Flávio Verne: o coreógrafo brasiliense que encantou Pabllo Vittar
Além da drag, o dançarino brasiliense que começou a carreira em Taguatinga trabalha com a popstar Luísa Sonza
atualizado
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Pabllo Vittar chegou ao exterior. A drag foi a primeira artista brasileira a se apresentar no Europe Music Awards (EMA), na edição deste ano, realizada em Sevilha, na Espanha. Ao lado da cantora, estava um brasiliense: o coreógrafo e diretor criativo Flávio Verne. O jovem de 26 anos saiu das ruas de Taguatinga Sul para trabalhar com estrelas do pop brasileiro.
Logo após o show na Espanha, Verne não conseguiu esconder a alegria por ter dançando no red carpet do MTV EMA 2019. “Ontem, eu vivi um dos dias mais especiais da minha vida. Nem sei dizer o quão feliz, grato, orgulhoso e emocionado estou. Cresci assistindo a essas premiações, fez parte da minha história! Estar lá, apresentando com a melhor artista brasileira, foi mágico”, disse o coreógrafo nas redes sociais.
Atualmente morando em São Paulo, Verne trabalha na equipe de Pabllo Vittar e de Luísa Sonza. Na Terra da Garoa, ele também atua em peças publicitárias. “A produção de conteúdo aqui é muito maior, temos mais oportunidades”, conta ao Metrópoles, ainda bastante empolgado pela presença no EMA 2019.
A trajetória de Flávio Verne até chegar ao estrelato começa nas ruas de Taguatinga: morador da região administrativa, foi por lá que começou a dançar. O início, aos 11 anos, deu-se em um grupo da região. Ainda de forma amadora, ele participou de festivais e torneios.
Em um deles, ocorrido em Brasília, o talento do rapaz foi notado por Wesley Messias, da Tribo Companhia de Dança. O diretor convidou Verne para integrar o grupo. “Eu tinha uns 15 [anos], quando comecei a dançar profissionalmente, mas ainda eram trabalhos esporádicos, formaturas, boates, casamentos. Muito legal, porém, ainda não era suficiente, queria coisas maiores”, relembra o bailarino.
Flávio conhece Pabllo
A ambição de Verne o levou para São Paulo, em 2015. Na capital paulista, o dançarino entrou no famoso “corre” da maior metrópole do país. Eram festas, campanhas publicitárias e, um nicho novo para ele, os videoclipes. “Aqui tem uma cena cultural muito agitada, comecei a trabalhar com alguns artistas e fui ficando conhecido nesse meio. Teve muita propaganda boca a boca”, brinca.
A mudança definitiva na trajetória do brasiliense veio por meio de um artista do sertanejo – gênero muito querido do público brasiliense. Coincidências à parte, Flávio Verne foi convidado para coreografar o clipe Paraíso, do cantor Lucas Lucco. No vídeo, o artista contracena com Pabllo Vittar.
Nos bastidores, Verne e Vittar se conheceram. Esse foi o encontro que mudou a vida do artista brasiliense. “Coreografei e fiz a direção de movimento do clipe. Lá, eu e ela nos conhecemos. A gente super se identificou, tanto na maneira de trabalhar quanto na nossa história de vida”, lembra.
Em seguida, Pabllo convidou Verne para coreografar sua participação em uma campanha publicitária da Coca-Cola. Mais uma vez a sintonia funcionou e a cantora chamou o bailarino, novamente: desta vez, no clipe de Problema Seu – música do disco Não Para Não (2018).
Depois disso, entrei para a equipe dela. Tem cerca de um ano que estou no time da Pabllo. Além de coreógrafo, também faço parte da direção criativa do trabalho, penso no mood do clipe, nas fotos do álbum, nas performances… Temos uma criação bem colaborativa. Trabalhamos bastante juntos
Flávio Verne, bailarino
A união com Pabllo Vittar, de fato, levou Flávio Verne longe demais. O bailarino brasiliense se consolidou como uma referência no mercado pop brasileiro, a ponto da empresária de Luísa Sonza pedir seu contato. A cantora também queria o coreografo na sua carreira.
“Eu já tinha trabalhado com a Luisa numa campanha. Quando ela viu o clipe de Problema Seu, entrou em contato e me convidou. A gente trabalhou juntos em alguns vídeos e eu entrei pra equipe dela”, comemora Verne.
Criação
Desenvolver uma coreografia, segundo o dançarino, é um processo que envolve diversas etapas: conversas, estudo, referências e muita prática.
“É complexo. A gente junta minhas ideias com o pensamento do artista. Pergunto se ele quer algo mais viral ou uma coisa mais elaborada. Depois, vou para o laboratório, com um assistente, e treinamos. Mudo, recomeço, testo novos caminhos… Mudo muito”, explica. “Mando para o cantor, a Pabllo e a Luísa sempre têm um feedback. Aí chegamos à versão final”, conclui.
Esse foi o processo da dança apresentada no EMA 2019. Para Flávio Verne, o show foi mais uma etapa de um ano que, de acordo com ele, tem sido de realizações. “Dirigi um videoclipe (Parabéns – Pabllo feat. Psirico), dancei na premiação, participei de turnê internacional. São coisas gigantescas, mas tenho certeza de que virão coisas maiores”, antecipa.
Cada vez mais focado na carreira de diretor criativo, Flávio Verne colhe os frutos da dedicação. “Minha trajetória mostra que é possível viver de dança. Claro que cada um tem uma realidade diferente, com oportunidades distintas. Mas, se você quer, joga para o Universo a energia certa e corre atrás”, encerra.