Fãs denunciam racismo e violência policial em show de Ludmilla
O caso teria acontecido no último domingo (11/6), durante a turnê Numanice, de Ludmilla, em Porto Alegre (RS); agentes negam
atualizado
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Ludmilla está rodando o Brasil com a concorrida turnê de pagode, Numanice. No último domingo (11/6), o show realizado no Parque Harmonia, em Porto Alegre (RS) não terminou bem. Ao longo desta semana, pessoas que estiveram na apresentação começaram a relatar casos de racismo e violência policial em suas redes sociais. As principais denúncias fazem referência as atuações da Polícia Civil, que tinha um posto montado no local, e da empresa de segurança contratada pelo próprio evento.
Eriane Pacheco afirmou ter sido abordada por uma policial à paisana que a acusou de ter um “comportamento suspeito”. A jovem disse só ter percebido que se tratava de uma ação policial coordenada, após um dos agentes mostrar o distintivo da Polícia Civil. “Chegou um momento em que oito policiais estavam em volta de mim e ninguém me explicava nada, só gritavam”, ressalta a mulher.
Eriane ainda disse ter sido empurrada e machucada pelos policiais, que também pegaram o seu celular. De acordo com o relato, ela só teve o celular devolvido após um dos patrulheiros verificar seus documentos. “Afirmo que foi racismo, porque eu era uma mulher negra saindo sozinha de um evento e isso foi considerado atitude suspeita. Não apresentei resistência e teria colaborado se tivessem me explicado o que estava acontecendo, foi traumatizante”, relembra Pacheco.
Outro relato de truculência policial durante o Numanice em Porto Alegre também mobilizou os internautas. Um rapaz diz ter sido retirado do show, algemado, e levado para uma sala onde foi agredido com chutes e tentativa de enforcamento. “Meu amigo chegou para tentar me ajudar e também detiveram ele. Ficamos mais de cinco horas algemados, e nos colocaram para dentro do camburão. Foi um dia de terror”, relatou o rapaz, por meio de vídeo publicado no Instagram. Assista ao relato completo aqui.
No boletim de ocorrência aberto após o ocorrido, os policiais alegam que o rapaz tentava invadir uma área exclusiva para influenciadores e causado tumulto.
Na quinta-feira (15/6), três dias após o show, Tassia Amorim ainda ostentava marcas pelo corpo do que ela garante ter sido fruto da violência de policiais e seguranças. Ela fez exame de corpo de delito. “Aconteceu comigo também. Fui retirada como marginal da área vip. Meu braço tem lesões pela truculência. Estou triste, mas estou buscando justiça”, relatou, também no Instagram.
Assembleia Legislativa
O caso chegou à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A deputada Bruna Rodrigues (PCdoB-RS) reuniu depoimentos de pessoas negras que dizem ter sofrido agressões e violências praticadas por policiais e agentes de segurança privada.
“O que aconteceu é um absurdo, mas é o praxe da polícia do Rio Grande do Sul, todo show que tem é a mesma questão, eles sempre vão em cima do mesmo perfil. O mais triste é que foi o show de uma mulher negra, houve uma mobilização linda da garotada preta daqui para prestigiá-la, mas faltou preparo da polícia. Estamos lutando pela criação de um protocolo para grandes eventos que lide com a questão racial, porque é inadmissível que isso continue acontecendo”.
Nota oficial da Polícia Civil
A 2ª Delegacia de Polícia Civil do Rio Grande do Sul, responsável pela investigação do caso, afirma que ainda está apurando detalhes acerca do que ocorreu. Autoridades ressaltaram ao Globo que a situação não aconteceu em decorrência de má-conduta de agentes de segurança contratados pela equipe da cantora Ludmilla, tampouco por atuação