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Funk ainda passa por legitimação simbólica, analisam especialistas

Pela primeira vez, o funk terá um Dia Nacional para chamar de seu, que é comemorado nesta sexta-feira (12/7)

atualizado

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Valesca Popozuda posa de blusa jeans e cabelos soltos - Metrópoles
1 de 1 Valesca Popozuda posa de blusa jeans e cabelos soltos - Metrópoles - Foto: Instagram/Reprodução

O funk é, sem sombra de dúvidas, um dos principais gêneros musicais do Brasil, como mostram números de plataformas digitais. Apesar disso, o ritmo ainda passa por uma legitimação simbólica, a mesma que o samba passou anos atrás, buscando aceitação social.

Em proposta aprovada pelo Senado Federal, o dia 12 de julho ficou marcado como o Dia Nacional do Funk. A data não foi escolhida à toa: Foi neste dia em que Renan da Penha tirou do papel o Baile da Pesada, festa conhecida como um marco na popularização do ritmo no país.

Muito mais que celebrar o funk, a data se tornou um marco para a legitimação simbólica do funk, como explica Dani Ribas, doutora em Sociologia pela Unicamp e consultora de planejamento e gestão de carreira na música, com base em análise de dados e tendências de comportamento de público.

Para a profissional, o samba se tornou um “elemento máximo de nossa identidade cultural” após seguir o mesmo caminho.

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Dani Ribas acredita que o funk está passando por uma legitimação simbólica e busca uma maior aceitação social
Para Taísa, o preconceito com o funk acontece muito mais com quem faz o gênero
Rebecca opina que o Dia do Funk demorou para ser criado, já que o funk é um "gênero nosso"
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Para Valesca Popozuda, a importância do funk jamais deve ser questionada

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Dani Ribas acredita que o funk está passando por uma legitimação simbólica e busca uma maior aceitação social

Patrícia Soransso
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Para Taísa, o preconceito com o funk acontece muito mais com quem faz o gênero

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Rebecca opina que o Dia do Funk demorou para ser criado, já que o funk é um "gênero nosso"

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“O funk já foi consagrado, já passou por esse processo de legitimação do ponto de vista de números de mercado. Mas do ponto de vista da aceitação social, desse estilo, ainda falta muito, porque as pessoas vêm com aquela crítica de que isso não é música, as letras são apelativas, mas tudo isso já aconteceu com o samba lá atrás, né?”, pontuou.

Para Dani, o preconceito a qual o gênero ainda é alvo está ligado muito mais à classe social onde ele nasceu do que à qualidade musical.

“Quando você vai em uma festa, nos festivais estrangeiros, na Europa, por exemplo, quando começa a tocar funk, o pessoal se descabela para caramba. Não existe crítica nesse momento de festa, muitas vezes com brasileiros brancos, de classe média, que podem pagar uma viagem pela Europa, mas que aqui no Brasil se defendem falando que o funk é um gênero menor e que não é música”,analisa.

“O que você não pode negar é a existência de uma expressão cultural de uma parte da sociedade que não tem nenhum tipo de alegria a não ser, na música, no futebol”.

Dani Ribas

Essa questão do preconceito também é abordada por Taísa Machado, diretora artística do #estudeofunk, um programa de aceleração artística que fomenta a cultura do funk carioca e profissionaliza artistas da nova cena musical. A especialista cita a questão racial, que atinge as pessoas que desenvolvem o ritmo, em grande parte pretas e periféricas.

“O funk é um formador de identidade, principalmente para as pessoas faveladas, periféricas, além de fazer uma manutenção de classe, porque a gente conquistou um lugar importante na música brasileira e desconstrói muita coisa”, declarou.

Ao comentar sobre a aceitação do funk nos dias de hoje, ela relembrou que o TikTok conta com muitos artistas dançando funk, até Patrícia Poeta dançou Marretada do Thor ao vivo, no Encontro, da Globo, e cantores internacionais se inspirando no gênero.

“Mas ainda existem muitos rótulos e muitos preconceitos, além de uma carga de que o funk é um subproduto cultural muito forte… Nós não somos um subproduto cultural, mas sim, um produto cultural de primeira classe”, completou.

O que dizem os artistas

Para Rebecca, que explodiu no funk, o gênero é algo cultural e serve como uma porta de entrada para muitos jovens que desejam conhecer o mundo da arte. “O funk é um gênero nosso, surgiu na favela, projetou o nome de muitos artistas nacionais. Vários jovens têm as suas primeiras oportunidades na música por meio dele, como aconteceu comigo”, disse.

A cantora ainda opina que o preconceito, citado por Dani e Taísa, foi o responsável por fazer com que o funk, de maneira bastante tardia, só tivesse uma data específica em 2024, apesar de carregar muita representatividade.

Valesca Popozuda é uma das referências quando o assunto é funk e, principalmente, no subgênero proibidão. Ela rechaça qualquer questionamento sobre a importância do gênero “O funk é um movimento cultural muito importante para o brasileiro, principalmente para o povo da periferia e o sustento de milhares de famílias e se tornou identidade de todo um grupo social”, completou.

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