minha arte, me impor como artista da música. Entender isso, sabendo que represento uma contracultura, e me encontrar nessa linguagem de drag é realizador
Gloria Groove
O orgulho da artista não é à toa. O ano de 2019 marca a ascensão política de projetos conservadores no Brasil, aumentando o temor de uma guinada nas políticas de inclusão da população LGBT. Mesmo assim, a drag queen tem conseguido destaque na indústria fonográfica. “A gente está vivendo tudo junto, as pessoas acham que, por termos nos popularizados, conseguimos romper a bolha. Não é assim, quando comecei a entrar no jogo, entendo como é o game. É preciso sangue frio e personalidade”, garante.
Justamente por conta desse cenário, Gloria Groove entende que hoje representa um modelo a vários jovens. “Olha o tamanho da responsabilidade, do que estou fazendo. Todo dia que eu me monto, sei que estou fazendo alguma diferença”, avalia.
Super-heroína
Artista multifacetado, Daniel encara Gloria Groove como uma decisão acertada na carreira. “Valorizo muito a ideia de que a Gloria Groove é uma super-heroína particular que me resgatou de um limbo no qual eu não sabia o que fazer com meu talento”, atesta.
Parte dessa superpersonalidade encontra respaldo em outra grande artista: a cantora Gina Garcia. A mãe de Gloria Groove atuou em carreira solo, cantando em bares, festas e formaturas, além de ser backing vocal do grupo Raça Negra.
“Vivi isso como filho único e vi todo o brilho da minha mãe cantando, em contraponto ao perrengue. Ela saia de um lugar para o outro, a gente vivia se mudando. Ela é figura mais incrível do mundo, o verdadeiro Deus. Enxergo a Gloria na figura dela, pois passo todo o meu afeto para uma cantora”, conclui.